As correntes ditas trotskistas gostam de fazer propaganda de que sua política é internacional. Muitos fazem questão de apresentar organizações, que quase na totalidade, não são nada mais do que um aglomerado de pequenos grupos sem importância em seus países. O PSTU, por exemplo, faz parte de uma dessas organizações, chamada LIT (Liga Internacional dos Trabalhadores), que, desde o início da ofensiva golpista do imperialismo em vários países do mundo, vem coerentemente se colocando ao lado da direita golpista.
No Brasil, o PSTU apoiou o golpe de Estado, apoiou a prisão de Lula e ainda hoje evita dizer que houve um golpe de Estado, lado a lado com a imprensa golpista, a direita. O partido está abandonando o “trotskismo internacional” e inventando uma nova modalidade: o “trotskismo global”. E aqui, não é nenhuma referência ao planeta Terra, mas à rede Globo de televisão.
Junto a outros 10 partidos, o combativo PSTU correu para o TSE para protocolar uma requisição cobrando que Bolsonaro preste esclarecimentos e provas sobre as acusações de fraude nas urnas eletrônicas. São aliados do PSTU nesse pedido, além de outros partidos da esquerda pequeno-burguesa, os golpistas PSDB e o MDB. Vejam só que o PSTU se transformou, ao lado da rede Globo e dos partidos da direita golpista, em grande defensor da ilibada instituição eleitoral brasileira.
Algum incauto poderia defender o PSTU dizendo que essa sempre foi a política do partido. Que o “revolucionário” e “trotskista” PSTU é o maior defensor das eleições brasileiras como grande exemplo de democracia. Ficaria a dúvida se o PSTU é coerente em suas ilusões nas instituições ou se é coerente em seu seguidismo à direita golpista. Adivinhou quem optou pela segunda possibilidade.
Em 2002, quando Lula estava prestes a ser eleito, o PSTU não acreditava tanto assim na urna eletrônica. Matéria de 6 de outubro no sítio do partido dizia que “Urna eletrônica facilita fraude eleitoral”. Nesse artigo, assinado por Diego Cruz, está dito: “a confiança na infalibilidade do sistema eletrônico foi sendo progressivamente abalada, inclusive com a formação de um fórum sobre o voto eletrônico, que questiona a lisura de um processo que não pode ser fiscalizado. O principal problema da nova forma de votação é que, na contagem manual, o escrutínio é público. Mas, com a urna eletrônica, o escrutínio é privado.”
Muito bem colocado! Mas o que teria mudado daquele momento para agora? Uma coisa é certa: naquele momento, o Brasil estava prestes a eleger Lula, do PT, ainda que com a conivência da burguesia.
Mas a posição de questionamento das urnas não foi apenas em 2002. Em matéria assinada pelo mesmo Diego Cruz em 1 de outubro de 2015, cerca de um ano após a segunda eleição de Dilma Rousseff, o PSTU acusa: “Dilma restringe o debate democrático nas eleições”.
Segundo o artigo do PSTU:
“Um dos vetos de Dilma foi exatamente para o voto impresso. O Brasil é o único país do mundo onde a urna eletrônica não tem controle de um voto impresso. Na Alemanha, as cortes superiores daquele país chegaram a uma conclusão que parece muito óbvia: se um sistema de votação não pode ser fiscalizado por um leigo, não pode ser confiável. O fato é que o voto impresso poderia garantir um mecanismo de controle, de fiscalização e recontagem dos votos.”
Vejam só! O PSTU questionando as urnas eletrônicas em 2015. E o que mudou agora, a ponto de o partido ir ao TSE para denunciar Bolsonaro? Obviamente, a urna continua a mesma, o que mudou mesmo é a posição da direita.
Em 2015, o processo golpista contra Dilma Rousseff estava em pleno andamento. Assim, a direita golpista usava todas as armas para atacar a presidenta. O PSTU, que como dissemos no início desse artigo, foi a favor do golpe, seguia a direita e a rede Globo contra o governo do PT.
Agora, a mesma rede Globo e a direita querem garantir o controle dos votos através da urna eletrônica. Não querem aceitar as denúncias de Bolsonaro, pois isso acaba dificultando a fraude eleitoral. E o PSTU, assim como o restante da esquerda, novamente se alia com a direita. Por isso que o PSTU atacava a urna eletrônica em 2002 e 2015, mas agora quer calar Bolsonaro porque ele simplesmente denunciou o sistema eleitoral.
Bolsonaro está denunciando o fraudulento sistema eleitoral porque como homem da burguesia sabe que as eleições podem muito bem ser fraudadas contra ele. Ele sabe bem, pois foi essa urna eletrônica fraudulenta o que deu a vitória a ele em 2018. Ele fala com conhecimento de causa.
Já a esquerda, que, em geral, é sempre a maior prejudicada pela fraude eleitoral, simplesmente segue a orientação política dos setores mais poderosos da burguesia. O PSTU é um bom exemplo dessa política da esquerda pequeno-burguesa. A esquerda é tão influenciada pelo PSDB que até mesmo na picaretagem ela imita seus ídolos. Assim como FHC, o PSTU também quer esquecer o que escreveu.