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Bolsonarismo calça-apertada

Doria petista?

Tucano apoiado pelo conjunto da imprensa golpista já está em campanha para as eleições de 2022

Está na moda dizer que se arrependeu de ter votado no fascista, lesa-pátria, genocida e golpista Jair Bolsonaro. Aquele tio coxinha, que chamava Bolsonaro de “mito”, agora jura de pés juntos que seu candidato era João Amôedo. O bolsonarista que rosnava todos os dias no trabalho, agora não quer discutir política. É normal, uma vez que não há mais o clima de 2018 quando a burguesia impulsionou uma candidatura de extrema-direita para combater o PT.

O fenômeno mais bizarro, no entanto, são os chamados “arrependidos”. Isto é, pistoleiros da política que organizaram o golpe de 2016 e que, após uma revelação divina, se arrependem profundamente de ter apoiado Jair Bolsonaro. Dentro desse escopo, estão figuras como Fernando Henrique Cardoso, Marco Antonio Villa, Lobão, Felipe Neto e muito outros. Se vivos, também estariam, provavelmente, Hitler e Mussolini.

Esse arrependimento vale tanto quanto uma confissão a um padre. Peca-se, confessa-se, paga-se uma “oferenda”, reza-se dois “pais nossos” e o sujeito já está pronto para pecar de novo. O “arrependimento” de ter apoiado Bolsonaro não passa de uma ladainha: investe-se na campanha de um fascista, apoia-se sua chegada à presidência da República, apoia-se toda a sua política genocida e depois o sujeito vai até a Rede Globo dizer que ele, que faz política desde o berço, foi enganado por Bolsonaro. Assim como o cristão hipócrita, o que busca é limpar sua imagem para fazer tudo de novo na primeira oportunidade.

Na última semana, um dos “arrependidos” veio a público confessar os seus crimes. João Doria, governador calça-apertada de São Paulo pelo PSDB, disse que deveria ter apoiado a candidatura de Fernando Haddad em 2018 contra o fascista Jair Bolsonaro. Disse ele:

“Assumo aqui que errei. Errei fortemente ao apoiar Bolsonaro na eleição contra o PT, contra Fernando Haddad. […] Eu como milhões de outros brasileiros acreditei que Jair Bolsonaro pudesse ser a solução para a corrupção. Erramos no remédio. Elegemos um louco, um psicopata”.

É possível que o seu tio coxinha, que conte a piada do “pavê ou para comer” todo natal, seja tonto a ponto de cair na lorota de que Bolsonaro acabaria com a corrupção. Mas Doria, empresário de carreira e filiado ao PSDB, só pode estar de brincadeira quando fala tal coisa. Embora de mau-gosto, uma piada mais engraçada do que a do tio coxinha, admitamos…

É uma piada porque, se alguém for levar a sério o que Doria diz, poderia traduzir mais ou menos da seguinte forma: “eu estava andando, distraidamente, por uma rua, rumo a uma comunidade pobre onde eu iria distribuir roupas e alimentos por caridade, quando, sem esperar, tropecei e caí num bueiro cheio de excrementos”. Olhando assim, a culpa não é do governador de São Paulo, mas sim de quem planejou maldosamente aquele bueiro ou, pior ainda, do destino, que abriu aquele bueiro no meio da rua sem motivo algum.

A verdade, no entanto, vai no sentido oposto. Doria não tropeçou em um bueiro, ele mergulhou nele de cabeça. Bebeu sua água podre, nadou, se emporcalhou e aproveitou como pôde. Agora, no entanto, que, unicamente por motivos eleitorais, Doria não quer mais brincar no bueiro, ele finge que nunca teve coisa alguma a ver com isso.

Não é difícil mostrar quanta coisa Doria tem a ver com o esgoto fascista.

Em 2017, quando Doria começava a surgir como político profissional, ele declarou à revista IstoÉ — também conhecida como QuantoÉ:

“Eu sou o anti-Lula por formação. E para isso não preciso ser candidato em 2018. Ser contra Lula é ser a favor do Brasil”.

Logo quando assumiu a prefeitura de São Paulo, em janeiro de 2017, Doria conseguiu implementar uma duríssima perseguição aos moradores de rua e aos moradores de periferia de dar inveja a Bolsonaro. O então prefeito saiu apagando murais grafitados, mandou reprimir a Cracolândia e reforçou a guarda municipal, especialista em bater e maltratar os mais miseráveis.

Quando chegou o ano das eleições, Doria não desapontou seus seguidores bolsonaristas — nos quais se incluíam o MBL, Joice Hasselmann, Alexandre Frota e outros fascistas. Doria não sou apoiou Bolsonaro como decidiu chamar a si mesmo de BolsoDoria. Depois de eleito governador, BolsoDoria continuou atuando como uma figura de extrema-direita, tirando de circulação livros por conter “ideologia de gênero” e usando a polícia para reprimir os professores que protestavam contra sua reforma da Previdência.

Quer dizer, Doria não apoiou Bolsonaro acidentalmente. Ele expressou o mesmo fenômeno que o bolsonarismo — foi, em grande medida, a principal liderança do bolsonarismo no Estado de São Paulo. Apoiou não só um candidato que poderia lhe dar cargos — o que qualquer político fisiológico faria —, mas, na verdade, foi veículo de toda a campanha reacionária contra o PT que a burguesia precisou fazer para garantir que o golpe avançasse.

Doria não se arrepende de ter votado em Haddad porque tal coisa seria impossível. Doria apoiou a única pessoa que poderia apoiar: Bolsonaro, o candidato que a burguesia decidiu apoiar para evitar que o PT vencesse. Para ser contra isso, seria preciso ser contra o golpe, seria preciso estar disposto a enfrentar a Rede Globo, os Estados Unidos, a Lava Jato e tudo aquilo que, até hoje, servem de cobertura para a carreira de Doria.

Doria diz se arrepender por duas razões muito simples. Primeiro, porque a frase não implica em um compromisso real: como não é possível voltar no passado, Doria não precisa comprovar o que diz. É diferente, por exemplo, de dizer: “me arrependo do que fiz e, por isso, vou começar, do dia de hoje até outubro de 2022, a fazer campanha para Lula”. E segundo porque a Rede Globo, os Estados Unidos, a Lava Jato e todos os setores mais importantes da burguesia estão apontando que querem um novo candidato para as próximas eleições.

Isto é, um candidato que não seja o imprevisível e improvisado Jair Bolsonaro, que cria briga com o voto impresso, com a política de isolamento social, com a gestão da Petrobras e com uma série de contradições internas que dificultam a celeridade que a política neoliberal exige. Doria sabe que ele pode ser esse candidato — ao que tudo indica, ele tem, inclusive, mais confiança da burguesia para ser esse candidato do que tem o próprio Bolsonaro.

O grande problema é que para governar, é necessário mais do que o apoio da burguesia. É necessário vencer as eleições. E sendo Doria muito impopular, tal coisa é bastante complexa. Isso porque, por um lado, o maior líder popular do País, Lula, deverá ser o candidato da esquerda, enquanto Bolsonaro, que, embora muito menos popular que Lula, tem muito mais votos que todos os candidatos da direita juntos, deverá participar da disputa. Para se firmar enquanto “terceira via”, Doria teria que conseguir ultrapassar dois candidatos que representam forças políticas reais.

E a grande manobra está justamente em enrolar o eleitorado de ambos, além de contar com todo o apoio da máquina eleitoral dos Estados. Caso vá para o segundo turno com Lula, Doria poderá rapidamente atrair a base bolsonarista, abrindo o baú que tenta esconder agora e relembrando a todos que era o “anti-Lula”. No entanto, caso Bolsonaro vá para o segundo turno, Doria irá se apresentar como uma pessoa “democrática”, “progressista”, que escolheu a “civilização” contra a “barbárie” e que mereceria o voto da esquerda. Neste caso, a principal manobra da operação seria em fazer a esquerda apoiar as eleições enquanto “legítimas”, em vez de contestar a fraude imensa que seria impedir Lula de participar do segundo turno.

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