Bolsonaro e seu novo partido, o PL, ficaram irritados com as manifestações políticas no festival Lollapalooza quando quase todos os artistas e as milhares de pessoas presentes gritaram “Fora Bolsonaro” e defenderam a candidatura de Lula. Tamanha foi a manifestação política espontânea no festival que Bolsonaro entrou com pedido no TSE para proibir manifestações políticas ali, ameaçando alguns artistas e a organização do festival de crime eleitoral.
Enquanto isso, cinicamente, não de maneira espontânea, mas muito bem pensada, os bolsonaristas se esbaldam em campanha e comícios eleitorais. Além das conhecidas “motociatas”, viagens pela praia e outras coisas, no último domingo, enquanto acontecia o Lollapalooza, o PL e Bolsonaro fizeram um grande evento para filiar os ministros João Roma e Marcos Pontes.
Nesse caso, nada de proibições do TSE, nenhuma choradeira dos bolsonaristas contra a “campanha eleitoral antecipada”.
O problema, no entanto, não é discutir quem está fazendo campanha antecipada. Na realidade, a ideia de que há uma antecipação, como se o cidadão – candidato ou não – não tivesse direito de fazer campanha política só pode mesmo vir de um órgão ditatorial como o TSE.
O povo, os partidos, os candidatos têm direito de realizar a campanha política que quiserem na hora que quiserem. Estamos diante de uma lei anti-democrática do Tribunal controlado pelos golpistas. O objetivo dessa lei absurda e abusiva é controlar a eleição impedindo que os candidatos mais populares possam fazer a sua campanha e assim restringindo a campanha ao monopólio dos canais de TV e das exigências absurdas do TSE.
Logicamente que o principal alvo dessas restrições ditatoriais é a esquerda, em especial Lula. A burguesia, que não consegue emplacar o seu candidato, quer impedir o povo de fazer campanha por Lula, impedir uma enorme mobiliação que dificulte a manipulação e a fraude eleitoral que estão sendo preparadas contra Lula.
A esquerda, que se acostumou a baixar a cabeça diante de todo o tipo de abuso dos tribunais, adota essas medidas com se fossem normais. Enquanto isso, Bolsonaro está em campanha frenética, assim como os demais setores da direita, em busca da terceira via.
A esquerda nacional precisa abandonar a política de cordeiro e ir para a rua, fazer campanha, organiar grandes atos, grandes comícios por Lula presidente. É preciso passar por cima das restrições abusivas dos tribunais. Ditadura se se derruba na força.
É urgente colocar a campanha de Lula nas ruas. É preciso lembrar o que aconteceu em 2018 quando a esquerda pequeno-burguesa acatou todas as arbitrariedades dos tribunais golpistas e entregou a eleição para Bolsonaro. Lula foi preso ilegalmente e impedido de concorrer ilegalmente e a maioria das direções da esquerda preferiu acatar todas essas arbitrariedades.
Não há mais tempo para esperar. Já estamos no final do mês de março! É preciso colocar o bloco na rua, mobilizar o povo. O povo, inclusive, não para de dar mostras de que quer se mobilizar. O que aconteceu no Lollapalooza expressa com muita nitidez a tendência enorme de mobilização. E esse não é o único indício que a essa altura já são inúmeros, parece que só as direções da esquerda não vêem.
E se mesmo assim há alguma dúvida, basta lembrar das mobilizações gigantescas de 2021, quando o povo saiu às ruas contra Bolsonaro e por Lula presidente, apesar de todo o esforço da direita e de partes da esquerda de boicotar os atos.