É comum que militantes e ativistas mais inexperientes critiquem as divisões da esquerda. Essa ideia, normalmente de pessoas despolitizadas, não entende que as divergências não apenas são naturais, já que se trata de vários grupos com vários programas diferentes, como são necessárias para fazer evoluir o movimento.
No meio de tanta divergência, se existe um tema capaz de unificar a esquerda é a defesa da Revolução Cubana. Não há esquerdista que não defenda as conquistas do povo cubano e que não olhe com admiração o regime conquistado pelo povo, sob a liderança de Fidel, Guevara, Raúl, Cienfuegos e tantos outros.
Mas como nada é perfeito, existem grupos que se apresentam como de esquerda e que são contra a Revolução Cubana. O principal deles é o PSTU, que diante da maior ofensiva recente do imperialismo contra o regime cubano, se coloca de armas e bagagens do lado dos maiores inimigos da revolução.
No dia 15 de novembro, a esquerda realizou uma frente única para defender as embaixadas e consulados cubanos no Brasil e no mundo em resposta às ameaças dos gusanos de que iriam realizar protestos impulsionados pelo imperialismo.
Onde estava o PSTU no dia 15 de novembro? Não estava na frente única da esquerda em defesa da Revolução, o que por si só já seria grave. Mas a posição política do PSTU é muito mais grave. O partido, junto com seu grupo sindical, a Conlutas, se colocou ao lado dos gusanos para atacar Cuba.
Estiveram em frente ao consulado em São Paulo com um cartaz atacando o regime cubano. Foram pela manhã para não serem fotografados junto com os gusanos e para não serem escorraçados pela esquerda, que chegou ao local na parte da tarde. Como diz o ditado, o PSTU tem medo, mas não tem vergonha.
Mas o horário não tem a menor importância. O PSTU está alinhado ao imperialismo contra Cuba. Às vezes, simplesmente falar imperialismo é um pouco abstrato, é necessário dar os nomes aos bois que atacam Cuba e que o PSTU faz uma frente única contrarrevolucionária: Bolsonaro e os bolsonaristas, tucanos e direitistas de toda espécie, Donald Trump, Joe Biden, Rede Globo, Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, os generais. O PSTU está juntinho com a corja inimiga dos trabalhadores em todo o mundo.
O PSTU forma, assim, uma ala esquerda da contrarrevolução, corroborando com todas as calúnias e mentiras contra Cuba e pior, corroborando com a política genocida do imperialismo que promove um embargo assassino contra o povo cubano e procura intervir na Ilha.
Essa política do PSTU não é uma exclusividade para o caso de Cuba. No Brasil, o partido ficou a favor do golpe orquestrado pela direita e pelo imperialismo; na Venezuela, o PSTU ataca o governo Maduro; na Nicarágua, ataca o governo Ortega; foi a favor do golpe de características fascistas na Ucrânia; ficou a favor do golpe no Egito. Pelo menos no que diz respeito à política pró-imperialista, o PSTU é bem coerente em todos os locais e constitui de fato essa espécie de ala esquerda do golpismo e da contrarrevolução.
A desculpa pseudoteórica do PSTU é que, reivindicando-se trotskista, argumenta que Cuba é um regime “stalinista”. E pior: que não é mais um Estado Operário, e sim um Estado capitalista restaurado. Um devaneio dos mais ridículos. Cuba é, junto com a Coreia do Norte, o único Estado Operário que restou no mundo após a derrocada da União Soviética e seus satélites, isto é, após a derrocada do stalinismo ─ que controlava a maioria dos partidos comunistas do mundo.
Sendo Cuba um Estado Operário, qual deve ser a posição dos trotskistas? Logicamente, apoiá-la, assim como foi quando da invasão da URSS pelos nazistas na II Guerra Mundial. Isso é algo ainda mais óbvio, pois, àquela época, uma parcela dos ditos trotskistas romperam com a VI Internacional porque não concordavam com o apoio à URSS de Stálin contra o invasor imperialista. Agora não há mais a desculpa da existência do stalinismo. E mais: mesmo que Cuba não fosse mais um Estado Operário, deveria ser defendida até a morte, porque do outro lado está o imperialismo. Não é o povo, não são os trabalhadores, mas sim os agentes do imperialismo, pagos pela CIA e pelo NED, que conspiram contra o governo.
O PSTU, sendo coerente em seu apoio ardoroso do imperialismo, decai junto com ele. Afinal, todos aqueles que estão agarrados, sejam à perna direita ou à perna esquerda do imperialismo, afundam-se junto com ele.