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O verdadeiro amor pelo PSDB

“Ponho a mão no fogo”: PSOL, o pioneiro no apoio a Alckmin

Legenda de Juliano Medeiros e Guilherme Boulos hoje critica Alckmin apenas para ter um pretexto para não apoiar a candidatura de Lula

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Em 2014, o psolista Plínio de Arruda Sampaio declarou que o tucano Geraldo Alckmin era um “homem correto” e que era capaz de “pôr a mão no fogo” pelo então governador de São Paulo, tamanha a sua confiança em Alckmin. Na mesma entrevista concedida à Folha de S.Paulo, Plínio Sampaio ainda disparou elogios a José Serra: “objetivamente, ele é um governante melhor do que a Dilma e os demais. Ele é meio reacionário e violento, mas competente. Pessoalmente, é uma simpatia, um cara simples”.

Plínio de Arruda Sampaio, hoje falecido, não era um psolista qualquer. Era um dos fundadores e quadros mais importantes do PSOL, tendo sido o seu candidato à presidência da República em 2010. Suas posições, enquanto vivo, eram as posições oficiais da legenda. Tanto que suas declarações ao PSDB não causaram qualquer briga no partido.

O namoro público entre PSOL e PSDB em 2014, quando Alckmin já havia reprimido as manifestações de 2013 e quando seu partido estava envolvido em uma campanha fascista contra o PT, é apenas uma, entre tantas outras demonstrações, da relação umbilical entre os dois partidos. O PSDB surgiu como um partido supostamente progressista e dirigido por pseudo-intelectuais da classe média provenientes da ala esquerda do MDB. Não tardou muito para que se transformasse no partido oficial do imperialismo no Brasil, uma vez que a pequena burguesia, por não ser uma classe social independente, é facilmente cooptada. O PSOL, por sua vez, tem a mesma base social: uma pequena burguesia liberal, com poucas relações com o movimento operário. Um partido, portanto, sem princípios, que está completamente vulnerável às manobras do imperialismo.

A trajetória de ambos sempre se confundiu. Nas eleições de 2014, a candidata do PSOL, Luciana Genro, atacou o governo do PT como pôde, apresentando-se como a “musa” da “luta contra a corrupção”. No segundo turno, fez como Ciro Gomes em 2018 e absteve-se de apoiar o PT.

O derrotado PSDB partiu para uma ofensiva em 2015 contra o governo do PT, formando uma coalizão nas ruas com o que hoje é o bolsonarismo e sabotando o governo no parlamento. Neste mesmo período, o PSOL, em vez de se somar aos atos de rua contra o golpe, incentivou a criação da “Frente Povo sem Medo”, cujo objetivo era protestar contra o governo do PT e dividir o movimento popular, sabotando a Frente Brasil Popular.

Um dos pilares do golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff e levou o ex-presidente Lula à prisão foi a Operação Lava Jato. A operação foi defendida por todos os dirigentes do PSOL, que até hoje nunca reconheceram publicamente que a Lava Jato foi uma operação do imperialismo montada contra o PT e que deveria ser completamente anulada. Na época, inclusive, o deputado Chico Alencar chegou a, literalmente, beijar a mão de Aécio Neves (PSDB), alegando que ele não seria “corrupto” como os políticos dos partidos envolvidos na operação.

O PSOL ainda apoiou as “10 medidas contra a corrupção” de autoria do fascista Deltan Dallagnol, hoje filiado ao Podemos. Recentemente, orientou toda a sua bancada para votar contra um projeto proposto pelo PT que limitaria o poder do Ministério Público, garantido a vitória dos interesses da Rede Globo.

Em 2018, PSOL e PSDB se uniram em mais uma eleição presidencial. Os tucanos, por um lado, sabiam que não tinham condição alguma de vencer uma eleição em que Lula fosse candidato, tamanho o ódio do povo contra os golpistas. Por isso, apoiou entusiasticamente a prisão e a cassação dos direitos políticos de Lula, excluindo-o das eleições. Não por acaso, Alckmin coleciona uma série de declarações raivosas contra o PT naquela época. O PSOL, por outro lado, não fez qualquer campanha pela liberdade de Lula e ainda lançou um candidato para tentar roubar os espólios de sua candidatura: Guilherme Boulos, para quem as eleições mais fraudulentas da última década teriam sido “legítimas”.

Nos últimos dois anos, quando a crise política se acentuou muito, os partidos de Boulos e Alckmin, sob risco cada vez mais iminente de falência, passaram a andar ainda mais juntos. O PSOL e seus dirigentes assinaram dezenas de manifestos com a direita mais podre e golpista do PSDB, incluindo um dos mais genocidas presidentes que a América Latina já teve em toda a sua história, Fernando Henrique Cardoso, e passou a defender abertamente a política de “frente ampla”. Nas manifestações Fora Bolsonaro, o partido e o seu presidente, Juliano Medeiros, defenderam abertamente a participação do PSDB.

Se o PSOL e o PSDB são tão amigos, e sequer fazem questão de esconder isso, por que então o PSOL estaria criticando a suposta aproximação de Lula com Alckmin? Ora, porque o problema do PSOL não é com Alckmin, e sim com… Lula!

O que o PSOL procura é um pretexto — de preferência, um que seja supostamente esquerdista — para não apoiar Lula nas próximas eleições. Afinal de contas, o partido, como demonstrou na votação do caso do Ministério Público, tem contas a prestar à Rede Globo e à sua classe média. Ao mesmo tempo, se vê em um dilema, pois recusar-se a apoiar Lula poderá levar o partido para um caminho sem volta, como o PSTU, naufragado por ter enfiado a cabeça no antipetismo. A melhor maneira de sair desse impasse seria, por um lado, não apoiar Lula, satisfazendo os seus patronos, e, de outro, dizer aos setores mais progressistas de sua base que “até queria apoiar Lula”, mas não poderá fazê-lo por suas “divergências” com Alckmin. Ou seja, um golpe de picaretagem.

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