Alguns setores da esquerda criticaram a posição do PCO sobre casos recentes como o da prisão ilegal do deputado bolsonarista Daniel Silveira e a censura a contas de extrema-direita nas redes socais, afirmando que o partido tem “ideologia liberalóide”. O que para esses setores sub-intelectuais da esquerda pequeno-burguesa seria o mesmo que afirmar que a ideologia do PCO não seria marxista, mas conservadora.
A lógica da crítica está em que, se você defende liberdade de pensamento e expressão e liberdade de associação, logo você é um liberal, portanto, se você é de esquerda, você não deveria defender nada disso. Assim, deveríamos concluir que a esquerda defende a censura, que o Estado regule o que cada um pode falar, defende que não exista direito de associação, ou seja, de que os cidadãos possam organizar partidos e sindicatos, por exemplo.
Colocado dessa maneira, fica muito claro que a esquerda pequeno-burguesa está em uma profunda confusão mental. Ela, na prática, abandonou a defesa dos direitos individuais e democráticos e entregou esse programa para a direita, para o neoliberalismo. Ou seja, entregou um ponto essencial da esquerda socialista para os maiores inimigos dos direitos democráticos.
Por outro lado, a esquerda pequeno-burguesa não explica qual é de fato a posição da esquerda sobre o problema das reivindicações democráticas. Se defender os direitos democráticos é ser de direita, logo, supõe-se que a esquerda não deveria defender esses direitos. Resta, à esquerda, a defesa da barbárie, ou seja, a esquerda seria pior do que o bolsonarismo, segundo a lógica desses esquerdistas pseudo-intelectuais.
Um pouco de História
Até 1985, quando a ditadura vivia seus momentos finais, tínhamos um governo militar no Brasil e o conjunto da população, para se opor à ditadura defendia reivindicações democráticas. Entre as principais lutas do povo e das organizações de esquerda e dos trabalhadores estavam a liberdade de associação, direito de greve, de organização sindical, fim da censura, ou seja, que se pudesse publicar qualquer coisa etc.
Essas eram as reivindicações da esquerda e de todos os setores progressistas contra a ditadura. E o que são essas reivindicações senão uma luta pelas liberdades democráticas? Esse programa, inclusive, não faz parte apenas desse período, mas faz parte das tradições do movimento operário internacional.
Então, a partir das críticas que o PCO recebe sobre a sua defesa das liberdades democráticas, toda essa luta seria um grande equívoco; tudo não passava de uma luta “liberalóide” da esquerda. O correto seria não se opor a nada daquilo que a ditadura fez. De acordo com o raciocínio dessa “nova esquerda” de hoje, talvez o melhor seria não se opor à ditadura, mas pedir que ela apenas aperfeiçoasse seus métodos autoritários.
Se naquela época lutamos contra a Ditadura Militar levantando reivindicações democráticas do povo, por que deveríamos abandonar isso? E qual seria a vantagem de abandonar essa luta?
Assim como naquele momento, a luta pelo direito irrestrito de greve é fundamental. Também é liberalóide ter essa política?
A esquerda pequeno-burguesa está completamente desorientada, resultado de uma adaptação profunda do regime político golpista, que caminha cada vez mais para uma ditadura.
A defesa das liberdades democráticas é uma pauta da esquerda
A esquerda cumpre um papel nefasto para o movimento popular ao entregar para a direita pautas que tradicionalmente foram da esquerda. A luta pelos direitos democráticos é uma tradição de todos os movimentos progressistas da sociedade.
A partir da Revolução Francesa e o estabelecimento da burguesia no poder, a sociedade conquistou uma série de direitos. Estabelece-se que todos são iguais perante a lei. Isso é um progresso. Voltar no tempo quando formalmente, legalmente, uma pessoa tem mais direito que a outra é uma volta à Idade Média.
A obrigação de qualquer pessoa que se diga democrática é defender que todos sejam iguais perante a lei.
o sentido da lei, da Constituição, em qualquer lugar do mundo em tempos modernos, ideia do Estado de direito é que você tenha uma lei que limite o poder do Estado. Um Estado não limitado pela lei é ditadura.
O problema é que a esquerda saiu em defesa das arbitrariedades do Estado contra indivíduos. A esquerda confunde democracia com o STF, Judiciário, em suma o Estado, que na realidade é uma monstruosidade antidemocrática.
Ao adotar essa política, a esquerda está jogando a defesa desses princípios democráticos no colo da direita. Não que a direita de fato defenda os direitos democráticos, mas faz demagogia com eles.
A esquerda deveria defender os problemas democráticos como princípios fundamentais e não como demagogia para ajudar apenas seus aliados políticos. É preciso deixar claro que esses princípios são da esquerda e não da direita. Inclusive, é muito evidente que a posição do PCO causou uma crise no interior da direita.
A extrema-direita é falastrona mas na hora do vamos ver, ela não enfrenta nada. O próprio Daniel Silveira chorou para manter seu cargo. A extrema-direita é como a esquerda pequeno-burguesa, faz tudo por um cargo.
A direita fala que a esquerda é antidemocrática, mas na hora “h” eles não estão lá nem para defender um aliado que está sendo perseguido politicamente, como aconteceu na votação na Câmara.
A posição de princípios do PCO é muito nítida, a direita é obrigada a se expor, mostrando que boa parte do que diz defender é pura demagogia.