Neste último sábado (21), durante a transmissão do programa Análise Política da Semana, pela Causa Operária TV, milhares de pessoas que acompanhavam a transmissão ao vivo puderam testemunhar mais um típico caso da censura promovida pelos monopólios da internet, controlados pelo imperialismo.
No começo do programa, houve a exibição de um documentário produzido pelos companheiros Rafael Dantas e Eduardo Vasco, correspondentes do PCO no Donbass. O filme foi capturado nas regiões onde até pouco tempo atrás ainda ocorriam ataques e conflitos entre ucranianos e membros das forças armadas russas e da milícia popular de Lugansk. Por conta disso, continha muitas imagens dos danos provocados por estes conflitos na República Popular de Lugansk, onde estão localizados Dantas e Vasco.
Durante o filme, havia entrevistas com a população local, desde moradores até membros da milícia popular de Lugansk, que davam importantes relatos de acontecimentos que testemunharam durante os 8 anos em que o governo golpista ucraniano mantinha uma intensa repressão contra a população russa e operária da região. Além disso, também foram capturadas imagens de edifícios atingidos por bombas – como igrejas, casas, prédios públicos – e também covas de vítimas dos ataques brutais dos ucranianos. O filme era uma prova de que, na região do Donbass, o assédio das forças armadas ucranianas já está ocorrendo há muito mais tempo do que a imprensa imperialista quer admitir.
Um filme retratando o conflito internacional mais importante do momento atual, com tamanha fidelidade e com imagens tão incômodas para o imperialismo é importantíssimo no sentido de mostrar para o mundo a realidade dos conflitos entre Rússia e Ucrânia/OTAN, mas os monopólios da internet responderam a ele com uma censura quase imediata. Poucos minutos após o fim da transmissão do trecho do documentário, a produção do canal percebeu que o vídeo do programa ao vivo estava com sua imagem de apresentação na busca do site borrada, de modo a escondê-la. Além disso, havia também um aviso para quem tentasse assistir o vídeo de que aquele programa continha imagens inapropriadas para certas idades, exigindo que o usuário entrasse na sua conta para provar que era maior de 18 anos. Foi também constatado que a monetização (super chats, super stickers etc.) do vídeo havia sido bloqueada.
Diante disso, o canal abriu uma segunda transmissão para facilitar o acesso de todos ao vídeo, e também para possibilitar as contribuições dos companheiros que acompanhavam o programa ao vivo, e a censura feita pelos monopólios da internet foi denunciada imediatamente. É evidente a tentativa de esconder quaisquer evidências dos crimes do imperialismo pelo mundo. Para contornar a situação e se precaver de censuras desse tipo, a Causa Operária TV já criou canais nas redes Rumble e Odysee, e está, neste momento, transferindo todo o seu acervo para elas. Nas próximas semanas, toda a programação do canal já deverá passar a ser exibida também nessas redes, de modo a diminuir o impacto do boicote e censura realizados pelo Youtube.
Esse fato evidencia o clima político estabelecido ao redor de todo mundo, que é o de censura a todos que falarem qualquer coisa que saia do roteiro permitido pelo imperialismo. A internet e as redes sociais já foram retratadas como um ambiente em que se teria uma ampla liberdade de expressão e de opinião. No entanto, a situação estabelecida atualmente já é totalmente oposta: nas redes sociais, a censura é a norma. É preciso sempre tomar um cuidado muito grande com o que se diz para não ter sua conta bloqueada, derrubada, desmonetizada, etc.
A esquerda deve lutar contra a censura
É preciso, também, destacar que a esquerda tem contribuído ativamente para que a situação chegasse a esse ponto. Um aspecto importante de toda essa campanha pró-censura dentro da esquerda é a política dos identitários. A esquerda identitária tem apoiado e até incentivado toda e qualquer tentativa da parte da burguesia de criminalizar determinadas opiniões. Nesse sentido é que se vê o apoio a leis que proíbam pessoas de fazerem comentários anti-lgbt, machistas, racistas, etc.
As “boas intenções” desses setores da esquerda foram se desenvolvendo até que se está num ponto em que você é censurado por criticar o STF ou então por denunciar os desmandos e crimes do imperialismo contra um país atrasado como a Rússia. Está claro, portanto, que toda a política do identitarismo, impulsionada e criada pelo imperialismo, tinha como objetivo atingir os setores que procuram promover uma luta verdadeira contra a opressão imperialista.
A esquerda sempre lutou pela emancipação da classe operária e dos setores oprimidos diante da burguesia e do imperialismo. Parte fundamental dessa luta sempre foi a luta pela liberdade de expressão. É absurdo que esses setores estejam agora se colocando ao lado da censura e da perseguição de pessoas por conta de coisas ditas em vídeos na internet ou em mensagens enviadas nas redes sociais. O caso do bolsonarista Daniel Silveira é escandaloso. O deputado foi condenado a pagar uma multa de mais de 600 mil reais por conta de um vídeo transmitido na internet em que criticava o STF, e a esquerda aplaudiu essa medida autoritária.
A “russofobia” do imperialismo
Outro aspecto que deve ser levantado é toda a campanha anti-Rússia promovida pelo imperialismo. Qualquer coisa que seja favorável à Rússia é atacado e até suprimido pela burguesia. O mesmo ocorreu com artistas e atletas russos. Um dos casos é o do maestro Valeri Gergiev, um dos mais famosos do mundo, e que teve suas apresentações com a Filarmônica de Viena canceladas no Carnegie Hall, uma das casas mais tradicionais de espetáculos de Nova Iorque.
Gergiev é caracterizado pela imprensa como “amigo de Putin” e isso serve para justificar o boicote contra ele. O mesmo ocorreu com diversos outros artistas das mais diversas áreas. Também é escandalosa a expulsão da seleção russa da Copa do Mundo de futebol deste ano, e da delegação russa das próximas Olimpíadas pelo Comitê Olímpico Internacional.
É preciso, neste sentido, apoiar e impulsionar a Causa Operária TV, um canal operário e independente, que procura apoiar a Rússia diante da opressão imperialista e que defende arduamente a liberdade de expressão em todas as suas formas. O cerco contra canais de esquerda e que estão contra as posições do imperialismo deve se fechar durante o próximo período eleitoral e isso deve ser combatido, para que se possa fazer uma campanha pela candidatura de Lula e pelos interesses da classe operária brasileira.