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Dos setores oprimidos

O vice necessário para Lula

Um governo de banqueiros juntos com Lula não seria um governo

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Em coluna no Brasil 247, intitulada “O vice ideal para Lula”, o analista político Armínio Westermann opina sobre como deveria ser o vice “ideal” de Lula nas eleições presidenciais de 2022.

Segundo ele, o candidato a vice deve “apelar a parcelas do eleitorado que hoje não estão dispostas a votar no Lula” ─ em outras palavras, um vice de direita que atraia o voto da direita “democrática”, “antibolsonarista”, para a candidatura de Lula. Esse vice teria, necessariamente, conforme a análise de Westermann, de ser diferente politicamente de Lula. “Mas não pode ser diferente a ponto de se tornar uma alternativa ao Lula.”

Os critérios do colunista “permitem excluir, sem qualquer dúvida ou dificuldade, muitos dos nomes que já foram ventilados, sejam oriundos do mundo político ou mesmo do mundo empresarial”.

O analista está correto ao afirmar que “não convém que Lula crie uma cobra, nomeando como vice um potencial inimigo, sob o pretexto de ‘união nacional’ ou ‘governabilidade’”. Mas teria algum vice que, sendo alguém que atraia votos da direita, não atrapalhe a governabilidade de Lula?

Westermann propõe, então, um nome “técnico” com “experiência política”: Carlos Ayres Britto, ex-ministro do STF. Trata-se de um burocrata de longa data no Poder Judiciário e, mesmo que tenha pertencido à sua ala esquerda, isso não retira o fato de ser ligado intrinsecamente ao aparelho mais reacionário do Estado brasileiro, responsável por aplicar sobre o conjunto da população uma ditadura brutal da lei e da ordem burguesas.

A questão é que, apesar de, a priori, um quadro “técnico” como Ayres Britto não representar um perigo para o hipotético governo Lula, ele não acrescentaria absolutamente nada à sua candidatura nem a seu governo. Por que Ayres Britto traria mais votos para Lula? Ele sequer é um político, não tem um aparato partidário-governamental em suas mãos, não tem o controle de feudos eleitorais, como os políticos burgueses. Não sejamos ingênuos: essas são as características que permitiriam a alguém da direita contribuir com votos para Lula, porque popularidade, carisma e apoio popular nenhum deles têm.

Seria um erro gravíssimo a esquerda inserir em um cargo tão importante como o de vice-presidente um membro histórico do Poder Judiciário. Sob a desculpa de anular o lava-jatismo e trazer de volta o Estado de Direito, Westermann propoẽ, na prática, uma ponte direta dos juízes, procuradores, promotores etc., enfim, do reacionarismo ditatorial do Judiciário, para o governo do País. Ayres Britto ajudaria a combater a ditadura judiciária? A desmontar a estrutura antidemocrática e arbitrária dos juízes? Claro que não, pois é um representante, mesmo que moderado, dessa ditadura. Mais fácil seria colocar o governo Lula contra a parede e torná-lo refém da ditadura dos tribunais.

Querendo a “retomada de um projeto civilizatório”, Westermann não se limita a propor um vice direitista e representante de um órgão reacionário como Ayres Britto, mas também o igualmente direitista Nelson Jobim, a golpista Marina Silva, o bilionário João Moreira Salles e, até mesmo, Armínio Fraga!

Seriam, todos eles, figuras “civilizadas”. Nosso interlocutor talvez não perceba, mas, em suas boas intenções de contribuir com Lula, acaba propondo um governo composto por golpistas. Todos os nomes de possíveis ministros são, ou banqueiros e seus funcionários (João Moreira Salles, Armínio Fraga e Nelson Jobim), ou amplamente financiados por banqueiros (Marina Silva).

Com setores como esses no governo, seria viável realmente um governo popular? Não. A burguesia não deu o golpe de 2016 para permitir depois um governo popular. Primeiro, a burguesia sequer pretende aceitar novamente um governo Lula. Segundo, diante da possibilidade de que Lula volte ao governo, em sua campanha de impossibilitar uma nova eleição de Lula, ela faz, conscientemente, exatamente aquilo que Westermann faz inconscientemente: procura ligar o nome de Lula a políticos, empresários e figuras execráveis e rechaçadas pelo conjunto dos trabalhadores.

Nomes como esses propostos por Westermann não contribuem, mas atrapalham a candidatura e mesmo um possível governo Lula. São nomes como esses (ou, em alguns casos, como Marina Silva e Armínio Fraga, exatamente esses) que deram o golpe em 2016 e derrubaram o PT do governo. Quem garante que não fariam o mesmo, ainda mais estando eles em posições ainda mais favoráveis?

Figuras como essas trabalhariam, incessantemente, para deixar o governo completamente submisso ao capital financeiro internacional. Assim, minariam terrivelmente a confiança popular no próprio Lula, desmoralizado ante seu eleitorado, que está ansioso por um governo não de e para capitalistas, mas sim de e para os trabalhadores.

O povo brasileiro quer votar em Lula. Mas quer votar em Lula para que quem governe seja Lula, seja o PT e seja aqueles que eles representam, aqueles que votarão neles. E não um governo de banqueiros e golpistas.

É preciso lutar por um governo Lula, portanto, que represente justamente esses interesses, os interesses da esmagadora maioria da população. Os interesses dos oprimidos, e não dos opressores, pois um governo dos opressores simplesmente anularia o governo Lula.

O vice de Lula não pode ser alguém que atraia votos da direita. Lula não precisa de votos da direita para se eleger. Sozinho, ele tem 40% das intenções de voto. A direita, por sua vez, não tem voto nenhum, praticamente. Não tem eleitorado.

O vice de Lula deve ser alguém que, assim como ele, venha do movimento popular. É por isso que Lula tem 40% das intenções de voto, e não porque seja ligado a banqueiros e golpistas. Tanto para garantir a eleição como a governabilidade de um governo Lula, é preciso um vice popular, militante, ativista, sindicalista, sem terra, alguém da CUT, do MST, da base do PT.

A classe operária e os demais oprimidos querem um governo Lula porque acreditam que ele será um governo que os represente, e não que represente os banqueiros e a direita. Por isso o PCO, bem como os companheiros do Bloco Vermelho que participaram da Plenária Nacional Fora Bolsonaro-Lula Presidente nesse final de semana, lutarão pela candidatura de Lula, por Lula Presidente e um governo dos trabalhadores, composto por representantes populares, sem patrões, sem burgueses, sem golpistas, sem a direita. Não um vice “técnico” ─ o que encobre a sua representação classista da burguesia ─ mas sim um vice militante, ativista, submetido aos interesses da classe operária.

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