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Fábrica de identitários

Jones Manoel está contente por se tornar um brinquedo da Globo

Youtuber do PCB vibrou ao ser convidado para documentário da GNT

Ao fim desta semana, os leitores que ainda não foram bloqueados pelo youtuber Jones Manoel terão se deparado com mais uma publicação escatológica do treteiro de Twitter. Diz ele: “muito bom esse banner de divulgação do documentário que participei”. Até aí, tudo bem. Afinal, afora sua síndrome de Johnny Bravo, que grande crime há em elogiar um “banner de divulgação” de um documentário que ele próprio participou?

O que Jones Manoel ignora em sua publicação, no entanto, é que o “documentário” em questão é uma produção do canal de televisão GNT. Ou, chamando-o pelo seu nome completo: Globosat News Television. Jones Manoel, portanto, não está apreciando o valor estético de um documentário — está celebrando o fato de aparecer na Rede Globo.

Pode ser que seja um sonho de infância. Nada contra. Assim como uma bailarina que comece a dançar imaginando o dia em que integrará o Ballet Bolshoi, assim como um menino que jogue futebol com uma tampinha de garrafa esperando um dia ser chamado para a seleção brasileira, pode ser que o youtuber tenha se matriculado no curso de História da UFPE sonhando um dia ser um cretino profissional da bancada GloboNews. Os sonhos de Jones Manoel, no entanto, passam a ser um problema quando são manipulados para desferir um golpe contra a esquerda e o conjunto da população.

Embora pertença à Rede Globo, a GNT não é somente mais um canal da Globo. É o canal identitário por excelência da Rede Globo. Desde o início dos anos 2000, o canal passou de ser um canal de variedades para ser um canal dedicado sobretudo “ao universo feminino”. E que universo seria esse, a luta contra o aborto e a extrema-direita? Não, o “universo” do feminismo liberal: em geral abobrinhas ditas por dondocas sobre as dificuldades de combinar o vestido com a cor do batom.

O objetivo já era claro desde então: criar um canal da Globo, com todo o seu conteúdo reacionário, mas que tivesse um róseo verniz esquerdista, de modo a tentar influenciar os setores mais pequeno-burgueses da esquerda nacional.

Chamar Jones Manoel para um “documentário” cumpre a mesma função que o GNT vem cumprindo há décadas. O mesmo canal que quer transformar a luta da mulher em uma conversa de salão de beleza também vai querer, naturalmente, transformar a luta contra o golpe e contra o governo Bolsonaro em uma conversa mole acadêmica e direitista.

Não fosse assim, qual seria o objetivo da GNT? Produzir documentários com figuras da esquerda para promover o socialismo no Brasil? É óbvio que se trata do contrário: esconder a esquerda verdadeiramente combativa e ligar os holofotes sobre a cabeça de enrolões profissionais que digam o contrário do que o movimento popular realmente pensa.

No golpe de 2016, isso apareceu com muita frequência. A GloboNews, por meio de seu apresentador Mário Sérgio Conti, convidou — pasmem — um dirigente do PSTU para defender seu “ponto de vista” sobre a situação política. Isso mesmo, o grupo mais isolado, que era vaiado nas assembleias por defender abertamente o golpe de Estado, foi justamente o escolhido pela Globo para “representar” a “esquerda”. É tão escandaloso que, naquele momento, nem Lula, duas vezes presidente da República era chamado para programas como esse.

Já no igualmente golpista jornal Folha de S.Paulo, todo mundo viu o “ilustre desconhecido” Guilherme Boulos ser alçado como “liderança” da “nova esquerda” e ganhar uma coluna semanal. E por quê? Porque, ao contrário do movimento gigantesco que ganhou as ruas para lutar contra o golpe, Boulos queria a cabeça de Dilma Rousseff.

Jones Manoel se enquadra perfeitamente no perfil. Decorou com perfeição seu papel ao entregar o currículo no Projac: ficou a favor do golpe de 2016 e é uma das expressões da chamada esquerda antipetista. Isto é, da esquerda que se infiltra no movimento para atacar o PT e o ex-presidente Lula. Nada mais conveniente, obviamente, para a burguesia, em um momento em que as grandes manifestações de rua apresentam um potencial de se transformar em uma grande mobilização pela candidatura de Lula.

É o joguinho perfeito para a burguesia. Apresentam um esquerdista — que se diz super “radical” —, negro e nordestino, e dizem: “estão vendo? Vocês não devem apoiar Lula. Devem fazer como esse rapaz”.

O problema de seguir Jones Manoel é que, embora seja negro e nordestino, seus conselhos só levam à submissão do negro, do nordestino e de todo o povo brasileiro ao regime político golpista. Jones Manoel é o youtuber que defendeu o Carrefour contra a fúria popular após a morte de um negro e condenou os militantes e ativistas de esquerda que expulsaram o PSDB dos atos Fora Bolsonaro. Quem seguir seu conselho de “esqueçam Lula porque ele é pelego”, estará sendo conduzido não para a revolução socialista, mas para uma das duas únicas candidaturas com força suficiente na atual situação: a de Bolsonaro ou a da “terceira via”.

Embora o espelho não lhe diga isso, Jones Manoel não é candidato à presidência. O povo que está nas ruas já tem seu candidato, e não vai mudar de opinião por causa das palestras de um treteiro de Twitter ou por causa da programação identitária da Rede Globo.

Jones Manoel pode estar todo pimpão por ganhar uma ponta na novela das seis da Globo. É bom para a mamãe, para a titia bater palmas e ficarem orgulhosas. Mas para o povo, isso tem um significado claro e deve ser denunciado como um inimigo daqueles que estão nas ruas contra a Globo e o golpe, deve ser colocado na prateleira de lacaios do imperialismo.

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