Comemorando o resultado dos atos de primeiro de maio, os principais jornais da burguesia brasileira, sobretudo O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, fizeram questão de destacar a baixa mobilização que houve nos atos ocorridos em todas as regiões do Brasil. No entanto, muito diferente das conclusões reais que podem ser tiradas, como a falta de ação da CUT e do PT e o boicote generalizado dos partidos da esquerda pequeno-burguesa e das ditas “centrais” sindicais, a burguesia busca se utilizar da baixa mobilização para impulsionar artificialmente a terceira-via.
O Estadão afirmou em sua matéria intitulada “O que explica a baixa adesão aos atos pró-Lula e a favor de Bolsonaro”, que o que explicaria a baixa adesão aos atos seria devido “a da falta de uma mensagem positiva para o eleitor, do desgaste da beligerância na política e do desarranjo na organização”, segundo os famosos “especialistas” burgueses. De acordo com o jornal, o ocorrido seria uma resposta da população a política de “extremos” representada por Lula e Bolsonaro, ou seja, pela negativa, um apoio a terceira-via.
O jornal vai além e coloca que “as retóricas dos líderes das pesquisas de intenção de voto na disputa pelo Planalto neste ano sinalizam hoje para uma candidatura com seguidores fanáticos e outra marcada por gafes quase cotidianas”. Nesse sentido, o esforço feito pela burguesia em buscar criar um terreno de crescimento para a terceira-via é visível, e coloca em cheque a ideia apresentada por alguns setores da esquerda de que a terceira-via já teria deixado de existir nos planos do golpe.
Além disso, fica escancarado o artificialismo desta campanha. A burguesia é contra a mobilização, e assim, comemora os resultados do primeiro de maio, pois a terceira-via é incapaz de organizar qualquer movimento popular, seja pela direita ou pela esquerda. A terceira-via, representa o que há de pior na burguesia brasileira e não é atrativo para qualquer cidadão, sair às ruas em defesa de figuras como João Dória, Eduardo Leite ou Sérgio Moro.
O primeiro de maio da terceira-via não foi um fracasso, pelo simples fato de que sequer existiu. O malabarismo dos jornais burgueses apenas servem para mostrar que toda a campanha da terceira-via se dará no vazio das manifestações populares. Ou seja, por ser uma manobra totalmente artificial, a campanha central apenas pode se desenvolver na falta de mobilizações de rua, seja pelos trabalhadores, em apoio à Lula, ou pela extrema-direita, em defesa de Bolsonaro.
Para isso, a burguesia conta com a paralisia generalizada sobretudo da esquerda pequeno-burguesa, de partidos como o PT e a CUT, que tem em suas mãos o maior poder de mobilização da classe operária no país. Os atos, demonstraram que a política central do PT para o ano das eleições será se preocupar mais com acordos do que em mobilizar o povo.
O cálculo eleitoral, típico do PT em período de eleições, torna-se ainda mais destrutivo quando se leva em conta que nenhum outro partido de grande relevância eleitoral declarou apoio a candidatura de Lula. Além disso, outro ponto crucial, o golpe de estado e a ditadura presente, capaz de serem derrubadas apenas por meio da mobilização, estão sendo completamente ignoradas pela ilusão eleitoral envolvendo a candidatura de Lula.
Lula, é a figura mais popular do país, no entanto, apenas poderá ganhar as eleições caso haja uma grande mobilização nas ruas em sua defesa e contra o golpe. A propaganda pela terceira-via, vista nos principais jornais burgueses apenas evidência que a não existência de manifestações será o terreno fértil para a burguesia orquestrar sua campanha contra o PT e a favor de uma nova candidatura golpista, fabricada pela imprensa, contra os “extremos”, como afirma o Estadão.
Nesse sentido, a única resposta real a ser dada é a de organizar uma verdadeira mobilização de rua por Lula Presidente. Formar em todo o País comitês de luta por Lula Presidente, mobilizar os trabalhadores, impulsionar o movimento sindical e a luta contra os ataques feitos contra a população pelo golpe de estado. Apenas isso será capaz de quebrar com a campanha artificial criada pela burguesia e garantir nas ruas a derrota do golpe e Lula Presidente.