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Armadilha do identitarismo

Ministério paritário ou ministério para otário?

Lula não tem que se comprometer com ministério de mulheres

O caráter pró-imperialista das ideologias identitárias é cada vez mais claro. Agora, nas eleições brasileiras, conforme se esperava, ele está servindo como peça de propaganda da direita, mais especificamente da candidata do MDB e da terceira Via, Simone Tebet. Para quem não acompanhou a evolução política do identitarismo parece bastante extravagante uma personagem da direita nacional falar em sua propaganda e no debate presidencial ser “feminista” e defensora dos direitos da mulheres.

O comportamento de Simone Tebet mostra que, para os políticos burgueses, o importante é ganhar as eleições, não importa o nível de demagogia que se atinge. Uma candidata do MDB, partido mais fisiológico do País, ligada aos latifundiários do Centro-Oeste, ou “ruralistas” como ela gosta de dizer, se transformou, aos olhos do público desavisado e mediante muita propaganda da imprensa golpista, em ativista dos direitos femininos.

Isso porque a defesa sem conteúdo das mulheres foi a via encontrada pela terceira via para galgar seu espaço entre os dois principais candidatos: Lula e Bolsonaro.

Vamos ao debate desse domingo, 28, na TV Bandeirantes. Entre as inúmeras vezes em que a palavra “mulher” e “mulheres” foi pronunciada, pelo menos uma serviu para atacar diretamente Lula, ganhando repercussão na imprensa golpista no dia seguinte. Lula foi questionado sobre uma possível “paridade de gênero” no seu governo, ou seja, se o número de ministras e ministros será igual.

Trata-se de uma pergunta cuja única função é colocar o candidato do PT numa saia justa. Ninguém sério poderia se comprometer com algo desse tipo. Como falar quem fará parte de um ministério antes mesmo da eleição? A pergunta só pode vir de alguém que está com más intenções com Lula ou de alguém que simplesmente não entende nada do funcionamento da política. No caso do debate, é o primeiro caso, de fato, ao fazer a pergunta, a jornalista queria colocar Lula numa situação complicada.

A pergunta foi direcionada e Lula para que Sinome Tebet comentasse, justamente ela que já havia falado sobre o tema. É a típica jogada ensaiada para favorecer a candidata do MDB.

Lula está corretíssimo em não assumir esse compromisso. Um ministério, seja de um governo burguês seja de um governo revolucionário, deve ser constituído por pessoas de confiança do governo eleito, não importando quem são essas pessoas. Se comprometer com o “gênero”, a raça, a orientação sexual ou qualquer coisa que o valha é substituir as necessidades políticas por coisas absolutamente secundárias.

Ao eleger um governo o povo está escolhendo uma política e um programa determinados. E é apenas com base nesse programa que deveríamos cobrar o governo.

Explicando o óbvio: no Ministério da Economia não se coloca um neoliberal, não importa se mulher ou homem.

Se houve algum erro na resposta de Lula foi não ter sido mais claro na sua resposta. O candidato do PT poderia ter respondido assim: “se for para ter uma ministra direitista e latifundiária como Tebet, é melhor um homem comprometido com o povo”.

Espantoso é que a esquerda pequeno-burguesa serve como base de apoio a esse golpe. Quando Gabriel Boric tomou posse no Chile, alguns esquerdistas aplaudiram seu ministério paritário.Só não verificaram que entre as mulheres de Boric estavam nomes ligadas ao neoliberalismo. A imprensa golpista brasileira e o imperialismo aplaudiram o governo Boric junto com a esquerda pequeno-burguesa. Já era possível saber que essa política seria usada contra Lula no Brasil.

Nesse mesma época, portanto muito antes de Simone Tebet confrontar Lula no debate, o então jornalista do Brasil 247, hoje na revista Fórum, Mauro Lopes, já havia formulado a pergunta para Lula numa entrevista com os órgãos da imprensa alternativa em janeiro deste ano. “Paridade de gênero e raça ainda em disputa”, afirmou Lopes.

Em fevereiro deste ano, o jornalista insistiu no questionamento em outro artigo, agora elogiando os governos imperialistas da Espanha e da Alemanha, além do governo Boric: “Paridade de gênero e presença jovem tornou-se regra em governos de centro-esquerda. Como será com Lula?”.

Thiago Amparo, advogado e professor, um desses pseudo-esquerdistas que escrevem colunas para a Folha de S. Paulo, foi outro que atacou a resposta de Lula sobre a paridade no ministério: “‘Eu não sou de fazer compromisso’, péssima resposta de Lula sobre paridade de gênero nos ministérios, demanda progressista há tempos. Péssima. #DebateNaBand

O colunista gostaria que Lula fizesse um compromisso. De repente, Lula podia ter convidado Tebete e Soraya Thronicke, as duas golpistas do Mato Grosso do Sul, para fazer parte do seu provável governo.

O demonstra, sem sombra de dúvida, que a campanha em torno do “ministério paritário” é uma política da burguesia para atacar Lula é a pronta repercussão da imprensa golpista. A Folha de S. Paulo deu a notícia quase em tempo real e deixou-a em seu portal durante o dia seguinte:

Lula evita assumir compromisso sobre mulheres no 1º escalão de seu eventual governo

O ex-presidente Lula (PT), ao ser questionado sobre se comprometer a indicar mulheres para metade de seu ministério, afirmou que não assumiria esse compromisso.

Ele afirmou que indicará “as pessoas que tem capacidade para assumir determinados cargos”.

“O que não dá é para assumir o compromisso numericamente. […] Não vou assumir compromisso, porque se não for possível passarei por mentiroso”, disse ele.

Já Simone Tebet (MDB) assumiu o compromisso. Disse ainda que pessoas envolvidas em corrupção, mesmo do seu partido, não serão ministras. (Carolina Linhares e Victoria Azevedo)”

Eis a farsa da defesa das mulheres. O identitarismo está sendo usado contra a candidatura de Lula, conforme o esperado. Que a direita e o imperialismo façam isso para tentar emplacar Simone Tebet é compreensível: a burguesia não tem vergonha de ser cínica e demagoga.

O perigo é a esquerda, enfeitiçada por essa política reacionária em pele de progressista, que acaba, dentro da campanha de Lula, fazendo campanha pela terceira via, ou seja, por Simone Tebet. Basta ver a repercussão entre a esquerda, como alguns colunistas do Brasil 247, que estão reforçando os elogias a Tebet no debate.

Tem que ser muito otário para acreditar nisso.

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