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Antipetismo noel

PSOL dá presente de Natal a Alckmin

No que depender do partido de Guilherme Boulos e Juliano Medeiros, candidatura de Lula será destroçada pelos tubarões do PSDB

alckmin

Ao que tudo indica, o ano de 2021 irá terminar com o ex-presidente Lula disparado em primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto para presidente da República. Mesmo tendo sido preso e continuar sendo alvo de uma das mais furiosas campanhas de difamação da história brasileira recente, Lula vai demonstrando a sua capacidade real de derrotar eleitoralmente o bolsonarismo e, parcialmente, o golpe de Estado de 2016.

Nada virá de graça, no entanto. Mesmo em países onde a situação social e até mesmo humanitária entrou em colapso total, o imperialismo não permitiu que grandes lideranças nacionalistas retornassem ao governo. Na Bolívia, a quase insurreição contra o golpe militar deu lugar à eleição do hiper-moderado Luis Arce, um professor universitário que não tem, nem de longe, a mesma ligação com o movimento popular que tem o cocaleiro Evo Morales ─ impedido de voltar ao poder. Na Argentina, a falência total do Estado impediu a reeleição de Mauricio Macri, mas Cristina Kirchner acabou capitulando diante das pressões da direita e permitiu que seus apoiadores fossem usados para eleger o também hiper-moderado Alberto Fernández, político tradicional do regime e que foi parte inclusive do governo furiosamente neoliberal de Carlos Menem. No Chile, onde a possibilidade de o povo tomar o poder estava colocada, não fosse a traição dos partidos da esquerda institucional, as eleições foram utilizadas para arrefecer ainda mais a rebelião, resultando em governo de um inimigo de Cuba, da Venezuela e da Nicarágua.

Diante disso, nem mesmo a situação aparentemente favorável em que Lula se encontra nas pesquisas eleitorais oferece qualquer garantia de vitória por parte da esquerda. Muito pelo contrário: os sinais são cada vez mais claros de que a burguesia se prepara para a terceira fase do golpe de Estado — isto é, a imposição de um terceiro presidente inimigo dos trabalhadores. A chegada do general Fernando Azevedo e do golpista Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) são presságios sinistros do que está por vir.

Nessa situação extremamente contraditória, em que a esquerda tem às mãos um candidato que talvez seja o mais popular do planeta e, ao mesmo, em que a burguesia se prepara para mais um grande golpe, o Partido Socialismo e Liberdade, o PSOL, decidiu esperar — sabe-se lá até quando — para tomar uma decisão a respeito de seu apoio à candidatura de Lula. A menos de um ano das eleições, a legenda ainda não declarou se apoiará ou não Lula. Embora sua influência no movimento operário seja mínima, o gesto do PSOL acaba por influenciar todo um conjunto de organizações da esquerda pequeno-burguesa que orbitam em seu entorno, criando um clima de dispersão no interior da esquerda. É por causa de atitudes como essas do PSOL que ainda não há uma poderosa frente única da esquerda por Lula Presidente, o que dá ampla vantagem para a burguesia golpista na disputa eleitoral.

Se a esquerda apenas começar a se mobilizar por Lula Presidente em abril do ano que vem, como o PSOL parece pretender — se é que de fato irá apoiar a candidatura de Lula, visto que seus filhotes, o PCB e a UP, já decidiram que não vão apoiar a candidatura do petista —, o caminho a ser trilhado será muito mais difícil. Daqui a até lá, a burguesia, que tem os seus interesses muito mais bem definidos, já deverá ter passado a perna na esquerda cem mil vezes.

O pretexto da vez do PSOL para não apoiar Lula é porque o petista estaria interessado em formar uma aliança com o eternamente tucano e golpista Geraldo Alckmin (sem partido). O PSOL, que não teve vergonha alguma em chamar o PSDB para as manifestações Fora Bolsonaro e repreender o povo por expulsar os cabos eleitorais contratados pelos tucanos, nem em assinar manifestos com Fernando Henrique Cardoso e Armínio Fraga, diz que a participação de Alckmin na candidatura de Lula seria inaceitável.

Não dá para levar a sério que o que realmente incomoda o PSOL é a eventual participação de Geraldo Alckmin. Afinal, o PSOL esteve lado a lado com o PSDB e Geraldo Alckmin durante o golpe de Estado, atacando o governo do PT, e durante a prisão de Lula, sabotando a campanha “Lula Livre”. Isso sem falar que o PSOL é o partido, na esquerda, que mais apoiou a Lava Jato — seu dirigente carioca Chico Alencar chegou, literalmente, a beijar a mão de um tucano por considerá-lo ilibado, ao contrário dos “corruptos” do PT e do MDB. Em 2014, Plínio de Arruda Sampaio, um dos principais caciques à época, falou textualmente que punha “a mão no fogo” por Alckmin.

O motivo, portanto, é outro. O PSOL critica a aproximação de Alckmin porque quer encontrar um pretexto para não apoiar Lula. Porque é o partido da Rede Globo e da Folha de S.Paulo na esquerda, que defende os golpes de Estado na América Latina e que tem um histórico de lançar candidatos em todas as ocasiões em que o PT tem chances reais de vencer as eleições, somente para dividir os votos da esquerda. Em 2006, o PSOL lançou como candidata à presidência da República a alagoana Heloísa Helena, cuja principal função foi a de liderar um movimento nacional contra o aborto que frustrou a tentativa do governo Lula de realizar um referendo sobre essa questão. Em 2014, durante as preparativas para o golpe de Estado, a candidata Luciana Genro surgiu como a maior apoiadora da Lava Jato. Em 2018, Guilherme Boulos foi lançado para tentar roubar os espólios da candidatura de Lula e referendar as eleições fraudadas daquele ano.

Mas e Alckmin, não seria ele de fato um mau “vice” para Lula? Não apenas mau. Alckmin é um criminoso, um bandoleiro da política com quem a esquerda não deveria sequer dividir a calçada. Um picareta que, ao contrário do que defende o PSOL, mereceria ser linchado numa manifestação popular caso ousasse aparecer nas ruas. No entanto, o boicote do PSOL à candidatura de Lula não enfraquece Alckmin. Pelo contrário, a fortalece.

A aventura desmoralizante e catastrófica da colaboração de classes depende muito mais da correlação de forças do que das ideias malucas de um candidato. Para que Lula tenha um programa da classe operária e forme uma chapa de companheiros da luta popular, o discurso universitário — e falso — do PSOL não servirá. Lula, como um político empírico e reformista, não acredita que a classe operária é capaz de chegar sozinha ao governo. Por isso, em vez de pregá-lo na cruz por supostamente querer se aliar a Alckmin, o que qualquer organização de esquerda deve fazer é impulsionar um verdadeiro movimento que pressione Lula no sentido da luta da classe operária.

Se Lula tem uma predisposição à conciliação, um defeito, que é abundante no PSOL, ele não tem. Lula é sensível ao movimento das massas e, na medida em que as massas se radicalizam, ele tende a acompanhar o movimento para não ficar para trás. Isto é, a melhor maneira de “convencer” Lula a descartar uma aliança com os golpistas é mostrando o poder da classe operária organizada. É mostrar que os trabalhadores têm confiança suficiente para governar sozinhos e que são capazes de fazer justiça com as próprias mãos se forem confrontados com seus inimigos.

Com a atitude do PSOL, no entanto, não é possível criar movimento. O PSOL, ao dar a entender que não apoiará Lula caso Alckmin esteja na chapa, mente para o povo, dizendo que os trabalhadores deveriam se organizar em outra candidatura. Que candidatura seria essa que tem mais condições de derrotar o bolsonarismo do que a de Lula? Nenhuma. No final das contas, quando o PSOL propõe o boicote à campanha Lula Presidente em nome da falsa luta contra Alckmin, está jogando os trabalhadores no colo do bolsonarismo ou da terceira via (ironicamente, que poderá ser representada pelo PSDB ─ e à qual o próprio Alckmin serve).

Esse cenário, em que os trabalhadores estão dispersos, pois a esquerda não está unificada na candidatura de Lula, é o ideal para vampiros como Geraldo Alckmin se aproximarem de Lula. Afinal, sem um movimento nas ruas, e sentindo a faca nas costas de quem deveria estar lhe apoiando, Lula fica muito mais vulnerável às chantagens da colaboração de classes.

O “Alckmin, não” do PSOL é uma farsa. É um belo presente de Natal para que o golpista se infiltre na candidatura de Lula a fim de sabotá-la por dentro e conseguir o seu objetivo de impedir uma eleição de um governo dos trabalhadores.

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