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Movimento "meia Ciro"

PCdoB ataca CUT e PT e lambe o sapato de Ciro Gomes

Integração ao regime é tão grande que partido se transformou em um cachorrinho da terceira via

Após mais um importante dia nacional de mobilização pelo Fora Bolsonaro, seria de se esperar que a esquerda nacional estivesse preocupada em preparar o próximo ato, planejar sua convocação, discutir seus detalhes etc.

Não é esse o caso, no entanto, do PCdoB. O grande esforço do partido — seja por meio de seus órgãos oficiais, como pelos seus parlamentares e grupos-satélite — foi o de — pasmem —  atacar a CUT e o PT e defender os inimigos dos manifestantes.

No portal editado pelo PCdoB, o Vermelho, pode-se encontrar um artigo de título “Centrais repudiam agressões a Ciro Gomes em Ato pelo #ForaBolsonaro”. Mas não se trata de apenas uma notícia: entre as “centrais sindicais” signatárias está a CTB, “central sindical” de brinquedo da burguesia controlada pelos burocratas e pelegos sindicais do PCdoB.

E o que diz a nota? Que as vaias a Ciro Gomes foram “um evento totalmente inaceitável” e que “já se tornaram comuns nas manifestações contra o desgoverno de Jair Bolsonaro as provocações e os ataques de grupos minoritários sem expressão e sem representatividade”. É de um cinismo impressionante!

Se o PCdoB e as “centrais” consideram “inaceitável”, problema deles — caberia demonstrar o porquê. No entanto, dizer que quem vaiou Ciro Gomes foi um “grupo minoritário” já é uma distorção absurda. Trata-se do exato oposto: quem vaiou Ciro Gomes foi uma esmagadora maioria. Quem queria Ciro Gomes no ato é que era um grupo muito minoritário.

Não fosse assim, como um “grupo minoritário”, desprovido de carro de som, conseguiria impedir a fala de alguém? Por que essa “maioria” pró-Ciro não se insurgiu, não começou a gritar em defesa de Ciro Gomes? Por que a “imensa maioria”, que supostamente queria ouvir Ciro Gomes, não estava vestida com camisas do PDT? Por que estavam vestidas de vermelho, cor que Ciro Gomes odeia? Por que não havia faixas no ato com os dizeres de “Lula está preso, babaca”? E, por fim, se é um grupo majoritário que queria Ciro Gomes, por que, segundo a própria Globo, apenas 8% das pessoas no ato se consideravam de “centro-esquerda” — campo no qual Ciro Gomes alega estar?

Obviamente, é algo que não se sustenta. Ciro Gomes foi impedido de falar no ato porque era repudiado por uma ampla maioria, que tinha motivos de sobra para não querê-lo em um ato do povo. E para isso, basta um dado: segundo a mesma pesquisa da USP citada pelo O Globo, 78% dos manifestantes querem votar em Lula — pessoa que foi chamada de “canalha” por Ciro Gomes há poucos dias.

Dito isso, é preciso esclarecer: a que serve essa mentira? Conforme a própria nota deixa claro, as “centrais” inventaram a tese do “grupo minoritário” para atacar a política do grupo que hostilizou Ciro Gomes. Mas quem repudiou veementemente a presença de Ciro Gomes foram, exatamente, as maiores organizações da classe operária brasileira: o PT e a CUT. Elas são majoritárias tanto no âmbito político como no âmbito sindical. “Grupo minoritário”, na verdade, é o PCdoB e a CTB e todos os seus aliados, do PSDB à Força Sindical, que juntos não chegam nem perto do tamanho que têm o PT e a CUT.

Não se trata de nenhuma defesa da “tolerância”, mas sim um ataque sujo aos manifestantes porque o PCdoB tem uma política distinta daqueles que estão nas ruas:

“Para derrubar Bolsonaro, é preciso ir além do nosso campo, pois precisamos de 342 votos na Câmara dos Deputados para aprovar o impeachment. Não é questão de ideologia, mas sim de matemática”.

Dito de outra maneira: qualquer partido que tenha deputado — PSDB, PSL, DEM, Cidadania, Patriota etc. — deve ser chamado para as manifestações. É essa a política do PCdoB e, confrontado com o fato de que o povo não quer essa política, o partido decidiu partir para cima dos manifestantes.

Mas, na verdade, o PCdoB e as “centrais” artificiais que assinam a nota revelam, assim, qual é o seu jogo: o parlamento. Um partido que se diz comunista e “centrais” que dizem representar os trabalhadores não confiam no poder da mobilização popular nas ruas. Para eles, a luta deve ser institucional, no antro de bandidos e salafrários vigaristas, golpistas e direitistas que é o Congresso Nacional. O que o PCdoB está dizendo, portanto, é o seguinte: não é o povo nas ruas, mas sim o PSDB no parlamento, quem deve derrubar Bolsonaro e assumir o poder.

O fato de que a CUT não assinou a nota caluniosa das “centrais” não é coincidência. É porque suas direções, por mais vacilantes que sejam, sabem muito bem que quem hostilizou Ciro Gomes foi, sobretudo, as suas bases. Junto ao PCO, os militantes da CUT e do PT foram quem assumiram a linha de frente das vaias ao direitista. Na verdade, os militantes do PT e da CUT foram além: correram atrás do abutre vigarista e bateram de frente com seus capangas. Deram um bom exemplo do que deve ser feito com a direita golpista. E não era para menos: os militantes se sentiram traídos, a participação de Ciro Gomes foi um estupro político. Impuseram às bases aquilo que nunca pediram, nem foram consultadas para isso.

Uma ala mais “radical” do PCdoB na defesa da direita, inclusive, já colocou mais abertamente contra quem é sua indisposição. O jornal Hora do Povo, do PPL, fração do PCdoB, publicou uma matéria que poderia muito bem ter saído da revista Veja ou do Antagonista: “Desordeiros com camisas do PT e da CUT agrediram Ciro no ato contra Bolsonaro”.

O linguajar fascistoide não é à toa. Afinal, entre Ciro Gomes e Bolsonaro, há pouca diferença, e a defesa de Ciro Gomes neste caso é uma coisa muito direitista: é a defesa do estupro político contra o povo mesmo depois de o povo ter reagido e gritado contra a operação.

Por que tanta obsessão em defender Ciro Gomes e ficar do lado oposto do povo? Ora, porque o PCdoB, em velocidade crescente, vai cada vez se descolando mais do movimento popular e se acoplando à burguesia. Em vez de expressar a tendência de luta do povo contra os golpistas, tem ficado, a todo momento, ao lado dos golpistas, sempre em busca de manter seus privilégios no regime.

Hostiliza o PT, a CUT e o PCO porque é incompatível com sua política. O PCdoB é incompatível com o povo revoltado, mobilizado e consciente de seus interesses.

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