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Privatizações, repressão...

Para Boulos, tudo bem Bolsonaro destruir os direitos do povo

Primeira coluna do ano do psolista na Folha de S.Paulo é um convite para uma frente antipetista e pró-golpistas

presidential candidates (l r) ciro gomes, guilherme boulos and geraldo alckmin are pictured ahead of a televised debate in rio de janeiro

O pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, em sua coluna semanal na Folha de S.Paulo, pôs a nu o que o verdadeiro político carreirista e pilantra da esquerda pequeno-burguesa pensa: que a tal “luta contra o fascismo” — como gostam de chamar — é uma disputa “simbólica”, que nada diz respeito à situação concreta de penúria em que vive o povo.

O texto de Boulos traz como título “O ano em que poderemos acabar com o pesadelo”. Embora obscuro, o título sugere muitas coisas ao leitor. Afinal, o povo brasileiro tem muitos pesadelos para contar. No entanto, quem lê o texto de Boulos se surpreende, uma vez que seus “pesadelos” são tão idiotas quanto os de uma criança que mija na cama.

Segundo o psolista, os pesadelos dos brasileiros nos últimos cinco anos não seriam o golpe de 2016, a reforma da Previdência, a reforma trabalhista, a PEC do Teto, o aumento da repressão, as privatizações etc. Seriam, na verdade, as perigosíssimas “falas” do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro — que nunca foi admirado por sua “inteligência”. Boulos classifica os últimos três anos como sombrios porque Bolsonaro falou em “golden shower“, sugeriu que os brasileiros fizessem “cocô dia sim, dia não”, chamou sabe-se quem de “pirralha”, disse que “se eu puder dar um filé mignon pro meu filho, eu dou” e deu respostas como “e daí?”, “caguei”, “só se for na casa da sua mãe”, “enfia no rabo o leite condensado” etc.

Urnas eletrônicas serão controladas por empresa ligada ao PSDB, Moro e Dallagnol

Ora, mas que mal haveria de se condenar o presidente da República por suas falas que remetem a um diálogo entre um Homem de Neandertal e uma porta? A princípio nenhum, ninguém é obrigado a gostar das palhaçadas que Bolsonaro fala. O problema, no entanto, está em um dirigente da esquerda nacional, como é Guilherme Boulos, apontar isso como o maior — e, inclusive, único ─ mal do governo Bolsonaro.

E não é exagero algum. Quem tiver a disposição de correr os olhos pelo artigo, verá que não há uma única crítica a Bolsonaro que não seja a sua “má educação”.

A preocupação de Boulos não é à toa. O tipo de “crítica” que faz a Bolsonaro corresponde exatamente ao tipo de crítica que a sua base — uma pequena burguesia pseudoliberal — aceita. É o tipo de crítica que não parte de um enfrentamento das massas com um governo de extrema-direita, mas sim de um movimento hiper-oportunista da classe média que está pegando carona em uma aparente insatisfação da burguesia com o governo Bolsonaro.

A preocupação de Boulos — e da classe média que representa — não é a de combater a fome, o desemprego e toda a devastação que Bolsonaro está causando. Quando critica Bolsonaro, o psolista não levanta um programa de reivindicações classistas, não fala em reduzir a jornada de trabalho, em expropriar o latifúndio, nem nada parecido. Afinal, a pequena burguesia é aquele setor parasita que se deu ao luxo de ficar em casa enquanto milhares e milhares de pessoas morriam durante a pandemia.

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A preocupação com as “palavras” de Bolsonaro é uma falsa preocupação. É o tipo de “crítica” que os setores mais reacionários da burguesia fazem. Basta assistir 10 minutos de Jornal Nacional para ver William Bonner torcendo o nariz para o “golden shower” do presidente. E o mesmo vale para a Folha de S.Paulo, para a imprensa norte-americana e até mesmo para direitistas como João Doria (PSDB). É a “preocupação”, portanto, da burguesia — e dos seus setores mais pró-imperialistas — com o governo Bolsonaro. Isto é, não uma preocupação com o conteúdo direitista do governo, mas sim uma campanha moralista — como as campanhas contra o PT — contra Bolsonaro para tentar viabilizar uma alternativa ainda mais direitista.

O discurso “simbólico” de Boulos, muito mais preocupado com as palavras do que com as ações do presidente ilegítimo faz o jogo da burguesia. O que o psolista consegue mostrar, em sua coluna, é que é uma espécie de “ala esquerda” da terceira via: surfa na onda do “Fora Bolsonaro” não para impulsionar um governo dos trabalhadores, mas sim para defender um programa neoliberal. Afinal, não há nenhuma crítica à política econômica de Bolsonaro ─ justamente porque esta é a mesma política da direita tradicional, da 3ª via e da frente ampla da qual Boulos faz parte!

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Tanto é assim que Boulos, em sua coluna sobre 2022 — o ano das eleições! — não dá uma única palavra sobre Lula, o candidato das massas e da esquerda. Seu partido, afinal, tem dado vários sinais de que poderá se comprometer com outra candidatura, favorecendo obviamente a terceira via em detrimento de uma unidade dos trabalhadores por Lula Presidente. Engana-se, no entanto, quem considera que essa terceira via seria o próprio PSOL. Até o PSOL sabe disso, pois não tem condições de chegar ao segundo turno. Quem se beneficia com a campanha do PSOL por uma “nova candidatura” contra Bolsonaro são, portanto, aqueles que têm condições reais de serem a terceira via: João Doria, Ciro Gomes e Sérgio Moro, por exemplo.

E não é à toa que Ciro Gomes, que já foi muito elogiado por Boulos, aparece em sua coluna. Na foto de capa do artigo sobre as expectativas para 2022, Boulos escolheu colocar a foto não de seu partido ou mesmo do MTST, mas da “frente ampla”: figuras do PSB, da Rede e o próprio Ciro Gomes. No interior da coluna, aparece novamente uma foto de apoiadores de Ciro Gomes em uma manifestação. Será uma mensagem subliminar? Um lapso do inconsciente de Boulos?

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Seja como for, a união entre Boulos/PSOL e Ciro Gomes/PDT contra o PT segue de vento e popa. Na última semana, uma matéria da Folha de S.Paulo, que não foi desmentida pelo PSOL, trouxe a notícia de que o PSOL estaria fechando um acordo com o PDT para a disputa no estado de São Paulo. O acordo traria, em suas cláusulas, o apoio de Boulos a um ex-comandante da ROTA/PM ou de uma ex-reitora tucana da USP.

O líder da “nova esquerda” brasileira fabricada nos EUA dá mais uma prova de que está à serviço do golpe, da direita e do imperialismo. E que seu inimigo principal não é Bolsonaro, mas sim Lula.

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