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Federação direitista

PSOL na “rede” com a direita golpista

Executiva do PSOL já aprovou e partido que procurou se lançar como "radical", deve "se casar" com os golpistas de Marina Silva, evidenciando seu caráter conservador

O PSOL divulgou em sua página que aprovou a federação partidária com a Rede Sustentabilidade, o partido de Marina Silva. A decisão foi aprovada pela Executiva Nacional do Partido, na última quarta-feira, dia 30 de março. A federação vale para as eleições de 2022, e para os próximos quatro anos. A decisão deverá ser ratificada pelo Diretório Nacional do PSOL, que se reunirá no próximo dia 18 de abril, e a conferência eleitoral do partido, que acontecerá no dia 30 de abril. 

As federações partidárias são uma forma encontrada para reviver as coligações. Essas, extintas em 2017, possibilitavam a união de partidos em torno de candidaturas não majoritárias, como as que acontecem para o poder legislativo. A principal diferença entre as federações e as coligações é que, na federação, o partido assume um compromisso de 4 anos com os outros membros da federação. Na coligação, o compromisso era só até terminarem as eleições.

A federação surgiu como resultado da criminosa “reforma política” empreendida pelo Congresso Nacional no período do golpe de Estado. Com o objetivo de liquidar a maior parte dos partidos, de modo a tornar o regime ainda mais controlado, a federação é uma espécie de preparação para uma fusão forçada de partidos mais débeis.

Um partido forjado no golpismo

A união de PSOL e Rede tem como principal intenção evitar a falência de ambos os partidos. Desde que entrou em vigor a cláusula de barreiras, os partidos que não tiverem um percentual mínimo de votos terão seus parlamentares impedidos de tomar posse. Uma medida que já denota o caráter anti-democrático do regime político brasileiro. A federação é uma possibilidade para procurar burlar essa cláusula, já que se somarão os votos de todos os partidos que a compõem para definir se ocorrerá ou não a barreira. Não há, de fato, nenhuma questão ideológica por trás dessa movimentação, como fica claro neste trecho da própria nota oficial do partido:

“A federação surgiu como um instrumento para que partidos ideológicos possam buscar ultrapassar conjuntamente a antidemocrática cláusula de barreira”.

No jargão da esquerda pequeno-burguesa, partido ideológico seria um suposto partido “não-fisiológico”, o que não é o caso do PSOL e nem da Rede, como será colocado mais adiante.

A fusão do PSOL com a Rede para as próximas eleições é uma demonstração do reacionarismo da política do Partido Socialismo e Liberdade. Todos se lembram do papel de Marina Silva, principal liderança da Rede, no golpe de estado contra Dilma Rousseff e o PT. Marina deixou o Partido dos Trabalhadores em 2008, integrando-se à sub-legenda do PSDB, Partido Verde. Posteriormente, passou para outra dessas sublegendas, o PSB, pela qual saiu candidata, em 2014, após a morte de Eduardo Campos em um muito suspeito acidente de avião.

Era evidente, na época, que Marina tinha como tarefa primordial atacar e procurar tirar votos do PT durante todo o processo eleitoral. Tudo isso com o objetivo de possibilitar a vitória de Aécio Neves (PSDB). Ela foi peça fundamental de um pleito marcado por inúmeras tentativas de fraudes, manipulações e golpes contra a candidata Dilma Rousseff.

Posteriormente, fundou seu próprio partido: a Rede. Com inúmeras denúncias de financiamento vindo do imperialismo, particularmente do bilionário George Soros, trata-se de um partido apoiador do golpe de estado, mas que procura fazer alguma demagogia esquerdista em seus discursos no parlamento, atraindo para si um setor histérico da pequena-burguesia – adepto de “causas ambientais” – e outros incautos. 

Muita coisa em comum

A matéria do PSOL faz elogio à atividade da Rede, dizendo: 

“A Rede tem sido um partido aliado na luta contra Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Junto com o PSOL, faz o combate à ofensiva reacionária contra os direitos sociais, o meio ambiente e a soberania nacional”

No entanto, é difícil dizer qual a forma que toma esse tal “combate”. Até onde se sabe, a Rede é um partido que apóia uma boa parte das medidas pró-censura da burguesia.

Há outra afirmação na matéria do PSOL sobre a Rede, que é um indicativo maior do porquê os dois partidos se juntam em federação para o próximo pleito:

“As votações de ambos os partidos nos momentos decisivos mostram uma identidade política que permite apostar na formação de uma federação partidária”

Isso é revelador de um fato. Todas as políticas mais reacionárias, pró-imperialistas e direitistas do PSOL são ecoadas pela Rede. Entre elas, está o próprio apoio entusiasmado à Lava-Jato. O senador da Rede, Randolfe Rodrigues, é um dos mais conhecidos fãs de Sérgio Moro e cia. Em matéria publicada no sítio do Senado Federal, em 31 de maio de 2016, com Temer governando o país e o golpe de estado a todo o vapor, Randolfe declara fervoroso apoio à Lava-Jato, segundo ele, a operação teria condenado “105 corruptos e corruptores com penas que, somadas, ultrapassam onze séculos de cadeia. O senador afirmou que o Supremo Tribunal Federal já ampliou o alcance da Lava-Jato, atingindo várias figuras poderosas da República”.

Além disso, quando o PT propôs a PEC 5/2021, que diminuía o poder abusivo do Ministério Público Federal, a Rede, junto com PSOL e Partido Novo, votaram contra, mostrando que não há engano: foram todos a favor de todos os abusos praticados pelo Judiciário e pela Polícia Federal. O PSOL também sempre se declarou a favor da Lava Jato. Guilherme Boulos, sua principal figura da atualidade, trabalha inclusive no IREE, instituto, dirigido por Leandro Daiello – delegado da PF na época dos abusos e perseguições da Lava Jato. 

Federação anti-Lula

É preciso dizer, para concluir, que o PSOL e a Rede se unem numa Federação anti-Lula. Após todo um período de tergiversação por parte de todos os partidos da esquerda, o PT segue isolado em sua campanha eleitoral. Apesar de o tempo todo ensaiar um possível apoio para Lula, o PSOL não declara esse apoio logo de uma vez, impõe uma série de exigências para o PT em troca do apoio e agora forma federação com um partido apoiador do golpe de estado e que serviu como ferramenta da burguesia para efetuar a derrubada do governo de Dilma.

Os militantes e apoiadores do PSOL devem questionar a direção de seu partido, sobre por que razão eles pretendem fazer aliança com um partido tão direitista. Além disso, é preciso exigir, não só do PSOL, mas de todos os partidos de esquerda, o apoio à candidatura de Lula. Trata-se de um candidato de esquerda, oriundo do movimento operário, e o único com capacidade para derrotar Bolsonaro. A vacilação é um apoio ao golpe de estado, pelo qual toda a esquerda acabará pagando muito caro no futuro. 

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