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Armadilha identitária

O maior prejudicado pela “onda feminista” é Lula, não Bolsonaro

A defesa abstrata da mulher é uma armadilha que o identitarismo plantou na esquerda e que pode levar ao apoio de uma golpista, como Simone Tebet, pelo simples fato de ser mulher.

Salomé

Existe uma onda que obriga o enaltecimento da mulher, até matérias de articulistas da esquerda, que supostamente deveriam fazer um balanço positivo da participação de Lula no debate da TV Bandeirantes, aparecem intituladas de Lula foi espectador do massacre que as mulheres impuseram a Bolsonaro, As improváveis aliadas de Lula etc. As mulheres em questão são golpistas eleitoras de Bolsonaro. Simone Tebet votou o tempo todo com o governo. Caberia enaltecer ou desmascarar essas criaturas?

Não massacraram Bolsonaro, que respondeu a todas as perguntas e se manteve agressivo, no ataque, coisa que seu eleitorado admira. No entanto, todos acusaram Lula de corrupto, até mesmo Ciro Gomes, que Lula caiu na besteira de elogiar.

Lula não foi bem no debate, afinal, o comando de sua campanha parece ter entrado no clima do ‘já ganhou’. A estratégia de apresentar o ex-presidente como alguém que está ali apenas para conhecer quem será seu adversário no segundo turno não colou. Os eleitores querem, e a situação exige, candidatos que pareçam combativos.

Golpistas

As mulheres que estavam ali no debate eram duas representantes do golpismo. Lula poderia ter levantado a questão de que não têm sororidade nenhuma. Deveria ter descrito o que se transformou o Brasil depois do golpe e sob o governo Bolsonaro. Seria necessário colocar Tebet e Soraya Tronicke no mesmo balaio dos golpistas. Poderia questionar a hipocrisia das duas que são também responsáveis pela atual situação de miséria no qual o País se encontra.

Bolsonaro é reprovável, mas quem o sustenta também o é. Ciro Gomes, que o chama de corrupto, foi para a Europa no segundo turno, o que é um apoio a Bolsonaro, ajudou a eleger, mesmo que tente negar. Esse campanha de salto de Lula vai levar a um grande tombo, a continuar do jeito que está

Lula tem que se colocar do lado de quem recebeu o golpe, junto com a população e colocar o restante do outro lado da linha.

Existe um clima, no qual Lula caiu, de as mulheres não devem ser confrontadas, mesmo as golpistas. Precisa deixar muito claro que foi preso para que se elegesse um Bolsonaro que nunca deixou de ter apoio daqueles que agora o criticam.

Paz e amor?

Paz e amor são coisas muito boas, pena que não vencem eleições, principalmente em um país mergulhado em uma grave crise econômica. A população precisa resolver suas questões mais prementes, como o custo de vida e o desemprego; e, é bom que se diga, nada disso vai ser superado na base do ‘paz e amor’, vai ser preciso muita briga. O trabalhador sabe que não se conquista direitos sem confronto.

O PT, e Lula, precisam mostrar que essas duas senadoras não defendem as mulheres. Simone Tebet, por exemplo, é a favor do Teto de Gastos, ou seja, que o Estado economize dinheiro para repassar os parasitas dos bancos. Ser a favor do teto de gastos é deixar de investir em saúde pública, e são as mulheres que mais adoecem com o aumento da pobreza; é deixar de construir creches, para que as mães possam deixar seus filhos em lugar seguro para poderem trabalhar… nada disso Tebet defende.

É um tremendo erro fazer uma defesa abstrata da mulher, uma defesa moralista; são necessárias medidas concretas, como o direito ao aborto gratuito em hospitais públicos e de qualidade. É preciso batalhar pela equiparação salarial para quem desempenha as mesmas funções. Isso é respeitar a mulher na prática, no mundo real, não da boca para fora.

O identitarismo só tem colocado a sociedade na defensiva, todo homem é visto como um agressor, um “beneficiário do patriarcado”. A partir daí, mesmo uma latifundiária, como Simone Tebet, não pode ser criticada, confrontada, pois tais atitudes seriam tratadas como machismo.

Após o debate, a grande imprensa está dando Tebet como a grande vencedora do debate, mas isso já estava no roteiro, pois é ela a candidata que a direita quer colocar no lugar de Bolsonaro. Pelo menos por enquanto. Pelo menos o ambiente é bem favorável, pois a uma grande campanha, inclusive do Tribunal Superior Eleitoral, dizendo que é preciso aumentar a presença de mulheres na política. É, pra dizer o mínimo, ‘curioso’ que um tribunal gaste dinheiro em propaganda sendo que seu papel é garantir que as eleições transcorram bem… mistérios.

A imprensa de esquerda

Os canais de esquerda, infelizmente, são os maiores propagadores do identitarismo e dessa visão que torna cada homem, não o modo de produção, como o responsável pela situação da mulher. Nenhuma luta moral, é bom que se diga, conseguirá reverter esse quadro. A emancipação da mulher virá somente com o fim do capitalismo e a instauração de um governo da classe trabalhadora.

Essa abordagem moralista de temas que dizem respeito às mulheres, negros e minorias sexuais, só têm contribuído para a divisão e confusão no meio da esquerda. Mesmo sem perceber, estão sendo deixados de lados os verdadeiros que são substituídos por outros laterais e, ao mesmo tempo, tem-se criado um ambiente de patrulha ideológica e censura sobre qualquer tema que pareça ‘tabu’. Não podemos deixar de criticar as pessoas, não importando sexo, gênero etc., se essas estão em posições opostas aos interesses da classe trabalhadora.

Não se pode cair na armadilha, como certos jornalistas da imprensa independente querem dar a entender, de que duas golpistas podem estar apoiando ou beneficiando Lula. O que estamos vendo é exatamente o oposto. Nas pesquisas após o debate, Bolsonaro permaneceu estável, Tebet e Ciro avançaram e apenas Lula caiu.

É preciso que a campanha de Lula dê uma guinada brusca à esquerda, que defenda as mulheres, sim, mas de maneira concreta: propondo saúde pública gratuita, creches, assistência financeira, quando for o caso, mais direitos trabalhistas… chega de ‘Lulinha paz e amor’, de ‘não vim para brigar’, de ‘já ganhou’. A situação exige atitude, a classe trabalhadora está polarizada e é preciso radicalizar, se a intenção for vencer essas eleições que, como estamos vendo, vai ser uma guerra.

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