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Simone Tebet

Burguesia parte para uma definição da Terceira Via

Direita golpista tenta conter debandada do empresariado para Bolsonaro

A cada dia que passa, a vida está mais difícil para a chamada Terceira Via. Nessa semana, os caciques do PSDB, MDB e do Cidadania, partidos golpistas que tentam um projeto alternativo ao atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), escolheram a sua candidata: a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

A escolha da candidata, no entanto, não é unanime nem sequer no interior desses partidos, sendo que parte do PSDB e do MDB está com o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro desde sempre; ou seja, nem nos partidos que decidiram continuar com a terceira via há consenso. E ainda pior, esta ação da burguesia que mandou a terceira via para a UTI, foi acarretada por um “arranca rabo” interno digno dos grandes defensores da “democracia”, em que os patrões capitalistas não respeitaram nem mesmo as eleições internas do seu bloco que na convenção do PSDB (capachos por excelência do imperialismo), escolheu João Doria como candidato. 

Tal como a burguesia fez com Geraldo Alckmin (PSDB) no último pleito, jogando-o ao vento para ver se conseguiria crescer nas pesquisas, agora lançam Tebet. Pela lógica da burguesia, Simone teria uma rejeição mais baixa que a de Doria, considerando que a senadora é um completa desconhecida para o Brasil, e escancarando o desespero e o nível de crise interna.

Como explicou o presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, na Análise Política da Semana, o maior fator de crise da terceira via é que a burguesia de “carne e osso” (setores do empresariado nacional, políticos burgueses menores e etc.), junto com Aécio Neves e outros, se aglutinam a cada dia mais em torno de Bolsonaro.

Assim sendo, o grande problema que se coloca dentro do bloco da direita, será quem ficará por cima e por baixo.

Falando da burguesia internacional, geralmente o imperialismo debate quem será o candidato e apresenta aos setores menores nacionais. Porém, após o fator Bolsonaro crescer, com bases de empresários, ruralistas, de classe média, os capitalistas exteriores tiveram que colocar em seu calculo os fatores regionais, minoritários, e resultando nos bolsonaristas ficando com a faca e o queijo na mão.

Mas a burguesia não desistiu, pelo contrário, estão articulando o golpe da Terceira Via que pode ser a cartada final. Nas contas destes setores, os partidos que hoje ainda tentam a terceira via se vendem como anti-bolsonaristas e democráticos, colocando que os votos que por ventura consigam nas eleições serão tirados de Lula, e não de Bolsonaro. O abutre Ciro Gomes (do PDT, que tentou a vaga da burguesia e agora pretende ser o principal ladrão de votos de Lula), Leite (o Bolsogay do PSDB, que também não conseguiu a vaga), e quantos mais candidatos “civilizados” lançarem candidaturas para combater os extremos, mais votos da esquerda serão escoados.

No MDB, a situação também não é simples, parte do partido tenta garantir a reeleição apoiando o atual presidente. No caso de Tebet, logo após ser escolhida pelo partido como pré-candidata, veio com o lema identitário, típica política do imperialismo: “Mulher vota em mulher”. Se escancarou, assim, que a burguesia colocou o “Bolsogay” na balança de um lado e de outro uma mulher, e a conta não fechou. Esta é a mesma política utilizada pelo Partido Democrata nas últimas eleições de Joe Biden, enchendo de mulheres, é claro, inimigas da luta das mulheres em várias posições do governo para que a culpa caia sobre elas. Bem como, é preciso lembrar, negros, LBGTs, indígenas etc.

Vale ressaltar que Tebet é filha do ex-ministro da Infraestrutura do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Ramez Tebet (PMDB). O cargo no governo FHC levou o pai de Simone à presidência do Congresso Nacional em 2001, depois de três meses à frente da pasta, sendo, então, um dos cabeças da articulação burguesa no país. Ainda sobre seu pai, tendo participado dos governos de FHC, deve ter ensinado muito bem a filha como entregar toda a economia nacional aos lobos capitalistas internacionais, e o que ela em fazendo diariamente.

Em torno da demagogia da tal “política feminina”, longe de trazer algo novo e identitário, a história da senadora na política se encontra no bom e velho uso da burguesia regional para o carreirismo. Com  apenas 31 anos, sem experiência alguma, foi a mulher mais votada para um cargo legislativo em 2002, se tornando deputada estadual pelo Mato Grosso do Sul, com 25.251 votos. Dois anos depois, se elegeu para o seu primeiro cargo majoritário e se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo de prefeita de Três Lagoas. Nas eleições municipais de 2008 reelegeu-se para o posto com mais de 75% dos votos.

Para a burguesia, esta figura ganhou destaque nacional ao liderar um movimento feminista dentro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado Federal, segundo os próprios jornais burgueses. A comissão que deveria investigar a conduta do governo do presidente Bolsonaro no combate à pandemia (e não fez absolutamente nada), foi controlada apenas por homem, novamente, o identitarismo. Tebet foi uma das senadoras, que apesar de não ter cargo oficial na comissão, esteve presente na maioria das sessões, interrogando investigados, se criando enquanto alternativa viável para subir no seu carreirismo.

Na tentativa de conter uma debandada para a polarização da extrema-direita, Tebet seria a grande lutadora contra Bolsonaro, sendo chamada até mesmo de “descontrolada” em uma das cessões, o que criou todo um circo identitário e chamou atenção da esquerda pequeno-burguesa e da direita tradicional.

No mesmo sentido, a imprensa burguesa seguindo as ordens dos patrões, agora relembram que a senadora tinha o costume de destrinchar os processos, o que deixava as testemunhas e investigados em “saia justa”. Nada mais do que o dever de um eleito pelo povo, porém, transformando-a em uma heroína.

Contudo, vale rememorar que em 2018, assim que foi oficializada a vitória de Bolsonaro, a senadora foi às redes sociais parabenizá-lo. A senadora é fortemente ligada à bancada do agronegócio, mas na época era bem-vista pelos políticos do PSL, legenda em que o presidente participava. Simone e seu marido Eduardo Rocha (MDB), são majoritariamente financiados pelo agronegócio, tendo a campanha de 2014 da senadora somado R$ 3 milhões em empresas e pessoas físicas ligadas ao agronegócio, 94% do que arrecadou naquele ano. O deputado estadual recebeu R$317 mil de um grupo similar de doadores, metade do valor de sua campanha.

Mesmo com toda essa crise, se o projeto fracassar, toda a demagogia feita contra o Bolsonaro vai cair por terra e vemos o porquê. Até os que hoje declaram voto em Lula dentre os golpistas, como Aluízio Nunes, pularão no barco de Bolsonaro, pois os interesses da burguesia vão totalmente na contramão do povo e farão qualquer coisa para que um governo dos trabalhadores não vença. O jornal O Estado de S. Paulo, porta-voz de uma ala da burguesia e que ainda aposta na chance de uma terceira via, é um típico exemplo dessa situação.

Fato é que a coisa parte para uma definição, a briga será de “arranca toco”, mas, os que hoje atacam o presidente fascista, se no final de contas for preciso para impedir uma vitória do PT, defenderão com unhas e dentes Jair Messias Bolsonaro.

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