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Revolucionários de fachada

PCB, UP e PSTU contra o armamento e na defesa da contrarrevolução

Partidos ditos revolucionários mostram, nas eleições, que não passam de oportunistas sem qualquer tipo de princípio político marxista

Um dos principais efeitos da crise imperialista é a polarização política. O centro, dito “democrático”, se desmancha e entra em risco de extinção, enquanto que os extremos, tanto de esquerda, como de direita, se fortalecem e se transformam na principal força de mudança do regime político. Dentro disso, com o desaparecimento do “meio-termo”, desaparecem, também, as tendências oportunistas que, na presença de grandes contradições sociais, não conseguem mais se sustentar.

No Brasil, é o que estamos observando com a UP, o PCB e o PSTU, partidos que, historicamente, procuraram se apresentar como pertencentes à extrema-esquerda, reivindicando, para si, o marxismo e a tradição de luta da classe operária. Principalmente durante as eleições deste ano, as mais polarizadas em décadas, essas legendas abandonaram suas fachadas e tornaram-se verdadeiros craqueiros eleitorais. Não há mais dúvidas: se antes já não possuíam princípios bem definidos, agora, não têm nada.

Em primeiro lugar, todos os candidatos do PCB, ao longo da campanha, responderam que são contra o armamento civil. Ou seja, não é apenas uma posição individual de cada militante, mas sim do partido de conjunto. O mesmo pode ser aferido em relação à UP. Já no PSTU, uma única candidata a deputada federal disse ser favorável ao armamento. O resto dos candidatos também são contrários, assim como o partido em si.

Antes de qualquer coisa, é preciso ficar claro que desarmar o povo, como defendem os ex-revolucionários dos partidos citados, é criar o principal obstáculo a uma revolução vitoriosa. Finalmente, nenhuma revolução pode ser feita sem que os trabalhadores possuam armas, pois, senão, serão duramente reprimidos pelas forças de repressão do Estado que, sem sombras de dúvida, estarão fortemente armados.

Portanto, por definição, consiste em uma posição profundamente contrarrevolucionária, uma política que seria alvo de chacota de Marx, Engels e Lênin, se estivessem vivos. Afinal, é impossível se dizer revolucionário e, ao mesmo tempo, defender o maior empecilho para a tomada de poder por parte do proletariado, que é a questão do desarmamento.

Nesse sentido, não podemos falar que essa esquerda, completamente direitizada, é, sequer, reformista, uma vez que o direito ao armamento é um direito democrático, que pode ser conquistado até mesmo por meio de reformas e não necessariamente pela revolução. Até mesmo a social-democracia defendia o armamento do povo e tinha suas milícias. Na América Latina, o nacionalismo burguês mais radical também arma o povo, como é o caso das milícias bolivarianas na Venezuela. Essa posição dos grupos psudorrevolucionários no Brasil é, com todas as letras, contrarrevolucionária, digna do legado deixado pelo maior inimigo da revolução de toda a história, Josef Stálin.

Aqui, vale ressaltar a contradição das posições desses partidos. É uma política mutante que combina a suposta defesa da tomada do poder por parte dos trabalhadores ao mesmo tempo em que ataca a viabilidade dessa revolta popular. Na prática, é a negação da própria revolução, ideologia que não se baseia no materialismo histórico de Marx e de Engels, mas sim em teorias utópicas, dignas dos anarquistas já muito polemizados pelos marxistas.

Além disso, é importante notar que a defesa do desarmamento por parte desses partidos se dá, principalmente, como uma alternativa fajuta ao bolsonarismo. Ao invés de denunciar que Bolsonaro prega o armamento de maneira demagógica e manter-se firme na defesa das armas para o povo trabalhador, essa esquerda prefere abandonar completamente o marxismo, tudo em nome da luta contra imaginária contra Bolsonaro. Acima de um desleixo, é um oportunismo que se alinha, principalmente, com os ataques que o imperialismo vem fazendo – também oportunistas – contra o governo Bolsonaro.

Fundamentalmente, mostra que esses partidos nunca tiveram princípios políticos verdadeiramente marxistas. Antes, moldam-se conforme dita o momento, buscando tirar o maior proveito próprio possível da situação política. Algo que, agora, em época de eleições, consiste na tentativa de obter um cargo público qualquer com a anuência da burguesia. Para tal, se alinham com a política imperialista para o Brasil tentando mostrar aos capitalistas que não representam um perigo real contra o regime.

Esse é o motivo principal pelo qual defendem o desarmamento e pelo qual, em 2022, atacam a candidatura de Lula, lançando seus próprios candidatos sob a justificativa de que são a tão necessária “alternativa socialista” – algo que, levando em consideração o que foi exposto, simplesmente não condiz com a realidade.

Inclusive, neste momento, não destoam da política que esses mesmos partidos adotaram anteriormente. Não é à toa que tanto o PSTU quanto o PCB se juntaram aos golpistas no ataque contra o governo Dilma, sem contar nas suas posições contra a luta de países atrasados contra o imperialismo, como é o caso da Nicarágua, da Venezuela, da Rússia, do Afeganistão, entre outros.

Cada vez mais, a esquerda brasileira é comprada pelo imperialismo para defender a política não dos trabalhadores, mas da burguesia. É uma das principais estratégias dos países imperialistas para a América Latina que dispensa a utilização de uma ação direta, como um golpe militar ou um golpe de estado. Se toda a esquerda estiver vendida, não tem tanta importância quem sobe no poder, já que todos jogarão o jogo do capital. No Chile, por exemplo, temos o retrato claro disso, já que Boric, antes considerado profundamente progressista, leva um governo que caminha rumo à uma ditadura de tipo pinochetista, só que cor-de-rosa.

No fim, um grupo realmente de esquerda deve se ater a princípios políticos claros que, formulados pela experiência e pela teoria marxista, ao longo de décadas, pregam, acima de qualquer coisa, a organização da classe operária rumo à revolução e, consequentemente, ao comunismo. Caso contrário, não são sequer progressistas, mas sim elementos que, disfarçados de revolucionários, fazem o possível, segundo suas limitações, para atrasar cada vez mais uma situação revolucionária no Brasil e no mundo.

Contudo, nenhum desses partidos consegue possuir qualquer influência no seio dos trabalhadores e nem na situação política. Exatamente esse tipo de posição tem promovido o seu esvaziamento, pois o povo entende que não são seus amigos e, na ausência do marxismo, não possuem um método para provar o contrário. Apesar de já terem contribuído para a contrarrevolução no Brasil, o futuro, portanto, lhes reserva a extinção.

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