A deputada federal pelo PSOL, Sâmia Bonfim, entrou com requerimento, na última sexta-feira (21), no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos para obter informações sobre custos e motivações da viagem de Damares Alves a São Paulo em visita a uma criança que teve mal súbito. A ação da deputada psolista indica que a visita de Damares foi motivada por uma campanha antivacina, já que a criança teria passado mal após ser vacinada.
Que a ministra de Bolsonaro provavelmente esteja na campanha antivacina, não dá para duvidar. Mas qual é a utilidade da ação de Sâmia Bonfim? Nenhuma.
Efetivamente, o requerimento não vai causar nenhum problema para Damares e Bolsonaro. Como propaganda eleitoral – e esse é o principal objetivo de Sâmia – também não tem grande utilidade a não ser no âmbito muito restrito dos já eleitores do PSOL. Para todo o resto do povo isso não vale nada, sequer vai ficar sabendo.
É uma política totalmente inócua, como é comum no PSOL.
Além desse problema, o próprio conteúdo do requerimento de Sâmia Bonfim é absurdo. Qual seria o crime de Damares se sua viagem foi motivada por uma desconfiança na vacina? A princípio, discordemos ou não, ela tem o direito de desconfiar do que quiser. E como representante do governo ela teria inclusive a obrigação de investigar algo que ela duvida.
Claro que para os histéricos de classe média, o importante é se descabelar contra o “negacionismo” dos bolsonaristas. Mas isso não muda a realidade, isso não muda o fato de que a ministra tem o direito de ter sua política e de desconfiar. Essa consideração independe de se concordar ou não com Damares.
Essa crença nas instituições é tão doentia que Sâmia quer explicações do próprio ministério de Damares. Ao invés de lutar contra Bolsonaro e contra o golpe, o PSOL fica procurando as coisas mais imbecis para fazer guerra de nervos contra o governo.
O PSOL é o típico partido da classe média esquerdista. Suas ações estão limitadas às suas ilusões sobre a democracia e as instituições burguesas, que tornam o PSOL um apêndice delas.
Essa concepção impediu, e até agora impede, por exemplo, que o PSOL atue efetivamente contra o governo Bolsonaro. Quando Bolsonaro foi eleito, foram essas ilusões que impediram o PSOL de convocar o “Fora Bolsonaro”. Porém, é mais grave do que isso: Guilherme Boulos, que havia sido candidato à presidência, na primeira oportunidade pós-eleição afirmou que não se deveria pedir a derrubada de Bolsonaro para não “sermos iguais a Aécio Neves”, numa comparação canalha do golpe que derrubou Dilma com a luta contra um governo golpista eleito na base da fraude como o caso de Bolsonaro.
Com as eleições se aproximando, o PSOL adotou o fora Bolsonaro como uma palavra de ordem demagógica para preparar a campanha eleitoral. Durante os atos contra Bolsonaro que ocorreram no ano passado, a política do PSOL era a de formar uma frente ampla com a direita. O PSOL e Boulos foram defensores da presença do PSDB nos atos e de figuras como Ciro Gomes. Na prática, o PSOL vem sabotando sistematicamente a luta contra Bolsonaro.
Com quantos requerimentos se derruba Bolsonaro? Nenhum. Com quantos tucanos se faz um movimento contra Bolsonaro? A experiência mostrou que nenhum. Pior ainda, o PSOL só contribuiu para desmobilizar a desmoralizar o movimento.
Esse “antibolsonarismo” do PSOL é inócuo, fajuto e bastante confortável, já que é feito nos gabinetes climatizados do Congresso Nacional.