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Colaboração de classes do PSOL

Não é a mesma coisa o apoio da burguesia a Lula e a Boulos

Lula tem apoio de capitalistas isolados, enquanto Boulos é apoiado pelo conjunto da burguesia e do imperialismo

A esquerda antipetista, de tanta convivência com a direita coxinha, adquiriu o mesmo reflexo condicionado desta quando é colocada diante de uma crítica: “mas e o Lula, hein? E o PT?”. Essa frase virou piada na internet para tirar um sarro de coxinhas que fecham os olhos diante da realidade e continuam colocando a culpa de tudo o que acontecer no PT e em Lula.

A esquerda pequeno-burguesa, de linhagem antipetista, como o PSOL, tem a mesma atitude. Nessa segunda-feira, dia 1º, este Diário trouxe uma reportagem, baseada em fatos e apenas em fatos, das ligações de Boulos do PSOL com empresários. Mas não quaisquer capitalistas, são empresários com relações diretas com setores da burguesia imperialista. Empresários com ligações com o Ministério Público – aquele da Lava Jato, coordenada pela CIA – e até mesmo elementos da direita ligados ao golpe de Estado, como o sinistro general Sergio Westphalen Etchegoyen que, com afirma o artigo, “foi chefe do Estado Maior do Exército (o segundo principal cargo da corporação) durante o golpe de 2016. Ele sai do exército para integrar o governo Temer como chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Elogioso da ditadura segundo o Intercept Brasil, Etchegoyen tem família militar, seu avô era Chefe da Polícia na Capital na ditadura quase fascista do Estado Novo.”

O empresário (e seus sócios imperialistas) por trás de Boulos

Fica bem claro que não se trata apenas de aproximações com capitalistas, coisa que é comum na maior parte da esquerda reformista como é o caso do PSOL. Tratam-se de ligações com a ala mais direitista, golpista e pró-imperialista da burguesia, para não dizer, ligações com o próprio imperialismo.

“Mas e o Lula, e o PT?”

Diante desse escandaloso círculo de relações envolvendo Guilherme Boulos, alguns elementos da esquerda psolista, que se esforçam para manter sua cegueira e diante da falta de argumentos se defendem dizendo que Lula e o PT também têm financiamento de empresários.

Em primeiro lugar, eles deveriam explicar porque acusar Lula anularia os fatos contra Boulos. Nesse sentido, esses esquerdistas parecem muito com os bolsonaristas que falam da corrupção do PT quando são confrontados com a corrupção da família Bolsonaro.

Mas o questionamento de tipo coxinha da esquerda psolista nos dá a oportunidade de explicar algo importante. A diferença de política do PT e do PSOL.

PSOL, um partido reformista dissimulado

Para entender a diferença, o primeiro ponto é compreender o conteúdo de classe dos partidos. O PT, desde sua formação, nunca foi um partido revolucionário nem mesmo um partido cujo programa defendia a total independência de classe. O que houve no início do partido foi uma disputa entre setores operários e revolucionários e o setor majoritário, liderado por Lula, sobre qual deveria ser o programa do partido. Nessa luta interna, prevaleceu a política desses setores majoritários, que nunca esconderam sua política de colaboração de classes

Lula, antes de ser presidente, enquanto foi presidente e depois de ser presidente, sempre afirmou, inclusive com orgulho, que fazia política para todos e que no seu governo os capitalistas lucraram muito. Uma típica política reformista e de colaboração de classes.

O PT e Lula, portanto, nunca esconderam de ninguém o seu programa conciliador e reformista. Não é o caso do PSOL. Quem conhece os parlamentares que deram origem ao PSOL, sabe que eles sempre foram coniventes com toda a política da direção majoritária do PT. Na melhor da hipóteses, alguns deles faziam uma espécie de oposição consentida na direção do partido. Saíram do PT, entre outros motivos, porque sua base de classe média estava descontente com o governo petista.

Para se diferenciar do PT, os parlamentares que formaram o PSOL precisavam de um discurso que os diferenciasse do partido. Como se tratava do auge da política de conciliação de classes do governo Lula, adotaram o discurso de que o PSOL seria um partido “diferente”, que não “faz acordo com a burguesia”, um partido “anticapitalista”.

Quem analisa o programa apresentado pelo PSOL ainda no seu surgimento sabe que ali não há nada, a não ser discursos pseudorradicais, de revolucionário. O programa do partido sempre foi de colaboração de classes. Mas para fazer oposição ao governo do PT e tentar conquistar uma base esquerdista descontente de classe média, o PSOL se apresentava como um partido diferente.

Mas como a realidade sempre se impõe, com o tempo, a política reformista foi ficando cada vez mais aberta, embora o PSOL nunca tenha abandonado a demagogia esquerdista e pseudorradical.

Ou seja, podemos e devemos criticar duramente o reformismo e a colaboração de classes do PT e de Lula, mas fato é que eles nunca esconderam isso de ninguém. Já o PSOL é um caso escandaloso de estelionato político.

Guilherme Boulos é um personagem central desse estelionato. Apresentando como líder do MTST, Boulos é um político como outro qualquer. Ingressou no PSOL nas vésperas da eleição apenas para ser candidato à presidência, passando por cima de quadros antigos do partido, e continua a sua empreitada oportunista.

Com Luíza Erundina, outra política egressa de partido burguês, montou a tal “revolução solidária”, uma típica plataforma reformista. E foi com Erundina que Boulos se tornou o candidato “oficial” da esquerda escolhido pela imprensa golpista nas eleições municipais de 2020, com o claro intuito de retirar votos do PT.

Qual o sentido da conciliação de classes de Boulos

Outra importante diferença entre a colaboração de classes de Lula e de Boulos é o sentido político de cada uma delas.

Lula por muito tempo foi o representante de um setor da burguesia nacional que conseguiu lucrar bastante com seu governo. Por sua popularidade e pela crise econômica e política do início da década de 2000, o imperialismo aceitou sua eleição num acordo para conter uma situação que poderia explodir no País.

Lula se esforça para reagrupar a burguesia em torno de sua candidatura. Mas seu esforço tem sido em vão. Não há acordo com a burguesia em torno de sua candidatura. Por mais que sua política seja conciliadora, Lula só pode contar – até o presente momento – com a mobilização das massas. Isso graças à sua base popular.

Não é assim com Boulos e o PSOL. Por sua base de classe média o PSOL é um partido mais facilmente manipulável. A burguesia golpista viu no partido um instrumento da política golpista dentro da esquerda. É isso o que dá força para o PSOL. O exemplo das eleições de 2020 em São Paulo é bem esclarecedor sobre isso.

Os setores da burguesia impulsionam Boulos e o PSOL não porque os consideram seus candidatos, mas porque os consideram uma importante ferramenta contra o PT e sua base social popular.

Em última instância, as relações de Boulos com esses empresários direitistas têm um sentido oposto ao do PT. Os dois casos são de conciliação de classes, mas, neste momento, Lula representa uma mobilização popular que, querendo ele ou não, representa um perigo para a burguesia, já Boulos representa um setor na esquerda cujo sentido é sabotar essa mobilização.

Dito de outro modo, para a burguesia e a direita impulsionar Boulos e sua base de classe média não tem nenhum perigo e tem a vantagem de servir como instrumento contra Lula. Por isso a conciliação de Boulos deve ser exposta, é preciso mostrar a serviço de quem estão o PSOL e Boulos.

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