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Doutrina antimarxista

Rússia imperialista? Só nos delírios da esquerda “made in USA”

Partido stalinista segue tradição esquisita e reacionária de tachar os países atrasados como "imperialistas", de modo a justificar a sua opressão pelos grandes monopólios

Em meio a uma crise gravíssima nas fronteiras da Ucrânia, da Bielorrússia e da Rússia, que poderão dar lugar a uma guerra de grandes proporções, o periódico online A Verdade, ligado à Unidade Popular pelo Socialismo (UP), publicou o artigo “Disputa interimperialista (sic) está por trás da crise na Ucrânia”. Como o próprio nome já índica, trata-se de uma tentativa de acusar todos os envolvidos na disputa — Rússia, União Europeia e Estados Unidos como países imperialistas cujos interesses seriam opostos ao do povo ucraniano.

Logo no início do artigo, a UP diz o óbvio: “no Brasil, a maior parte dos meios de comunicação da burguesia já tomou o lado dos EUA e da OTAN, chamando a Rússia de agressora”. Não restam dúvidas de que a grande imprensa está ao lado do imperialismo norte-americano. O que chama a atenção no texto, no entanto, é a crítica que faz à “imprensa social-democrata” por “tomar partido da Rússia”.

É estranho, mas isso já virou moda no interior da esquerda pequeno-burguesa. Como ficou claro no caso do golpe de Estado de 2016, esse setor adquiriu o mau-hábito de, em meio a conflitos intensos, não ficar de um lado, nem de outro. Neste caso, portanto, a UP tanto estaria contra os Estados Unidos (o imperialismo) quanto a Rússia, que desafaria os interesses do imperialismo.

A explicação da UP para não apoiar a Rússia neste conflito é a de que o país, assim como os Estados Unidos, a França e a Grã-Bretanha, seria “imperialista”. A ideia é tão absurda que o artigo não chega a dizê-lo com todas as letras, mas dá a entender em vários momentos: “a Ucrânia hoje é palco de mais uma disputa interimperialista”, “o que está em jogo é a disputa por zonas de influência e pela dominação do país” etc.

Classificar a Rússia como um país imperialista é um absurdo. Vai totalmente de encontra ao ao que Lênin definiu como imperialismo em seu clássico “Imperialismo, fase superior do capitalismo”. A Rússia não tem colônias, não possui grandes bancos ou grandes empresas com atuação mundial, nem tem uma influência decisiva na vida de nenhum país. Para ficar em um único exemplo, as petroleiras, os bancos e outras grandes empresas norte-americanas lançaram mão de espiões e despejaram bilhões de dólares para derrubar o governo brasileiro em 2016. A Rússia nunca fez, nem tem condições de fazer algo do tipo.

Seguir o marxismo e a doutrina deixada por Lênin nunca foi, de fato, o forte dos stalinistas, mas sim distorcê-la para justificar seus interesses escusos. Quais são, então, os grandes argumentos da UP para explicar a tese da “Rússia imperialista?”

Segundo a UP, a participação da Rússia no conflito se dá porque “a única preocupação dele [Vladimir Putin] é com dois pontos: o fim da expansão imperialista da OTAN rumo ao leste e a consolidação de todas as ex-repúblicas soviéticas como áreas de influência da Rússia”.

Ora, mas mesmo que a UP esteja certa — isto é, que não há um interesse russo em combater o imperialismo —, isso não faz da Rússia um país imperialista! Seria o mesmo que dizer que um trabalhador pelego, por não aderir a uma greve, seja um patrão… Mas o nível da argumentação da UP é ainda mais baixo que isso…

Seguindo esse raciocínio, só seria possível ter uma posição anti-imperialista aqueles que fossem doutrinariamente anti-imperialistas, sendo que a única doutrina sólida anti-imperialista é o marxismo. É uma exigência absurda, e que inclusive se reflete no caso brasileiro: a UP se recusa a apoiar Lula porque o ex-presidente é uma liderança operária empírica, e não um pregador charlatão do marxismo, como os oportunistas da UP. Como bestas feras antimarxistas, os dirigentes da UP são incapazes de distinguir forma e conteúdo, discurso e política prática.

O fato de que a Rússia tem aspirações territoriais não faz dela um país imperialista. Muito pelo contrário: trata-se de uma medida defensiva, uma tentativa de conter o imperialismo. Na época da União Soviética, a Rússia formou ao seu redor um cinturão de defesa, uma vez que, desde a Revolução de 1917, o Estado Operário russo foi alvo de todo tipo de tentativa de desestabilização, incluindo guerras violentas. Após a queda da URSS, o imperialismo procura formar um cinturão de ataque à Rússia. O golpe na Ucrânia em 2014 é parte disso, bem como a tentativa de derrubada do governo bielorrusso e a imposição de governos de extrema-direita na Polônia.

A Rússia tem, sim, o interesse em frear o ingresso da Ucrânia na OTAN. E isso, em si, já faz dela um aliado dos oprimidos. Mas é mais do que isso: o esforço da Rússia de impedir que o imperialismo transforme os países na sua fronteira em governos-fantoche é, em si, uma contradição com o imperialismo. Uma contradição que interessa e muito o povo ucraniano.

A esquerda deve apoiar em peso as iniciativas da Rússia na Ucrânia. Trata-se de um país oprimido, atrasado, sob constante ataque do imperialismo, que está sendo levado a varrer o imperialismo de sua região de influência. O povo ucraniano não pode querer nada melhor do que se ver livre do imperialismo.

Chama a atenção, inclusive, que essa posição da UP apareceu também na Folha de S. Paulo. A imprensa burguesa, que trata como “louco” quem fala em “imperialismo”, agora aparece criticando os “interesses imperialistas” na Ucrânia. O objetivo é claro: atacar a Rússia para embasar o ataque à Ucrânia.

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