Dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o balanço das filiações partidárias encaminhadas ao judiciário no mês de abril apontaram que no total os partidos perderam cerca de 650 mil filiados.
Vale destacar que boa parte dessa queda (ainda que não tenhamos acesso aos dados totais) deve estar ligada ao cancelamento de títulos, uma política que se tornou comum no País, com a “cassação” dos direitos políticos de milhões de eleitores em todo o País, pelos motivos mais estapafúrdios como os ligados aos bloqueios de CPF’s.
Os partidos da burguesia
Dos dados apresentados, destaca-se na imprensa burguesa, o fato de que alguns partidos de direita, tiveram o maior crescimento em números absolutos. É o caso do Republicanos, partido da base bolsonarista, ligado à Igreja Universal, que em como presidente desde 2011, o bispo licenciado da Universal Marcos Pereira, e tem em seu quadros parlamentares direitistas como o deputado Celso Russomanno, funcionário da TV Record e considerado homem de confiança do chefe da Igreja, Edir Macedo, que apresentou um total de mais de 99 mil novos filiados. E também do PSD, do ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro dos governos Dilma e Temer, Gilberto Kassab, que foi engordado com mais de 80 mil filiados.
Esses dois partidos, estão entre as duas máquinas eleitorais da burguesia que mais cresceram nas eleições municipais de 2020, conquistando, respectivamente, 208 e 650 prefeituras, como parte do crescimento da direita na estrutura burocrática do Estado, desde o golpe de Estado de 2016 e após a eleição fraudulenta de Bolsonaro, em 2018.
Outros partidos da direita que também aumentaram o número de filiados foram o Solidariedade, presidido pelo arquipelego deputado Paulinho da Força, que chegou a quase 100 prefeitos (mais 44 mil novos filiados), mostrando que está evoluindo como uma organização que agrupa setores importantes da direita em vários rincões do País; o bolsonarista Avante que em 2020, cresceu 683% no número de prefeituras conquistadas, saltando de 12 para 82 , embalado pelo fortalecimento da extrema direita no aparato do Estado, adquiriu 33 mil novos filiados (+ 18%) e o também direitista PROS, que ganhou mais de 26 mil filiados (+27%).
Destaque-se que os partidos mais tradicionais da direita, tiveram suas listas de filiados reduzidas: o União Brasil (resultado da fusão do DEM e do PSL), perdeu 251 mil filiados (-19%); o MDB ficou com menos 261 mil filiados, perdendo 11%; o PSDB perdeu mais de 107 mil filiados, queda de 7% e o PL, partido ao qual se filiou Bolsonaro, perdeu 25,5 mil, cerca de 3%, e o PTB, perdeu 112 mil filiações, queda de 9%.
Ainda entre os partidos da burguesia, destaca-se a queda do número de filiados dos partidos da chamada “centro esquerda” ou da esquerda burguesa. O PDT, de Ciro Gomes, perdeu 104 mil filiados (-8%), evidenciando o desmonte desse partido, legenda de aluguel da burguesia cujo pré-candidato tem como “missão” principal atacar a candidatura de Lula. O PSB, por sua vez, que recebeu em seus quadros elementos da direita, como Geraldo Alckmin (ex-presidente do PSDB), e da esquerda parlamentar, como o ex-governador Flávio Dino (egresso do PCdoB) e o deputado Marcelo Freixo (ex-PSOL), evidencia que não é mais do uma legenda eleitoral que está sendo usada por esses e muitos outros políticos profissionais, quase todos procurando se apoiar no prestigio de Lula, perdeu mais de 18 mil filiados (-3%), dentre os quais vários detentores de cargo que foram parar nos partidos bolsonaristas.
A situação na esquerda
Dentre os partidos de esquerda, o PSOL apresentou o maior crescimento, com acréscimo de quase 73 mil filiações (+48%). Em um momento em que o partido perdeu alguns de seus deputados mais destacados pela imprensa capitalista, como Freixo e David Miranda (RJ) e Isa Penna (SP), evidenciou-se que se abriu as portas para uma nova leva de carreiristas políticos, interessados na corrida aos cargos que o partido estimula, sem qualquer critério político, funcionando como uma “incubadora” de políticos de todos os matizes, desde “esquerdistas” sempre dispostos. servir à direita e serem patrocinados por ela (como no caso do próprio Freixo) ou direitistas que usam o partido como legenda eleitoral qualquer, como o ex-deputado cabo Daciolo e outros elementos direitistas que iniciaram carreira pelo PSOL.
Não por acaso, o maior número de adesões ao Partido se deu em São Paulo, onde o partido recebeu e recebe um enorme apoio publicitário da burguesia, na figura de Guilherme Boulos, como parte da política de promover um esvaziamento do PT.
O Partido da Causa Operária, com base em uma política militante, revolucionária, de princípios, com destaque para a luta contra o golpe e a infiltração da direita no movimento de luta pelo Fora Bolsonaro, obteve um expressivo crescimento aumentando em 34% o seu número total de filiados, com base em uma campanha militante, sem qualquer expectativa eleitoral, em uma situação de amplo controle da burguesia sobre o processo eletivo. Foram mais de 1,3 mil novas filiações, que sinalizam um fortalecimento militante do partido em todas as regiões do País. O PCO foi o primeiro partido também a convocar a unidade da esquerda em torno da candidatura de Lula, defendendo a mobilização por Lula presidente, com um governo dos trabalhadores, sem patrões e sem golpistas.
Também cresceram o número de filiados do PT, que ganhou quase 39 mil novos filiados, um acréscimo de 2%. E a UP registrou 3.224 filiados, cerca de 10% a mais do que tinha no ano anterior.
Tiveram queda no número de filiados, segundo dados divulgados pelo TSE, o PCdoB (que havia incorporado o PPL) que perdeu 29 mil filiados (-7%); o PCB , 1,9 mil filiados a menos, perda -13%; o PSTU, queda de 1,6 mil filiados, queda de 9% .
Veja abaixo os dados divulgados pelo TSE, conforme apresentado pelo sítio Poder360.
