Infiltração

Burguesia não está disposta a deixar Lula governar para o povo

Em texto do The Economist banqueiros internacionais mostram que não ficarão assistindo uma eleição e um futuro governo Lula inertes.

No último dia 19, a revista britânica “The Economist” publicou uma matéria sobre o título “Quão esquerdista é Luiz Inácio Lula da Silva na economia?” (tradução nossa) na qual traz trechos de uma entrevista com o ex-presidente e combina as opiniões de economistas e dos editores que avaliam o andamento da campanha eleitoral e como a política econômica de um futuro novo governo Lula será.

No artigo, há destaques aos bons números da economia nos dois governos Lula (2003 – 2006, 2007 – 2010), ressalvando que trata-se de um outro momento, onde não há a grande demanda por commodities e uma situação fiscal mais complicada. Também destaca o que chamam de “política fracassada” do governo Dilma Rousseff para conter a crise econômica e gastos do governo etc. E, destacam as alianças feitas por Lula e o PT na campanha eleitoral, citando o candidato a vice Geraldo Alckmin, para enfim trazer o ponto principal do artigo, os desafios que o governo Lula terá para governar com o que chamam de uma política “tão esquerdista” em contradição com os aliados e com uma situação econômica muito mais grave que há 20 anos.

Os editores trazem a opinião de um bilionário (Salo Davi Seibel), afirmando “os empresários estão preocupados” para expressar o que pensam, o qual teria dito “que o risco que o Brasil corre não é um meteoro (referindo-se ao Lula de 2002), mas um “voo de galinha” – uma economia que bate as asas, levanta do chão e cai”. Afirmam com isso que Lula estaria tentando ser “pragmático”, ou seja, agindo circunstancialmente, abandonando qualquer tipo de princípio para se eleger, mas que sua receita econômica para o Brasil “não teria grande futuro”.

A ação da burguesia para enquadrar Lula

A avaliação da revista, que é uma espécie de porta-voz dos banqueiros internacionais, traz aspectos reais ao analisar os desafios que a situação político-econômica brasileira trará ao novo governo. Entretanto, a avaliação é parcial e de propósito, é claro, pois exclui da equação a ação da própria burguesia que estimulou uma infiltração de elementos direitistas na campanha eleitoral do ex-presidente.

A questão não se resume ao tucano Geraldo Alckmin, que é um espécime indisfarçável por ter sido governador de São Paulo pelo PSDB cometendo todo o tipo de atrocidade neoliberal contra os trabalhadores, mas também há elementos como Márcio França, outro tucano, Marina Silva, parceira da família Setúbal do Itaú e de Aécio Neves em 2014, entre outros de menor fama como os golpistas Miguel Reale Jr. e Joaquim Barbosa, Alexandre Kalil (PSD) etc.

Na verdade, o motivo do enquadro “direitista” à candidatura de Lula pela burguesia é o temor que ela tem do ex-presidente e suas propostas contrárias aos interesses da burguesia imperialista como uma política de investimentos estatais, maior controle sobre a direção da Petrobrás e dos preços dos combustíveis, além da busca por um protagonismo nos mercados em que a economia brasileira é naturalmente forte. Propostas que são muito limitadas, mesmo para um programa nacionalista burguês, mas que soam como “muito esquerdistas” para os editores da revista, ou seja, para seus patrões banqueiros.

Essa infiltração de elementos profundamente direitistas e com relações diretas com a grande burguesia nacional e coma burguesia imperialista pode ter também o objetivo de enquadrar um pretenso futuro governo Lula, fazendo exigências de não alteração nos rumos da política econômica neoliberal implantada mais aprofundadamente após o golpe de 2016.

Grandes contradições à vista

Na Análise Política da Semana do último sábado (24), o presidente nacional do PCO, Rui Costa Pimenta, analisou a opinião da revista no artigo, destacando que, em primeiro lugar, de fato um pretenso novo governo Lula será um governo de grandes contradições justamente pela presença de todos estes elementos direitistas e, possivelmente, de mais que virão para fazer parte do governo.

Estas contradições poderão se transformar num problema ainda maior dada à crise econômica, que é internacional, e que exigirá muito do governo, vez que, de um lado a fome, desemprego, o fim dos programas sociais estão levando a classe trabalhadora a uma situação de calamidade, por outro lado, a burguesia que exigirá a manutenção das políticas de arrocho fiscal e de desinvestimento, buscando manter o “açoite” sobre o trabalhador, o qual vai reagir exigindo medidas compatíveis ao governo, o que terá ainda mais peso sendo Lula uma liderança popular que retém toda uma esperança de melhoria das condições de vida pela população pobre.

Rui destaca que, é exatamente por este motivo, que a campanha por Lula Presidente deve desde já buscar mobilizar os trabalhadores, primeiro para eleger Lula e depois fazer toda a pressão necessária no sentido de fazer o governo preterir as exigências da burguesia e atender as necessidades do povo.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.