No início da noite desse último domingo milhares de companheiros de todas as regiões do País iniciaram seus retornos para suas respectivas cidades com um único e firme propósito de intensificar a campanha pela “Liberdade de Lula” por todo o Brasil. Motivo para isso não faltou.
Ainda no início da manhã, eram dezenas de caravanas que chegavam a Curitiba e se concentravam no Parque Bacacheri, a cerca de três quilômetros do prédio da Polícia Federal onde Lula está encarcerado, uma outra parte da militância já estava na porta da PF saudando Lula com o tradicional “Bom dia, presidente Lula”.
Por volta das 9h30 da manhã a passeata saiu do parque Bacacheri com centenas de faixas e bandeiras do PCO, do PT, de movimentos sociais como o MST e a FNL. Ao longo do percurso mais caravanas e se somaram à passeata concentrando um público de cerca de 2 mil pessoas por volta das 10h30 da manhã. Entre intervenções no carro de som e palavras de ordem gritadas pela militância, realçavam os chamados pela liberdade do ex-presidente, o Fora Bolsonaro, inclusive o grito de guerra que se popularizou desde o carnaval “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c.”.
Ao contrário do que muito se fala sobre um clima hostil da população curitibana contra a esquerda, contra Lula, o que se viu ao longo da passeata foi um apoio quase que absoluto à passeata. Eram populares, motoristas de ônibus, transeuntes absolutamente solidários à manifestação. Depois de cerca de 2 horas, a passeata foi encerrada a um quarteirão do prédio da PF, com a militância se integrando ao ato político que já estava em andamento.
Uma questão fundamental a ser salientada no que diz respeito à atividade do dia 27 é que, embora numa escala ainda muito limitada, ela aponta, no Brasil, às tendências às grandes explosões sociais que estão ocorrendo em vários países da América Latina, contra os golpes de estado e a política de destruição desses países pelo imperialismo. Chile, Equador, Honduras, Argentina, em menor medida, Colômbia, Peru, são situações emblemáticas do que está para ocorrer no Brasil. Apenas que , aqui, o papel da esquerda na contenção do movimento é de muito maior envergadura. O ato do dia 27 foi um exemplo disso.
Os cinco mil militantes que compareceram ao ato poderiam com muita facilidade serem multiplicados por 2, 3 ou 4. Do estado de São Paulo foram aproximadamente 20 ônibus, da região Sul uma quantidade semelhante, do DF, 9. Esse é um dado que aponta uma falta de vontade política para impulsionar uma verdadeira mobilização em torno de Lula, que é, independentemente de quaisquer considerações que possa se fazer sobre a sua trajetória política, a maior expressão da luta contra o golpe no Brasil. Os golpistas sabem disso e é por isso que ele está preso.
Essa contradição se expressou justamente na principal atividade que ocorreu durante todo o dia, a plenária nacional chamada pelo PCO e que contou com ativistas de mais de 100 comitês de todo o País. Durante duas horas a militância discutiu a importância do dia 27 e quais os próximos passos que devem ser dados pelo movimento de luta contra o golpe e pela liberdade de Lula
Entre críticas feitas por militantes do PT ao pouco empenho da direção do Partido em construir o ato em Curitiba – outros partidos da esquerda, nem falar, pois foram nulos – em levar milhares de caravaneiros para esse que foi, sem dúvida nenhuma o principal ato pela liberdade do ex-presidente desde a sua prisão, até a necessidade de se construir a greve geral foram a tônica da participação ativa da militância no debate amplamente democrático realizado.
Ao final da plenária, foi aprovado por unanimidade, por proposta dos militantes do PCO, a imediata realização da II Conferência Nacional Aberta dos Comitês de Luta Contra o Golpe, com uma pauta centrada em torno das campanhas pela Liberdade de Lula, pelo Fora Bolsonaro, por eleições gerais com Lula candidato e por uma constituinte popular livre e soberana, em uma campanha que só pode se dar nas ruas, que não há nenhum termo de conciliação com o regime golpista.
Mãos à obra!