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Uma insistência desastrosa

Quem ganha com a participação da direita nos atos?

O PSDB, legenda hoje manipulada pelo fascista BolsoDoria, está se passando por santo imaculado na medida em que a "frente ampla" é propagada

O jornal golpista Folha de S.Paulo, conselheiro mui amigo da esquerda nacional, publicou, mais uma vez, um artigo anunciando que a direita irá participar das manifestações pelo Fora Bolsonaro. Agência profissional de propagação de notícias falsas, a Folha de S.Paulo nunca pode ser encarada como se aquilo que ela diz sobre a esquerda é verdade ou somente expressão de sua vontade. Normalmente, quando a Folha diz que a esquerda “pensa” ou “fez” alguma coisa, trata-se daquilo que a burguesia pensa e quer que a esquerda pense e aquilo que a burguesia quer que a esquerda faça.

Neste sentido, a Folha abre o artigo assinado por Joelmir Tavares dizendo:

“A quarta rodada de manifestações nacionais contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), marcada para este sábado (24), pretende reunir mais representantes de partidos de fora da esquerda e diversificar o público no momento em que a pressão pelo impeachment sofre reveses”.

Como toda a fofoca envolvendo a esquerda, a Folha não apresenta quem seria suas fontes. Por que os atos teriam mais representantes “de fora da esquerda” — isto é, de direita? Não há qualquer declaração oficial dos organizadores do movimento de que o ato será “mais amplo”. Até porque não há uma organização formal das manifestações, mas sim uma “operativa” secreta, que não tem pessoas públicas a sua frente, nem se pronuncia diante de questões fundamentais para a continuidade dos atos.

Se não há uma opinião da “organização” dos atos, é possível identificar qual a posição das diferentes organizações que compõem o movimento pela derrubada do governo — isto é, os partidos, sindicatos e entidades da esquerda. Para o PCO, partido que tem uma imprensa própria e divulga seu programa abertamente, a direita não é bem-vinda nas manifestações. Seus militantes são a favor de expulsar o PSDB no último ato e têm feito uma campanha pública contra a participação de golpistas na manifestação.

Se o PCO expressa abertamente a ala radical do movimento, que defende que ele seja dirigido unicamente pelas organizações que representam o povo, o partido da esquerda que defende abertamente uma posição oposta é o PCdoB. O partido propôs a expulsão do PCO da coordenação dos atos em Florianópolis em favor do PDT, propôs uma nota condenando a expulsão do PSDB na Avenida Paulista e fala abertamente que é preciso convidar a direita para as manifestações. Tanto é assim que o partido se reuniu, na semana passada, com o PSDB, o Cidadania, a Força Sindical e outras organizações patronais e golpistas.

A maioria das organizações que compõem o movimento não apresenta claramente suas posições — o que faz com que qualquer notícia sobre a participação da direita seja uma especulação ou um boato da Folha de S.Paulo. No entanto, o silêncio sobre esse problema indica muito mais um repúdio à política de colaboração com o PSDB do que um apoio: se as organizações quisessem defender a participação da direita nos atos, poderiam fazê-lo sem qualquer hostilidade, pois é a política que a burguesia está descaradamente apoiando. A não ser que as direções não queiram se posicionar não por medo da burguesia, mas sim porque essa política seria impopular entre suas bases. Se esse for o caso, de qualquer maneira, estaria comprovado que a política de convidar o PSDB para os atos não vem do movimento — pois suas bases seriam contra.

O artigo da Folha, portanto, não é uma reportagem que reflete a vontade do movimento, mas sim o desejo da burguesia e do PCdoB, partido que não se incomoda de aparecer como grande defensor da aliança com a direita.

Entre aquilo que a burguesia quer impor ao movimento, aparece, no artigo, que:

“Na avenida Paulista, legendas que se declaram de centro e buscam se descolar do PT terão um caminhão de som próprio. Com isso, buscam atrair manifestantes contrários ao presidente que não querem ser carimbados por Bolsonaro como esquerdistas ou apoiadores do ex-presidente Lula”.

Como nem mesmo a Folha de S.Paulo esconde, o objetivo da direita ao participar dos atos é levantar o seu próprio programa. Isto é, opor a candidatura de Lula, que é a expressão natural do movimento, a um programa neoliberal, direitista, que esteja em acordo com o golpe de Estado de 2016. Isso, em si, já coloca o “bloco de centro” como um claro inimigo do movimento: as pessoas que estão nas ruas não estão revoltadas com a figura de Bolsonaro, mas sim com a política reacionária e genocida que vem sendo implementada desde a derrubada do governo do PT.

Se os atos são atos que não defendem a candidatura de Lula e, pior, não são atos da esquerda, são atos, portanto, da direita golpista. É isso que quer aqueles do “bloco de centro”, empurrados pela imprensa golpista e protegidos pelo PCdoB.

A alegação de que esse bloco estaria se protegendo da “violência” dos manifestantes é ridícula. A “violência” não é à toa: é o resultado natural do enfrentamento entre os assassinos do povo, que mataram mais de 130 mil pessoas somente em São Paulo durante a pandemia e que mataram milhares de jovens por meio da Polícia Militar, e o próprio povo. Se quisessem ser bem recebidos, não deveriam ter apoiado o golpe e entregado o País para a extrema-direita.

O objetivo de formar um bloco à parte, na verdade, está em aparecer como um grupo que lidere a manifestação. Com a ajuda, é claro, dos fotógrafos da Folha de S.Paulo, que já sabe de antemão onde ficará o bloco golpista:

“Desta vez, ao lado de partidos como PSB, PDT, Cidadania, Rede e Solidariedade, o PSDB terá um espaço próprio para as falas, em um caminhão que ficará em frente ao Conjunto Nacional. Os movimentos Acredito e Agora!, ambos de centro, e organizações estudantis e sindicais também estarão no local”.

A participação da direita nos atos, conforme a propaganda e a manipulação da própria Folha de S.Paulo deixa claro, parte da própria burguesia. E isso é claro: esses partidos todos, juntos, não levam nem mil pessoas à manifestação. Não têm nada a acrescentar nos atos. Pelo contrário: geram confusão e desmobilizam aqueles que estavam saindo de casa justamente para protestar contra esses vigaristas.

Quem tem a ganhar com essa operação são unicamente esses partidos: são todos os golpistas que, justamente por atacarem tão violentamente o povo, tentam agora se reciclar.

Embora seja o objetivo de todos eles aparecerem como esquerdistas e se mostrarem como aliados do povo, não se pode considerar que todos os partidos estão em pé de igualdade no bloco. São todos golpistas, prostitutas da burguesia, mas com pouquíssima condição de se projetar de um ponto de vista eleitoral. Por motivos óbvios, quem mais tem a ganhar com essa operação é o PSDB.

Afinal de contas, o PSDB é o único partido desses que teve a oportunidade de governar o País e é o partido que governa São Paulo por décadas. Foi o partido mais bem-protegido pela Operação Lava Jato e é o partido mais querido pela Rede Globo e pela Folha de S.Paulo. Se a operação de, por um lado, impedir a participação do ex-presidente Lula nos atos, e, por outro, infiltrar um bloco de direita nos atos tem êxito, seu caminho natural seria o de reerguer o PSDB como candidatura presidencial viável.

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