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Por que não se deve substituir a política pela caridade

A esquerda cai numa política de caridade diante do agravamento da crise em vez de organizar os trabalhadores para exigir do Estado

Com o aprofundamento da crise econômica e como consequência o agravamento da fome no Brasil, a esquerda tem tomado medidas que não são, nem de longe, suficientes para resolver a situação. Um estudo realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), nos três últimos meses do ano de 2020, indica que 55,2% dos lares brasileiros, ou o correspondente a 116,8 milhões de brasileiros, conviveram com algum grau de insegurança alimentar. E cerca de 9% dessas pessoas vivenciaram insegurança alimentar grave, isto é, passaram fome. O estudo realizado procura esconder o termo fome por insegurança alimentar, mas o que houve foi que 55,2% dos brasileiros passaram fome em algum momento dos últimos três meses de 2020.

Apresentamos esses dados porque essa crise está fazendo com que a esquerda torne-se ainda mais confusa e esqueça de organizar os trabalhadores por mudanças sociais. Adota, agora, uma política de caridade que não se sustenta – essa é a realidade.

O Partido dos Trabalhadores lançou uma campanha chamada de PT Solidário, onde convoca a militância e filiados para doarem alimentos nos pontos de arrecadação estabelecidos pelo partido. O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a CUT e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC entraram nessa campanha.

Essas organizações mobilizaram seus militantes e arrecadaram ou distribuíram algumas centenas de toneladas de alimentos em todo o Brasil. Um balanço das jornadas de Abril realizada pelo MST foram diz que foram arrecadados 100 toneladas de alimentos. E as outras ações nem nessa marca chegaram.

Não se trata aqui de criticar as pessoas que aderem e se dispõem a doar alimentos, que claramente são bem-intencionadas. O que deve ser discutido é o papel das entidades da esquerda diante do agravamento da pobreza e da fome e, também, a efetividade dessas ações. Pela dimensão e rapidez da pobreza no Brasil, essas ações – que, por sua natureza, são isoladas – não têm efetividade.

As dimensões de uma política governamental não podem ser comparadas com ações solidárias e de caridade. Como vimos aqui nos exemplos acima, com ações das três maiores organizações de esquerda do país, o PT, MST e a CUT, arrecadaram pouco mais de uma centena de toneladas de alimentos diante de mais de 100 milhões de pessoas que podem passar fome. A capacidade de arrecadação em uma campanha de caridade nem chega nem perto do que um governo poderia fazer para saciar a fome da população.

Um bom exemplo foi a política do Bolsa Família. A fome assolava o país numa escala enorme e uma política, que não mudou a situação de pobreza da população brasileira, mas foi como uma medida emergencial e efetiva para reduzir a fome no Brasil. Uma política governamental que enfrente a fome possui uma grande mobilização de recursos e medidas, inalcançáveis de maneira individual, que de fato reduzam a pobreza no espaço de tempo mais rápido possível.

Outro ponto fundamental é o papel de partidos, sindicatos e movimentos sociais diante da pandemia e de um fator de agravamento da crise: a direita e o governo Bolsonaro. Um partido político ou entidades sindicais não são estruturas para realizarem caridade, pelo contrário. São organizações que servem para organizar os trabalhadores em torno de reivindicações dos trabalhadores, inclusive no combate à fome.

Em vez de mobilizar seus militantes e o aparato dessas entidades para arrecadar alimentos, seria de maior utilidade direcionar os recursos para mobilizar os trabalhadores e lutar por suas reivindicações, neste caso, política de governo para acabar com a fome e a miséria do país. Organizar greves, manifestações, fechamento de rodovias, ocupações e outras medidas de mobilização e pressão para que os governos estabeleçam política de combate à fome e à pobreza agravadas pela pandemia.

Esse é o papel de partidos e sindicatos. A caridade não resolve o problema da fome, tanto é assim, que os responsáveis pela fome e miséria do povo brasileiro, como a burguesia, também realizam suas ações de caridade. A Rede Globo e monopólios estão também arrecadando alimentos e distribuindo à população pobre enquanto ajudaram no golpe e na ascensão de Jair Bolsonaro à presidência, e nos ataques às condições de vida da população.

É preciso organizar e mobilizar os trabalhadores contra sua situação de fome e miséria. A pobreza vai aumentar ainda mais e a direita prepara os cortes nas políticas de apoio a população, como o auxílio emergencial. Contra essa situação é preciso, em primeiro lugar, derrubar o governo Bolsonaro e a direita golpista para que o Estado coloque em prática medidas para combater a fome e a pobreza.

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