A compositora e pesquisadora Isabel Monteiro, atuante nas redes sociais sob o pseudônimo de Gringa Brazilien, conseguiu comprovar, por A + B, a relação umbilical entre a campanha “Não vai ter Copa” e o imperialismo norte-americano. Até então, já era sabido que o movimento não tinha nada de popular, nem defendia interesses reais dos sem teto, mas sim que contribuiu para a campanha golpista da direita contra o governo do PT. Agora, com a pesquisa de Isabel Monteiro, ficou provado o motivo que levou um setor supostamente de esquerda a apoiar essa campanha: a pura e simples corrupção material.
Isso mesmo. O PSOL, o partido mais hipócrita da esquerda nacional, que tanto fala em “luta contra a corrupção”, tem, como sua principal figura pública uma pessoa que surgiu de um movimento financiado pelos agentes estrangeiros. Guilherme Boulos, tenha ele recebido diretamente ou não algum dinheiro da CIA, era a maior liderança dos comitês contra a Copa do Mundo. Comitês esses que foram financiados pela Fundação Ford — instituto que historicamente financia os projetos golpistas da CIA em todo o mundo.
Boulos, na verdade, não é exemplo para ninguém quando se trata de receber dinheiro de organizações imperialistas. O psolista é funcionário de um dos principais jornais do golpismo latino-americano — a Folha de S.Paulo — e empregado em um instituto dirigido pelos militares e pelos responsáveis pela Operação Lava Jato.
É uma corrupção escancarada. E, neste caso, muito pior do que o fisiologismo parlamentar, quando um deputado recebe uma mala de dinheiro para votar a favor de um projeto ao qual ele seria contrário. Quem é financiado pelo imperialismo — como Tabata do Amaral — se torna um projeto do imperialismo. Vende sua alma e tem sua fatura cobrada ao longo de toda a sua vida. Todas as suas ações são orientadas com o único objetivo de trair o povo que deveria representar.
O compromisso de figuras como Guilherme Boulos com o imperialismo mostra a completa incoerência da esquerda em relação aos seus princípios. A mesma esquerda que hoje foi pega com as calças curtas, recebendo financiamento da CIA, esbravejava antes contra o financiamento de campanha e contra o imposto sindical. “Quem paga a banda, escolhe a música”, diziam. Hoje, a banda, o jantar, as viagens e até suas prostitutas são pagas pelo imperialismo.
Tal coisa não indica, necessariamente, uma mudança de posição. O PSOL, por exemplo, só fez campanha contra o financiamento empresarial porque recebeu sinal verde da burguesia para isso. Se o partido quer se chocar contra a ditadura da burguesia, por que não contesta a urna eletrônica e a redução de tempo de campanha, nem pede o fim da Polícia Militar e a eleição de juízes? Porque o PSOL é um partido do regime. Fazer campanha contra o financiamento empresarial, afinal de contas, é o mesmo que fazer campanha contra a corrupção: a burguesia sempre arranjará um jeito de comprar seus parlamentares. E mais: a campanha do PSOL favoreceu que a direita fechasse ainda mais o cerco contra os financiamentos de campanha do PT.
O caso do imposto sindical é ainda pior. Em nome da luta contra a “estatização dos sindicatos”, esses setores da esquerda ajudaram o governo Temer a dar uma rasteira nos trabalhadores em um dos mais frágeis momentos de sua organização sindical.
A questão da corrupção e do financiamento para a esquerda, finalmente, não é uma questão de princípios, e sim mais uma comprovação de sua dependência absoluta. A esquerda que não se escandaliza pelo recebimento expresso dos piores inimigos da humanidade já está comprada, seja pela Fundação Ford, seja ideologicamente.