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Retrospectiva

Talibã, Bob Jeff e Boulos: as melhores polêmicas do PCO em 2021

As principais polêmicas em que o PCO confrontou o senso comum da esquerda pequeno-burguesa.

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O ano de 2021 já começou agitado. Logo nos primeiros dias de janeiro, a principal discussão na política internacional girava em torno das eleições dos Estados Unidos, que, de maneira fraudulenta, tinham eleito Joe Biden, com o panorama se acirrando após a “invasão” do Capitólio. Foi o início de uma série de polêmicas com uma linha geral: enquanto a esquerda pequeno-burguesa ficava a reboque do imperialismo (neste caso em particular, defendendo Joe Biden), o PCO travava a luta contra esse posicionamento (no caso em particular, denunciando que um governo Biden seria muito pior para os oprimidos do que foi governo Trump).

Início de Janeiro: a polêmica em torno das eleições americanas

Enquanto Trump denunciava as eleições americanas como fraudulentas, setores da esquerda atacavam-no por isso, cobrando dele e, pior de tudo, dos americanos, crença no sistema eleitoral. É preciso entender que a burguesia frauda toda eleição, justamente para que possa manter seu programa. Nas eleições dos Estados Unidos, principal polo imperialista, é óbvio que elas serão fraudadas – desde o investimento astronômico na candidatura de Biden, até os “votos por correios” e, o mais importante de tudo, a censura ao Trump.

Censura: eis o principal tema que a esquerda não foi capaz de compreender ao longo do ano. O problema da censura, dos direitos democráticos e da liberdade de expressão é um problema ao qual retornaremos muitas vezes neste texto. Em resumo, a posição do PCO é uma posição de princípios (isto é, ela é uma posição que não é defendida só se a censura recair contra tal ou qual pessoa, mas é um princípio geral, visto que, se a censura recair contra a extrema-direita, do mesmo modo, ela fortalece o aparato repressivo do Estado).

Bom, independentemente da eleição em si, o que chamou a atenção foi a postura dos monopólios de comunicação – um dos setores mais poderosos do imperialismo – em relação ao caso. Eles retiraram Trump das principais redes sociais, derrubaram a única rede social que havia permitido que ele se expressasse – o Parler – das lojas de aplicativo; depois, o Parler teve seu servidor derrubado e nenhuma outra empresa aceitou hospedar o aplicativo, de modo que ele também saiu do ar da web.

O PCO, à época, denunciou os monopólios de comunicação, denunciou que eles pudessem ter todo esse poder de mediar a opinião pública. A posição do restante da esquerda – que, em janeiro, tratava Joe Biden como “herói” e hoje é obrigada a fingir que isso nunca aconteceu, que sempre foi crítica a ele – era de… defender a censura contra Trump! Isto é, por ter se virado contra Trump, o regime político teria o direito de perseguir quem quer que fosse por opinar. O modo sistemático de que a censura agiu, evidenciando todo o poder que possuem as principais redes sociais, não assustou nem um pouco a esquerda pró-imperialista, que se curvou diante de Biden. O PCO, por demonstrar por A + B que se tratava de uma ofensiva do setor principal do imperialismo, representado por Biden, contra um setor minoritário da burguesia americana, voltada aos negócios nacionais, que via em Trump sua expressão, e por inferir disso, somada a concepção marxistas da utilidade dos direitos democráticos, que não se pode apoiar sob nenhuma hipótese o fortalecimento dos monopólios de comunicação e da repressão burguesa foi muito atacado. Enxergaram nessa concepção um apoio à pessoa de Trump e a seu programa. Grave equívoco. Bom, sigamos…

A prisão de Daniel Silveira e Roberto Jefferson: mais uma vez, a esquerda à reboque das posições da Rede Globo

Em fevereiro, o deputado federal Daniel Silveira foi preso por criticar (!) o STF; em agosto, pelo mesmo “crime”, foi preso Roberto Jefferson. O PCO, nos dois casos, se posicionou contra as arbitrariedades. Os comunistas – e é preciso deixar bem claro mais uma vez – não nutrem nenhum tipo de simpatia pessoal por esses senhores e não é isso que motivou a posição do PCO. Trata-se, mais uma vez, da questão dos direitos democráticos.

Para um marxista, os direitos democráticos devem ser defendidos enquanto forma de acirrar a luta de classes. Por exemplo, o direito à liberdade de expressão irrestrita garante ao partido comunista a liberdade de agitação e propaganda, permitindo-lhe denunciar o sistema vigente e organizar os trabalhadores. Então, mesmo a liberdade de expressão sendo um direito democrático-burguês, não uma medida propriamente socialista, deve ser defendida – essa é a linha principal do Programa de Transição da IV Internacional, do Trótski.

É justamente essa concepção que nos levou a denunciar essas prisões arbitrárias – prender alguém apenas por opinar, ainda mais um deputado, que possui imunidade parlamentar, é um absurdo tremendo e só pode se virar contra a esquerda. Mais uma vez, a incapacidade de entender a questão fez com que a esquerda pequeno-burguesa tentasse nos colar uma etiqueta de “bolsonaristas” – como se, ao nos opormos à prisão deles, estivéssemos os apoiando ideologicamente.

O Talibã: quando a insurreição estourou no Afeganistão e a burguesia tentou atacá-la

Em 15 de agosto, o Talibã tomou Cabul, fazendo o então presidente fugir do Afeganistão e reconhecer a vitória do grupo revolucionário. Com isso, os Estados Unidos, após 20 anos de guerra, foram expulsos e derrotados.

O conflito, conhecido como Guerra do Afeganistão, iniciado em 2001, só então teve fim com a vitória dos oprimidos. Isso mesmo: a nação mais poderosa do mundo, os EUA, perderam a guerra para os afegãos, que tinham a seu dispor apenas armamentos de péssima qualidade. Obviamente, para tal grupo conseguir ganhar a guerra, era preciso o apoio popular – que, de fato, existia e foi o fator chave da questão.

Apenas uma pessoa com alto grau de debilidade no que concerne às faculdades mentais não seria capaz de enxergar nisso uma vitória contra o imperialismo. No entanto, lá estavam os jornalistas da Globo News para atacar o Talibã, dizer que ele era “machista” e que “oprimia o povo”. Enquanto os Estados Unidos bombardeavam todo tipo de reunião com mais de algumas poucas pessoas – incluindo muitos casamentos! –, esses senhores democráticos não achavam pertinente expor suas opiniões. Mas o que mais surpreendeu foi a “esquerda”: eles entraram de cabeça nas posições da Globo.

O malabarismo retórico para poder ficar a reboque do imperialismo era de se espantar. Chegaram a dizer que não se tratava de uma vitória contra o imperialismo (!), pois o Talibã seria aliado dos Estados Unidos (após 20 anos de guerra entre ambos!). 20 anos de guerra entre “aliados”! O motivo: pois, na guerra contra a União Soviética, em 1979, o Talibã foi aliado e impulsionado pelos Estados Unidos.

O que o “sábio” da esquerda pequeno-burguesa, capaz de expor um argumento desses, certamente selecionado entre as muitas vozes que estão em sua cabeça, não se dá conta é que, justamente pelo caráter nacionalista do Talibã, após a derrota da URSS e o estabelecimento de seu governo, acirrou-se suas relações com os EUA. A tal ponto que, em 2001, a OTAN e os EUA invadiram o país, declarando guerra ao Afeganistão e ao Talibã. A partir de então, falar em qualquer tipo de aliança entre os dois, que guerrearam por 20 anos, é apenas uma desculpa para se pôr na linha do imperialismo – a não ser que queira se acreditar na teoria dos “20 anos de guerra sem perder a amizade”.

Enfim, o PCO foi atacado por defender a revolução dos trabalhadores afegãos contra o imperialismo. Em que pese a forma atrasada que se deu do ponto de vista ideológico – algo natural para um país que foi submetido a uma opressão tão brutal, impedido de se desenvolver por todos os meios –, ela cumpre um papel prático progressista na luta de classes e deve ser apoiada.

Quando o PCO revelou quem são os patrões do Boulos

E como não se lembrar de quando este Diário descobriu e denunciou as ligações de Boulos com o Global Americans e com o NED? Após pesquisar o tema, descobriu-se que Boulos trabalha para o IREE – instituto coordenado por Walfrido Warde, com figuras da laia de Raul Jungmann (ministro da segurança de Temer, responsável pela intervenção militar no Rio) e Leandro Daiello (principal figura da Polícia Federal no golpe). Tal instituto firmou parceria com o Global Americans, think thank ligado ao NED.

Em relação à denúncia, o pequeno-burguês respondeu da única maneira que sabe: com ataques pessoais, tergiversando do assunto. No entanto, os fatos não foram, pois nem podiam ter sido, rebatidos. A ligação de Boulos com esses institutos deixa bem claro por qual motivo ele defende tanto a Rede Globo, acariciou-se com Bruno Covas (PSDB) nos debates, defende o STF, etc.

Aliás, outra polêmica neste ano foi contra o Galo “defumador de estátuas”. Uma ação típica de um flashmob, que não muda em nada a situação política e só serve para fazer um teatro. A estátua escolhida para ser queimada foi a do bandeirante Borba Gato, com a justificativa de que tal ato seria “em defesa dos índios”. Primeiro, que tal posicionamento apenas revela o desconhecimento da história do Brasil, a propensão dos identitários a destruir todo o progresso da humanidade – os bandeirantes foram figuras essenciais para a unificação do Brasil, garantindo a unidade territorial. Em segundo lugar, queimar estátuas de pessoas mortas há séculos não altera em nada a situação política dada, apenas serve para confundir os trabalhadores. É importante lembrar que essa prática foi tomada por empréstimo dos identitários dos Estados Unidos – lá, a população se radicalizou e começou a queimar delegacias, então, para controlar a situação, vieram os identitários queimar suas estátuas.

O PSDB foi posto pra correr!

Nas manifestações Fora Bolsonaro, houve a tentativa, por parte da burguesia, de desarticulá-las. Para tal, recorreu-se ao método de tentar infiltrar nomes odiados pelo povo (como os políticos do PSDB e Ciro Gomes). Então, este Diário denunciou que tal participação tratava-se de uma manobra para derrotar a esquerda e impulsionar a frente ampla.

Ocorreu entreveros entre os esquerdistas que participavam da manifestação, defendiam Lula presidente e queriam derrubar Bolsonaro e os lacaios da direita, funcionários do imperialismo. Ao contrário da posição da esquerda pequeno-burguesa, de ser contra a “violência” com essa corja, o PCO defendeu o direito de os manifestantes se revoltarem.

Aliás, note-se, que um dos pequeno-burgueses que defendeu o PSDB à época e sempre apoiou a frente ampla foi, justamente, Guilherme Boulos. O funcionário do IREE acha que o povo deveria fazer uma aliança com seus maiores inimigos, supostamente contra Bolsonaro. Enquanto os manifestantes – que, em sua esmagadora maioria, defendem Lula presidente, o que é atestado até mesmo pelas pesquisas de opinião da direita, que não conseguiram esconder o fato de que as manifestações Fora Bolsonaro também são Lula presidente – repudiavam completamente a participação desses abutres.

E, para citar a última polêmica dessa retrospectiva, também contra o PSDB, foi a questão da obrigatoriedade da vacinação. Mais uma vez a questão dos direitos democráticos entra em cena: a direita queria tornar a vacinação obrigatória, com isso impedindo que o povo tenha o direito de decidir sobre seu próprio corpo!

É uma questão parecida com a do direito ao aborto. O direito ao aborto, pré-condição necessária para a libertação da mulher, diz respeito ao direito de ela decidir sobre seu próprio corpo. Uma ditadura em que o cidadão não possa nem decidir o que vai ser injetado em seu corpo é uma das ditaduras mais fortes contras as liberdades individuais. E, como  dissemos no início da matéria, é dever dos marxistas defender as liberdades individuais e combater o arbítrio do Estado burguês, na medida em que isso eleva a consciência das massas e acirra a luta de classes.

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