A esquerda pequeno-burguesa tem uma veneração pela imprensa capitalista. No Brasil, a maior glória para um esquerdista é ter uma matéria na Folha de S. Paulo. Lembremos o caso de Guilherme Boulos, do PSOL, eleito o esquerdista oficial da Folha nas eleições de 2020. Da mesma maneira, Boulos foi colunista do mesmo jornal na época do “Não vai ter Copa”, fazendo propaganda pseudo esquerdista contra Dilma Rousseff. Em ambos os casos, a imprensa usou Boulos para os seus interesses golpistas.
É por causa dessas coisas que a Folha é considerada por muitos setores da esquerda como sendo um jornal progressista. Ignorando o papel reacionário dela no golpe atual, no golpe militar e em toda a história política do País.
Outro órgão da imprensa que é estranhamente apresentado como progressista é o jornal El País. Entretanto, esse é o jornal mais importante do imperialismo espanhol e um dos principais na Europa.
A versão em português do jornal, que existia desde 2013, foi encerrada no último dia 14 de dezembro. Essa versão brasileira se disfarçava de esquerdista, com posicionamentos próximos da esquerda pequeno-burguesa como identitarismo. O El País apresenta uma versão esquerdista da política pró-imperialista.
Diante do fechamento do jornal em português, Guilherme Boulos não deixou de externar seu amor pela imprensa capitalista: “Fechamento do El País no Brasil significa menos um dos poucos órgãos de imprensa sem subserviência à direita no país. Perda imensa.”
Fechamento do El País no Brasil significa menos um dos poucos órgãos de imprensa sem subserviência à direita no país. Perda imensa.
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) December 14, 2021
Boulos lamenta o fechamento de um órgão imperialista no Brasil que ele chama de “sem subserviência à direita”. De fato, como disseram alguns seguidores dele no Twitter, se não for subserviência à direita no Brasil é porque é um órgão subserviente à direita internacional.
O El País se coloca como um dos principais órgãos inimigos do regime venezuelano. Defensor do golpe na Nicarágua. Recentemente, o jornal publicou uma matéria fascista comemorando a morte de Abimael Guzmán, líder do Sandero Luminoso no Peru. O El País é um porta-voz dos interesses imperialistas e como maior jornal espanhol age como um instrumento de dominação nos países latino-americanos.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/01/17/opinion/1516145602_274461.html
Diferente do que Boulos afirma, ele está lamentando o fechamento de um órgão extremamente direitista. Não é um jornal “subserviente à direita”, o El País é parte da própria direita.
Um jornal a serviço do imperialismo e dos golpes de Estado na América Latina. O lamento de Boulos é compreensível, afinal, em várias questões ele tem acordo com as posições de El País contra os governos nacionalistas no continente.
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/04/10/opinion/1491860659_262989.html