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Cavalo de Troia

Que “unidade” Boulos defende?

Boulos, na contramão do movimento popular, força a participação de setores reacionários para concluir seus objetivos eleitorais

guilherme boulos psol

Estamos próximos das eleições de 2022. As movimentações acerca de possíveis alianças são cada vez mais intensas. Dentro do curral eleitoral da direita, procura-se sangrar o bolsonarismo, mas não abatê-lo. Setores da esquerda articulam uma frente capaz de derrotar a direita no campo eleitoral. O candidato psolista Guilherme Boulos defende a unidade dos partidos do campo progressista. Seu interesse, segundo ele, é derrotar a hegemonia do PSDB em nível estadual (em São Paulo) e Bolsonaro, em nível nacional. Mas que unidade seria essa?

Em entrevista ao jornalista Juca Kfouri, no programa Entre Vistas, na quinta-feira, 28, Boulos defendeu uma “frente ampla”, que, segundo ele, “está funcionando desde já”. Tudo isso para preservar a democracia brasileira dos arroubos autoritários de Bolsonaro, disse. Como destacou o candidato do PSOL, a unidade dos campos “progressistas” seria uma “frente ampla”. Deixemos que Boulos nos esclareça sobre a definição do que, na sua opinião, seria um campo progressista.

“Para derrotar a máquina do PSDB, acredito muito na unidade. Não acredito muito na autossuficiência, não acredito na arrogância ou em projetos que são próprios de cada qual. Temos feito um esforço para que a gente consiga chegar numa unidade em 2022, também aqui em São Paulo. Construí-la nacionalmente contra Bolsonaro, e aqui em São Paulo também contra o Doria”, concluiu.

Ora, essa unidade defendida por Boulos, em nenhum momento, foi definida com tamanha clareza como fizera com o andamento da frente ampla. De acordo com Boulos, a frente ampla está funcionando desde já. Mas será mesmo? É bem verdade o esforço da burguesia em emplacar o candidato da terceira via. Discordamos, no entanto, do seu funcionamento. Em todos os atos pelo Fora Bolsonaro em que a direita se infiltrou (com o apoio de Boulos e de outros setores da esquerda; lembremos!), o resultado foi uma chuva de vaias, brigas e uma gigantesca repulsa da população. De onde, então, sairia essa conclusão de Boulos? Esse otimismo forjado no oportunismo eleitoreiro só poderia vir das articulações que ocorrem nos bastidores do movimento pelo Fora Bolsonaro. É a chamada operativa, a qual tanto temos criticado nesse diário. 

“Temos feito diálogos com vários partidos, inclusive com Haddad e o PT. Mas também com o PCdoB, Rede, PDT, PSB”, afirmou Boulos. Segundo o burocrata do MTST, não existe a possibilidade de uma terceira via. “Sejamos francos, se o Bolsonaro mantém esse patamar de 25% a 30% das intenções de voto, não existe espaço para o crescimento de uma terceira via. O que boa parte do establishment quer é um Bolsonaro civilizado, que saiba comer de garfo e faca. E para poder ter espaço social e político para isso, precisava enfraquecer o Bolsonaro”, disse.

O que seria da terceira via senão o rebento da frente ampla? Ou seja, o resultado acabado da capitulação da esquerda frente à burguesia? A unidade defendida por Boulos é a unidade com os partidos que participaram do golpe de 2016 contra o governo democraticamente eleito de Dilma Rousseff (PT). Recentemente, ele saiu em defesa do abutre golpista e direitista do PDT quando esse fora expulso a base de insultos e vaias no último ato pelo Fora Bolsonaro, mas ficou calado quando este fez acusações grotescas contra Dilma, Lula e o PT. Nem uma palavra para defender os petistas, vítimas do golpe, dos ataques do coronel cearense, que recebeu toda sua solidariedade quando foi repudiado pelo povo.

Boulos, na contramão do movimento popular, força a participação de setores reacionários para concluir seus objetivos eleitorais. Esta é a definição mais cristalina de sua  proposta. O termo “progressista” não é apenas usado de maneira incorreta, como, também, de maneira a confundir a população. O progresso histórico sempre fica a cargo dos setores que se posicionam à esquerda no espectro político. Obviamente, nenhuma força política  que esteja no campo da direita ou que esteja comprometido com o regime golpista, como é o caso dos partidos burgueses partícipes do golpe de 2016, estaria no campo progressista. Boulos, no entanto, usa o termo para humanizar os inimigos do povo. Para ele, alguém é “progressista” desde que cumpra com os seus objetivos individuais de oportunista pequeno-burguês.  

“Uma coisa é você se unificar para lutar contra os arroubos autoritários do Bolsonaro, lutar pelo seu impeachment, lutar contra as políticas de destruição que ele implementa. Essa não é uma frente para a eleição de 2022. E essa frente deve ser tão ampla quanto possível. Se tem setores do centro e da centro-direita que hoje estão contra o Bolsonaro, e na defesa da democracia, que bom!”, disse o candidato do PSOL.

Essa falta de crença na “autossuficiência” do movimento popular não é exclusividade do dirigente do PSOL, é uma tentativa fugaz dos elementos da esquerda pequeno-burguesa em concretizar suas necessidades imediatas. Não acreditam na “autossuficiência”, pois não têm ligação com as massas famintas, desempregadas e pisoteadas que esperam por uma direção que as oriente na luta contra todo o regime de miséria imposto pelos golpistas. Quando falamos golpistas, estamos falando de todos os setores da direita, de todos os partidos envolvidos no golpe de 2016 e, sem receio de incorrer em exageros, de todos os setores da esquerda pequeno-burguesa que perpetuam a frente ampla, negando as mobilizações e sabotando a luta popular em prol da frente ampla, isto é – deixemos claro! – da terceira via.

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