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Descobrimos

Onde caiu o PIX da CIA?

Youtuber do PCB ganhou aparição na Globo e, em troca, foi a público defender o direitista Ciro Gomes

Há pouco mais de um mês, um youtuber do PSOL de nome Humberto Matos publicou em seu perfil no Twitter uma matéria deste Diário, acrescentando a seguinte legenda: “caiu na conta do partido o PIX da CIA”. A matéria em questão afirmava que “queima de estátua não tem nada a ver com o movimento popular”. Na mesma hora, veio o também youtuber Jones Manoel, do PCB, demonstrar acordo com Humberto Matos e afirmar: “isso é ótimo para a galera que fica batendo palma e fazendo piada com as maluquices do PCO. Quem cria cobra amanhece picado”.

Nem Humberto Matos, nem Jones Manoel apresentaram qualquer prova de que haveria alguma relação, por mínima que fosse, entre o PCO e a CIA — isto é, o Departamento de Estado norte-americano. Apenas fizeram uso, como de costume, do método da calúnia e da intriga, típicos da esquerda pequeno-burguesa, principalmente os setores saudosistas do stalinismo, para tentar desqualificar a política revolucionária do Partido.

Conforme discutido em dezenas de artigos, o PCO sustenta, trazendo em sua base toda a tradição marxista, que 1) os bandeirantes foram um fator de progresso para o Brasil; 2) os bandeirantes não têm coisa alguma a ver com o genocídio do povo negro ou dos indígenas no dia de hoje; 3) destruir monumentos, especialmente os que não têm relação com a luta política atual, é um ato de barbárie e de guerra cultural contra o próprio povo; 4) a discussão atual sobre as estátuas tem como fim confundir a luta contra os opressores do presente; 5) o maior beneficiário da discussão sobre as estátuas tem sido o PSDB, partido que se apresenta como contrário às supostas opressões do passado, mas que é o verdadeiro opressor do presente.

Jones Manoel e Humberto de Matos, seguindo o PSOL e o PCB, bem como todos aqueles que se abrigaram sob o guarda-chuva da campanha eleitoral de Guilherme Boulos em 2020, defendem a política oposta. Defendem a destruição dos monumentos ou, na melhor das hipóteses, acreditam que a tentativa de queimar a estátua de Borba Gato não deveria ser criticada. E justamente por defenderem uma posição reacionária e serem incapazes de formular uma crítica à posição do PCO, partiram para as acusações de que o partido não teria uma política revolucionária porque seria um partido corrupto.

Antes de qualquer prova, é preciso sublinhar esse aspecto. Quem substitui a crítica por acusações policialescas jamais terá uma política revolucionária.

Mas o problema não é só esse. Jones Manoel e Humberto Matos saíram derrotados da polêmica sobre Borba Gato por W.O. — sequer conseguiram responder às colocações do PCO —, o que já é muito desmoralizante e aponta que, no final das contas, uma vez que conhecem a posição do PCO e preferem, sem argumentar, manter suas posições, já estão bastante comprometidos em defender a política da classe dominante. Mas, mesmo que déssemos uma colher de chá e considerássemos que não entraram na polêmica porque estavam seriamente doentes, que não leram os artigos do PCO ou que simplesmente defenderam a destruição do patrimônio cultural brasileiro porque algum motivo pessoal, somos obrigados a demonstrar que continuam furiosamente a reboque da política da burguesia.

O destaque vai para Jones Manoel, figura que parece estar em um processo mais avançado em sua integração ao regime burguês — embora as posições de Humberto Matos sejam parecidas. Enquanto o PCO é atacado quase que diariamente pelo esgoto da política nacional — Folha de S.Paulo, SBT, Jovem Pan, Reinaldo Azevedo, O Globo, Veja etc. —, Jones Manoel é tratado a pão de ló. Apenas nos últimos meses, exigiram, sem sucesso, que o PCO fosse expulso da coordenação do movimento Fora Bolsonaro, pediram a cassação do partido, acusaram-no de ser misógino, homofóbico, de bater em militantes de esquerda, de receber fundo partidário, de apoiar terroristas e tudo o que se possa imaginar. Jones Manoel, por outro lado, no mesmo momento em que se transformou em um cabo eleitoral digital da campanha de Guilherme Boulos, foi citado por Caetano Veloso — um homem da Globo — em um programa da Globo, ganhou uma longa entrevista na Folha de S.Paulo e, finalmente, ganhou a participação em um documentário na GNT — da Globo!

Se a CIA tem distribuidoras de PIX no Brasil, pode ter certeza que a Globo é uma delas. Assim como a Fundação Lemann, as ONGs etc. E o melhor da Globo é que muitas vezes ela nem precisa mexer na conta bancária da CIA para comprar alguém: para muitos, aparecer com seu rostinho na Globo já é considerado um altíssimo pagamento.

Jones Manoel jura que participar do documentário nada tem a ver com ser financiado pela direita. Em sua defesa, diz que não recebeu um centavo pelo documentário — como dito, isso não impede que haja um “pagamento”. Afinal, agora Jones Manoel não vai precisar mais do espelho para ficar vendo sua própria imagem, terá a televisão! O youtuber também diz que teve liberdade para falar o que queria. Isso também não quer dizer muita coisa: o fato é que a Globo só transmite o que ela quer que apareça. Se Jones Manoel não foi coagido, isso só demonstra que sua política está em perfeita sintonia com a da Globo. Será?

Não é preciso ir muito longe para coletar as provas. No último domingo, quando centenas de manifestantes vaiaram Ciro Gomes e depois o encurralaram no ato de 2 de outubro, tentando agredi-lo, Jones Manoel logo saiu em defesa do coronel. Além de chamar Ciro Gomes de “progressista” — um homem que era do partido da ditadura militar! —, Jones Manoel condenou quem tentou agredir o pedetista.

O que Jones Manoel procura ignorar neste caso — assim como ignorou todos os argumentos do PCO no caso da estátua de Borba Gato — é que a polêmica em questão não é se Ciro Gomes mereceu ou não apanhar. Ele foi hostilizado não por causa de um plano “maquiavélico” de alguém, mas como resultado de um processo político: foi a reação inevitável de uma massa revoltada com aqueles que se juntaram aos bancos para conspirar contra o povo. Não há como mudar esse fato — afinal, a revolta não é obra de uma aula e nem pode ser dissolvida com sermões, é o resultado de questões concretas. A polêmica que existe neste caso é se Ciro Gomes e a direita devem ser convidado para os atos — o que causaria episódios dessa natureza — ou se os atos deveriam ser apenas do povo.

Jones Manoel, na medida em que fica horrorizado com quem tentou agredir Ciro Gomes, apenas demonstra que não está do lado do povo — foi o povo, afinal, quem tentou lhe agredir. Sua política é a da Globo e a da burguesia: a política da frente ampla, de que os atos Fora Bolsonaro deveriam ser abertos para todo tipo de inimigo do povo.

Foi na conta de Jones Manoel que caiu o PIX da CIA. Só resta saber se foi em dinheiro, em favores comerciais, editoriais ou coisas mais picantes.

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