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Dividir para reinar

Safatle, o filósofo da Open Society

Safatle é mais um acadêmico, integrante do Psol, agindo em favor do grande capital, que quer dividir os Estados nacionais para assim pilhar à vontade

Imperialismo

Uma das vantagens do mundo acadêmico é que tudo é possível dentro do cercadinho das especulações, o único problema é quando as ideias precisam confrontar o mundo real.

Soa bem aos ouvidos termos como ‘Estado plurinacional’, pois até tem-se a impressão de algo mais democrático. Porém, o Estado não é uma entidade que está aí para gerir ‘nacionalidades’ e sim fazer valer o interesses da classe dominante (no capitalismo, a burguesia), em detrimento das camadas exploradas da sociedade.

Vladimir Safatle, professor de Filosofia e candidato a deputado federal pelo PSOL, tem defendido, dentre outras ideias, o tal ‘Estado plurinacional’. Esse conceito, a despeito da aparência, é completamente reacionário e atende a uma exigência do imperialismo, que na sua atual etapa encontra nos Estados nacionais um empecilho ao seu avanço. Portanto, é preciso utilizar a antiga máxima ‘dividir para reinar’. Não é à toa que a fundação de George Soros, o parasita magnata que vive dando golpes pelo mundo, se chama Open Society (sociedade aberta), nome provavelmente inspirado em outro reacionário, o filósofo Karl Popper.

Os ataques à história nacional em pleno bicentenário da Independência do Brasil | Momentos

O capitalismo necessita do Estado para garantir sua lucratividade, seja por meio do endividamento estatal ou de subsídios diretos, seja para o fornecimento de poderio militar. Os Estados nacionais, no entanto, em certa medida, impõem resistência ao assédio do grande capital. Um caso típico é a China, a qual, atualmente, o imperialismo está tentando dividir fazendo pressão separatista na região de Xinjiang, noroeste chinês, que faz fronteira com diversos países e será rota comercial nevrálgica para os chineses, bem como tenta armar e forçar a independência de Taiwan, ilha chinesa que tem governo autônomo.

A unidade chinesa é um grande problema para o imperialismo, pois a China, com seu vasto território, acaba dominando importantes reservas minerais e rotas de comércio que poderão fazer fluir mercadorias por dentro da Ásia Central e chegarão a um custo baixo no Oriente Médio e Continente Africano.

A União Soviética, outro exemplo, era um tremendo problema, por isso os capitalistas trataram de dividi-la em diversas regiões. Mas essa divisão ainda não foi suficiente, o imperialismo planeja separar agora a Rússia em três ou quatro regiões. Por quê? Basta ver o estrago na economia mundial o fato de os russos controlarem sozinhos uma reserva gigantesca de gás e petróleo. A tentativa de colocar a Ucrânia na Otan tinha esse intuito, atacar a Rússia e forçar sua divisão.

O imperialismo adora ‘plurinacionalidades’

Os capitalistas sempre se utilizaram da divisão para se impor, basta ver como dividiram entre si o Oriente Médio. Inúmeros países e emirados são meras imposições econômicas. O Kuwait, ex-protetorado britânico, por exemplo, era basicamente uma parte de Iraque, país que o imperialismo praticamente destruiu e o tempo todo tentou colocar xiitas contra sunitas.

O imperialismo sempre jogou etnias umas contra as outras, isso desde o início da exploração de mão de obra escrava na África. Jogou recentemente Tutsis contra Hutus em Ruanda. Acabou de dividir o Sudão, destruiu a Iugoslávia e formou diversas repúblicas, tenta separar uma parte da Síria rica em gás e petróleo. Se utiliza dos curdos, dos armênios, dos azeris. O imperialismo deseja Estados plurinacionais, só assim vai poder aumentar a exploração dessas populações.

Safatle considera uma ‘inovação’ o processo constitucional chileno que faz demagogia com ‘paridade radical de gênero’ e a discussão da “instalação de um Estado plurinacional, baseada na ideia de que os povos originários têm prerrogativas diante do Estado nacional porque eles estavam no território antes do Estado constituir-se. Com isso, muda a noção mesma de nação e unidade e abre-se espaço para criar outra ideia do que é o Estado. (grifo nosso)

O problema que os acadêmicos não conseguem entender, é que o Estado não é uma “ideia”, uma forma vazia que basta uma discussão para alterar o seu conteúdo. Os Estados são realidades, são consequências de lutas intensas entre as classes e se constituíram conforme essas lutas foram se desenvolvendo.

Não haverá ‘paridade radical de gênero’ sem que as mulheres sejam libertadas da escravidão doméstica, e recebam o mesmo que os homens para a mesma função, e isso não acontecerá dentro do capitalismo. É um problema econômico, não basta colocar esta ou aquela mulher em uma posição de mando para que a realidade social das mulheres, como um todo, seja alterada. Mesmo porque, se olharmos o Brasil, tem uma mulher, senadora, concorrendo à presidência, Simone Tebet, que é a candidata preferencial do grande capital. Ela mesma votou pelo impeachment de outra mulher, Dilma Rousseff, sem que esta tivesse cometido qualquer crime.

A verdade é que Gabriel Boric, esse presidente do qual Safatle faz propaganda, e que o PSOL foi beijar a mão, não passa de um demagogo. Falou tanto dos Mapuches durante as eleições e agora está perseguindo suas lideranças.

Dividir o Chile

O Chile é um país com uma extensa costa litorânea no Pacífico, é rico em minerais, a população chilena, como vimos é uma força poderosa que foi para as ruas contra o governo de extrema-direita, de Piñera, e colocou o país em uma situação pré-revolucionária. Boric já demonstrou que não quer tirar da prisão os manifestantes que se opuseram a um governo fascistoide, o que mostra bem a sua natureza.

Para o imperialismo é importante dividir essa classe trabalhadora em partes menores, seria muito mais fácil combatê-la. Assim como será muito mais fácil explorar as regiões autônomas, bastando cooptar um número menor de pessoas.

plurinacional
A população chilena rejeitou essa armadilha em forma de constituinte

A defesa do ‘Estado plurinacional’ é mais uma prova da subserviência do governo chileno, incluindo o atual presidente que, apesar de se dizer de esquerda, gasta seu tempo atacando a Venezuela, Nicarágua, Cuba e, claro, como bom menino, elogiando o nazista Zelensky, outro fantoche do imperialismo.

A luta pelo Estado moderno

Olhando para o passado, verificamos que o Estado moderno foi uma conquista que demandou muitas lutas e esforço, com ele a burguesia pôde varrer os privilégios da nobreza em todo o continente e destravar o desenvolvimento.

Defender a fragmentação dos Estados é um enorme retrocesso que está bem afinado com a decadência do capitalismo. E o mais importante: os Estados que se cogita fragmentar não são os países imperialistas, mas sim aqueles que o imperialismo quer dominar integralmente. Por que a Open Society, a Fundação Ford e os identitários europeus e norte-americanos não defendem a fragmentação dos EUA, do Reino Unido ou da Alemanha? Por que apenas do Brasil, da China, da Rússia? Porque estão precisamente a serviço dos primeiros contra os segundos. A serviço dos dominadores contra os explorados.

A classe trabalhadora precisa agir no sentido contrário. Na América Latina, por exemplo, seria progressista a união dos países, pois assim se poderia melhor combater o imperialismo. A luta dos oprimidos, logo, não é para fragmentar, mas sim para unificar. Mas isso é o exato oposto do identitarismo, que busca dividir os oprimidos para facilitar a dominação dos opressores.

A demagogia com Borba Gato

Já polemizamos aqui com Safatle em sua postura de defender a queima de estátuas, notadamente a de Borba Gato, um dos responsáveis, como bandeirante, de termos essa importante extensão territorial.

Safatle - Borba Gato
Os ataques aos nossos antepassados fazem parte de uma política corroborada pelo imperialismo

O caso é que Vladimir Safatle volta à carga e requenta o assunto em seu Twitter. Safatle chegou a dizer que “uma estátua não é apenas um documento histórico. Ela é sobretudo um dispositivo de celebração. Como celebração, ela naturaliza dinâmicas sociais, ela diz ‘assim foi e assim deveria ter sido’. Devemos concluir, portanto, que as estátuas de Aristóteles celebram a Civilização Grega, que invadia, matava, escravizava… Vejamos o que dizia Aristóteles em seu livro I da Política: “Uma família completamente organizada compõe-se de escravos e pessoas livres”; “Existem dois tipos de instrumentos: uns inanimados, outros animados.(…) o trabalhador é uma espécie de instrumento”; “O escravo (é) uma propriedade instrumental animada”; “O homem que, por natureza, não pertence a si mesmo, mas a outro, é escravo por natureza: é uma posse e um instrumento para agir separadamente e sob as ordens de seu senhor”; “Aquele que manda e aquele que obedece são de espécies diferentes”; “todos os que não têm nada de melhor para nos oferecer do que o uso de seus corpos e de seus membros são condenados pela natureza à escravidão”.

A posição de Safatle é demagógica, não vamos vê-lo defendendo a queima de nenhuma estátua grega e muito menos o banimento da filosofia grega do ensino nas faculdades de Filosofia, uma vez que a Filosofia ocidental foi desenvolvida precisamente por donos de escravos que, por não trabalhar, tinham tempo livre para pensar a sociedade. Tudo isso serve a apenas um propósito: quebrar a nossa identidade enquanto povo, nos dividir, e assim facilitar a vida do imperialismo, que coopta acadêmicos, indígenas, identitários, e tantos outros, para poder abocanhar o grande prêmio: a riquíssima Amazônia.

Fora o imperialismo! Não à ingerência da UE sobre a Amazônia - Reunião de Pauta nº 1.048 - 16/09/22

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