A chamada terceira via, o agrupamento político golpista responsável pelo Golpe de Estado em 2016, continua sem deslanchar. A saída do ex-juiz parcial Sérgio Moro do Podemos para o União Brasil, hoje o partido mais reacionário da República, com raposas do DEM e PSL, não refletiu em competitividade para essa via.
João Doria, outra opção do regime burguês para tentar derrotar Lula, demonstrou fragilidade dentro do PSDB ao renunciar no início do mês sua candidatura à presidência e depois desistido da desistência. Essa jogada de Doria não agradou aos hoje apoiadores do ex-Governador do Rio Grade do Sul, Eduardo Leite, que pode ser o escolhido para ser o cabeça de chapa da terceira via para a presidência da República.
Articuladores de dentro do PSDB podem preterir a candidatura de João Doria em nome da de Eduardo Leite. O próprio Leite, em inserção na TV local do Rio Grande do Sul, adota um tom de pré-candidato a presidente. Pregando uma união nacional, diz que entende os motivos pelos quais a população vota em Bolsonaro (PSL) e no ex-presidente Lula. Cita o desempenho de seu governo, um esforço grande para pintá-lo como positivo, para dizer que o modelo poderá ser usado nacionalmente. Modelo este que é um verdadeiro desastre, um governo que seria pior do que o de Bolsonaro.
“Tem gente que é anti-Bolsonaro. Eu entendo. Tem gente que é anti-Lula. Eu entendo. Mas sabe do que o Brasil precisa agora? De gente como você, que é anti-miséria, anti-desemprego, anti-inflação, anti-violência, anti-desmatamento. Foi assim que nós do PSDB viramos o jogo no estado. Atacamos os problemas, e não as pessoas. Fizemos só um Rio Grande. Agora, é hora de fazer um só Brasil”, enfeitou Eduardo Leite, que passou todos esses anos apoiando o governo Bolsonaro e agora ensaia um oportunismo baixo contra a criatura que o grupo dele e do União Brasil criaram.
A relação de Eduardo Leite e João Doria continua recheada de falsidades e facas nas costas. Na última sexta-feira, 22 de abril, Leite declarou apoio ao ex-governador de São Paulo, Doria, na corrida presidencial. Doria, por sua vez, disse ter recebido a manifestação de “apoio” de Leite “com otimismo”, “uma prova de coerência e bom senso”.
Aliados de ambos os candidatos, no entanto, avaliaram que o recuo de Leite é tático devido à alta rejeição nas pesquisas do nome de Doria, que pode ser rejeitado pelo próprio PSDB paulista.
Eduardo Leite pode vir a ser o candidato dessa terceira via porque irá ser pintado de candidato ligado aos jovens, aos identitários, às comunidades LGBT, enganando um eleitorado pequeno-burguês da esquerda que ainda não entendeu, ou finge não sabê-lo, que Leite pode ser um candidato semelhante ao Gabriel Boric do Chile, um personagem nefasto que está a serviço do imperialismo com o objetivo de conter a revolta social e liquidar todo patrimônio nacional na presidência.
A burguesia abrigada no PSDB pode estar armando a exclusão de João Doria como terceira via presidencial para apoiar o jovem e reacionário Eduardo Leite, uma opção identitária, “moderna”, jovem e igualmente golpista nessa política da burguesia contra o Brasil.
