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Verde e amarelo

PCdoB e PSOL abrem caminho para a infiltração da direita nos atos

Esquerda pequeno-burguesa reforça propaganda bolsonarista de que "nossa bandeira jamais será vermelha"

Nos perfis oficiais do PSOL e do PCdoB, bem como de Guilherme Boulos, de Manuela D’Ávila e de Luciana Santos, é possível encontrar uma mesma imagem convocando os atos do dia 29. Trata-se de uma máscara verde e amarela em que se lê “não tire a máscara, tire o Bolsonaro”, emulando uma bandeira do Brasil.

Muito se fala, entre esses partidos e demais agremiações pequeno-burguesas, de “unidade entre a esquerda”. O ridículo de tudo é que a “unidade”, que não apareceu durante um ano e meio de pandemia para chamar o povo para as ruas, agora, que o povo já está nas ruas, aparece para defender a bandeira do Brasil nas manifestações.

Alguém muito muito ingênuo, que passou os últimos dez anos em Marte, poderia acreditar que a bandeira do Brasil é um símbolo nobre, de patriotismo. Um símbolo de unidade entre o povo sofrido contra as mazelas que o aflige. Esse, contudo, não pode ser o caso do PSOL e do PCdoB, que são partidos políticos.

A bandeira do Brasil se tornou a bandeira oficial da extrema-direita brasileira. O verde e amarelo são as cores mais vistas, de longe, em qualquer manifestação bolsonarista. E ela se vale justamente dessa confusão: como a burguesia não tem uma organização de massas, como não tem um programa popular, ela substitui tudo isso por um sentimento: um pseudonacionalismo que só serve para ocultar sua podridão e entreguismo.

A direita vai para as ruas de verde e amarelo porque não pode sair de azul, com a bandeira do PSDB enrolada nos ombros, pois isso colocaria a própria integridade física em risco, tamanho o ódio da população aos funcionários do imperialismo. Mas não é só isso. Na medida em que o verde e amarelo é um passaporte para que direitistas inimigos do povo sejam contrabandeados para dentro das manifestações populares, também é uma forma de atrair a extrema-direita para as ruas.

O político burguês tipicamente oportunista veste o verde e amarelo para cobrir seu peito tucano. Diz que somos todos irmãos, promete mundos e fundos pelo bem da nação. O bolsonarista, quando sente que o verde e amarelo já tomou conta do ambiente, vai além: para limpar o terreno para a direita, sai acusando todo mundo que não veste verde e amarelo de ser oportunista. E, gritando o refrão de “nossa bandeira jamais será vermelha”, afugenta da manifestação aqueles que melhor representam o povo: as organizações populares e de esquerda, que tem sus símbolos e bandeiras de luta, que representam um verdadeiro programa, e não uma demagogia barata.

De 2013 para cá, esse filme se repetiu, pela milésima vez, do mesmíssimo jeito. A situação explodiu, o povo saiu às ruas revoltado, a direita nacional, representada sobretudo pela imprensa capitalista, criou o clima “verde e amarelo” e a extrema-direita bolsonarista se valeu disso para atacar o PT e mandar todo mundo baixar a bandeira. Como tiveram sucesso, pois a esquerda não soube reagir à altura e expulsar esses infiltrados da manifestação, a extrema-direita se tornou cada vez mais agressiva e consolidou a bandeira nacional como seu símbolo. Isso chegou ao ponto de uma bolsonarista tresloucada invadir uma sessão parlamentar em homenagem ao Japão para acusar os “comunistas” de quererem transformar a bandeira do Brasil em uma bandeira vermelha, que era na verdade a bandeira do Japão… 

A bandeira nacional, neste sentido, é um eixo pelo qual a extrema-direita se movimenta, é uma forma que encontrou de exigir que a esquerda abaixe as suas bandeiras. A esquerda que levanta a bandeira do Brasil não está enfrentando a direita, está aceitando que levar uma bandeira vermelha para uma manifestação é, isso sim, vergonhoso. Se a esquerda se colocar no papel de disputar com a direita para ver quem é dona da bandeira do Brasil, já perdeu, a partir de aí, a disputa. Porque a bandeira tem pouca importância: o que de fato tem importância é se as manifestações defenderão o programa dos trabalhadores, com suas organizações na vanguarda, ou se o seu programa e suas organizações serão diluídas em um verde e amarelo que sempre desemboca no bolsonarismo.

E o sempre é, literalmente, sempre. Não só no Brasil. A extrema-direita ucraniana, de tipo nazista, tomou o poder usando a bandeira de seu país. A extrema-direita peruana, que tem Bolsonaro como uma liderança, passou a usar a camisa da seleção peruana como forma de fazer o mesmo tipo de propaganda.

Neste momento, estamos de volta à mesma situação de 2013, excetuando-se o fato de que as massas já compreenderam a pilantragem por trás do verde e amarelo e que a extrema-direita bolsonarista já revelou que é ela quem está por trás da bandeira do Brasil. Apoiar esse tipo de coisa é um suicídio político.

O apoio desses setores ao verde e amarelo não vem de agora. O PCdoB e seus principais dirigentes, incluindo aí o seu único governador, Flávio Dino, há tempos defendem o verde e amarelo. Chegaram, inclusive, a propor que o partido se chamasse “Movimento 65” e tivesse as cores do Brasil. Após as eleições, essa operação parece ter sido esquecida, mas serviu para que, entre outras coisas, a sigla servisse de abrigo para um candidato chamado Bolsonaldo, que se dizia fã do presidente ilegítimo e fascista. Boulos, por sua vez, não tem um passado diferente. Em 2017, esteve a frente das articulações com Caetano Veloso em torno dos atos “Fora Temer”, que tinha o verde e amarelo como um dos símbolos. Em 2020, o grupo “Somos Democracia”, impulsionado por Boulos, também usava essas cores.

O uso do verde e amarelo parte da consideração de que isso ajudaria a atrair “outros setores” da sociedade que não seriam a esquerda. Esses “outros setores”, na verdade, são a direita. Até porque quase meio milhão de pessoas já saíram às ruas e cerca de um milhão são esperadas no próximo ato. O que o verde e amarelo permite, portanto, é somente que a direita possa andar entre os manifestantes e se sinta protegida, é que a direita se infiltre nos atos e repita o que houve em 2013. O próximo passo será essa direita bradar o “belo” grito de guerra de “p* que pariu, abaixa essa bandeira e levanta a do Brasil”. Não podemos deixar que isso aconteça. Os atos das massas têm suas próprias cores, a cor do sangue derramado pelos oprimidos, o vermelho. Verde e amarelo deixamos para os coxinhas e bolsonaristas.

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