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Engana-trouxa

O falso uso pelo identitarismo da luta de setores oprimidos

Para defender o indefensável, identitários tentam distorcer o que falam seus críticos

A revista Fórum, um dos portais a serviço da chamada “nova esquerda” no Brasil, publicou, no último dia 30, mais um artigo defendendo o identitarismo. Nos últimos meses, este Diário tem demonstrado exaustivamente que essa política, que é um dos principais pilares da plataforma da “nova esquerda”, está, ao mesmo temp’o, associada diretamente com setores da burguesia imperialista, como o Partido Democrata e o bilionário George Soros.

A escolhida da vez para defender o identitarismo em nome da Fórum é Dri Delorenzo, uma estreante no debate sobre o tema. Não se sabe se por ignorância ou má fé, Delorenzo defende o identitarismo a partir do que não é — ou, pelo menos, a partir das críticas que ninguém nunca fez ao identitarismo.

Segundo apresenta a redatora da Fórum, a crítica em voga ao identitarismo seria de que os anti-identitários não reconheceriam a “diversidade de pautas, de vivências, de lutas”. Isto é, que os críticos do identitarismo não reconheceriam a necessidade de, para usar exemplos que ela própria usou, lutar pelo direito ao aborto, pela igualdade salarial, contra o genocídio negro causado pela PM etc.

Como o artigo não apresenta clara e honestamente quem são os seus adversários, devemos partir do pressuposto que eles são, naturalmente, aqueles que mais publicamente criticam o identitarismo. E quem são? Os marxistas — destacadamente o PCO — e aqueles ligados ao nacionalismo burguês — destacadamente os apoiadores do PT. Seja por comungar das dificuldades cognitivas do editor da Fórum Renato Rovai e não conseguir interpretar um texto ou seja por ter apenas ouvido “de orelhada” pelo próprio Rovai o que os críticos do identitarismo dizem, o que Dri Delorenzo é uma deformação grotesca.

O que os críticos do identitarismo defendem é que qualquer luta parcial deve estar, obrigatoriamente, submetida à luta de classes. Não se trata de “não reconhecer”, mas simplesmente de reconhecer o óbvio: que uma mulher burguesa é uma representante da classe dominante, que um branco trabalhador é um proletário e que um CEO negro é um capitalista!

O que os anti-identitários defendem é que, em vez de segregar os oprimidos, é preciso uma unidade contra o poder vigente. E esse poder vigente não é “branco, cis e hétero”, não é um poder estabelecido por critérios de identidade. É um poder estabelecido através das classes sociais.

Quem é que proíbe o aborto no Brasil e na maioria dos países do mundo? Não é um sinistro “clube do bolinha” que se reúne para conspirar contra as mulheres. É a direita, são os representantes de uma determinada classe social: os bancos e grandes monopólios. O aborto não é um inconveniente para “o homem”, e sim para a burguesia, que tem motivos concretos para não querer que a mulher tenha esse direito. Tanto é assim que a ministra bolsonarista Damares Alves, seguida por praticamente qualquer ministra de um governo de direita, é contra o direito ao aborto.

A proibição do aborto, como qualquer outro ataque à mulher, tem a sua raiz em um problema econômico: a burguesia quer restringir os direitos políticos da mulher para desvalorizar a sua mão de obra e, assim, conseguir pagar um preço ainda mais abusivo pela sua força de trabalho. E o mesmo vale para o negro, para o homossexual e qualquer outro.

O que os marxistas defendem, como sempre defenderam, é a verdadeira libertação da mulher e de todos os oprimidos. Defendem a derrubada da ordem social vigente, defendem colocar de joelhos o maior interessado na opressão de qualquer ser humano: a burguesia.

Defender o contrário é que é jogar areia nos olhos da população. Os identitários não defendem verdadeiramente as mulheres. Pelo contrário, enganam-nas. Prometem que vão libertá-las, mas não dão uma palavra sobre os seus opressores. Prometem acabar com o “machismo” censurando todos os que não se adequam a um código moral esquisito, mas querem manter intacto o poder dos inimigos da humanidade.

É por isso que o imperialismo tem tanto interesse no identitarismo. Porque, no final das contas, ele leva a esquerda a agir como uma anti-esquerda. A voltar seus canhões para as palavras, para os discursos, para a “cultura”, ou para qualquer coisa abstrata, salvando, assim, o que há de mais concreto: a opressão do imperialismo sobre todos os povos.

Quem incorre no identitarismo, pode não saber que esse seja, levado a últimas consequências, o seu propósito. No entanto, não pode ter outro fim que não seja esse.

Os identitários não defendem uma “integração” de duas coisas distintas, separadas, que deveriam ser igualmente “abraçadas” pela esquerda. Sua pregação de que quem defende o trabalhador também deve defender “a mulher” é, na verdade, o oposto de uma integração. É esse discurso que, na verdade, cria uma separação que não existe. É quando o identitário concebe que exista “trabalhador’ e “mulher” que se cria uma separação que não deveria existir.

Aquele que defende a classe operária contra o imperialismo estará sempre, por definição, lutando em defesa dos oprimidos. No entanto, aquele que levanta a lebre de que é preciso “também” defender “a mulher” está, na prática, se opondo à luta dos trabalhadores. Está semeando a divisão, alertando para não defender o “machista” Nicolás Maduro, o “homofóbico” Daniel Ortega etc.

O texto da Fórum é bastante revelador neste sentido. Em sua tentativa de apresentar o identitarismo como algo progressista, Dri Delorenzo tropeça e se coloca contra a defesa dos direitos democráticos do jogador Robinho, pois esse seria um “estuprador”. É o exemplo perfeito do que é o identitarismo: sob o pretexto de defender, em abstrato, “a mulher”, a redatora da Fórum se opõe ao programa histórico dos trabalhadores, que é a luta pelos direitos democráticos da população.

É uma defesa de fachada, que serve apenas aos interesses da burguesia. Ao defender que o Estado brasileiro passe por cima da própria Constituição — como seria o caso de extraditar o ex-jogador —, Dri Delorenzo está assinando embaixo de todas as palhaçadas feitas dia a dia contra as mulheres.

Criticar o identitarismo não impede a “soma”, como acusa a Fórum. Pelo contrário, é Dri Delorenzo, que aparece legislando em causa própria, que está contrabandeando a política dos inimigos do povo para as fileiras da esquerda.

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