Um dos assuntos mais comentados na política nacional atualmente é a suposta participação do tucano e golpista Geraldo Alckmin na candidatura do ex-presidente Lula em 2022. Os comentários estão em todos os lugares: na imprensa burguesa, na imprensa de esquerda, no movimento sindical, nas bases do PT etc. No entanto, essa possibilidade sequer está sendo considerada pelo próprio Lula.
Os comentários sobre uma aliança entre Alckmin e Lula são comentários baseados em uma fofoca. Em um boato da imprensa golpista sem qualquer contato com o mundo real. A única “fonte” citada por todos aqueles que se dispõem a comentar o assunto é uma só: uma coluna de Mônica Bergamo, especialista em fofocas dos bastidores da política nacional, sobre a tal conversa entre Lula e Alckmin. Lula não disse nada, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann não disse nada, nem mesmo os mais direitistas dirigentes do PT, como Tarso Genro, falaram alguma coisa. O artigo de Mônica Bergamo não cita nem mesmo um “petista anônimo”. Tem tanta validade quanto as acusações do Power Point de Deltan Dallagnol.
O objetivo da fofoca de Mônica Bergamo é o de seguir a máxima do ministro da Propaganda de Adolf Hitler: contar tanto uma mentira até que ela se torne verdade. De tanto discutirem a inexistente aliança entre Lula e Alckmin, a burguesia vai aos poucos testando os efeitos que uma frente ampla com o PT poderia gerar. Não se trata, afinal, de algo sério: nem os bancos, financiadores de Alckmin e o PSDB, não querem uma aliança com Lula, nem o movimento que apoia Lula quer Alckmin ou o PSDB. No entanto, a partir do momento em que essa aliança é considerada como algo “possível”, os setores mais direitistas da esquerda nacional, que apoiam a frente ampla, levantam a cabeça e passam a propor todo tipo de absurdo. Se Lula estaria cogitando uma aliança com Alckmin, como diz a Folha, por que Jaques Wagner, da ala direita do PT, não poderia propor uma aliança com Ciro Gomes?
Além de levantar a cabeça dos oportunistas mais notórios, a fofoca tem outra finalidade: fornecer argumentos para que a “ala esquerda” do oportunismo — isto é, os pseudorradicais antipetistas — ataquem a candidatura de Lula. Jones Manoel (PCB), a UP e o setor dirigente do PSOL fogem do apoio a Lula com o pretexto de que Lula seria um “pelego”, um “conciliador”, enquanto eles lutariam por um programa verdadeiramente socialista. O boato de que Lula estaria articulando a vinda de Geraldo Alckmin para a sua candidatura é um prato cheio para esses setores.
A Folha de S. Paulo mente, portanto, para pressionar Lula por todos os lados: pelo oportunismo extremo da ala direita do PT e do PCdoB e pelo sectarismo e fisiologismo da esquerda antipetista.
Acontece que, se não há indício de um compromisso da candidatura de Lula com o imperialismo, há indícios de sobra dessa esquerda pseudorrevolucionária com os maiores inimigos da humanidade. Guilherme Boulos (PSOL), o guarda-chuva que abrigou todos os grupelhos antipetistas nas eleições municipais de 2020, é um homem com estreitíssimas relações com o golpismo internacional.
Uma reportagem exclusiva deste Diário demonstrou, com provas de fácil acesso, que Boulos (1) é funcionário de um instituto comandado por um empresário; (2) que, entre os diretores desse instituto, estão o general fascista Sérgio Etchegoyen e o ex-chefe da Lava Jato Leandro Daiello e que (3) o instituto é parceiro da think thank Global Americans, financiada pelo NED, um histórico fundo do imperialismo para financiar movimentos contrarrevolucionários mundo afora.
É um fato. Se Boulos sabia ou não disso, se Boulos tem uma ligação direta ou não com o governo norte-americano, pode-se discutir. No entanto, que ele está economicamente ligado a uma cadeia de relações podres e pró-imperialistas, não há dúvidas. E tudo fica ainda pior quando visto que Boulos sempre esteve ao lado dos golpistas durante toda a luta contra o golpe.
Mas no caso de Boulos, ninguém quer discutir, ninguém quer encarar como verdade. Subverteram: deram como fofoca aquilo que é uma investigação minuciosa e atacam Lula pelo que não fez. É a intriga, a calúnia, a difamação e a fofoca, funcionando a mil por hora, em favor dos interesses da burguesia, em nome daqueles que não tem um programa a defender.
