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A inquisição "científica"

Djokovic: o “crime” foi de opinião, não de ameaça à saúde pública

Decisão australiana explicita que a deportação do atleta não teve nada a ver com algum risco sanitário trazido pelo organismo do mesmo, mas por conta de suas opiniões.

djokovic

A frase “o caminho para o inferno está pavimentado com as boas intenções” cai como uma luva para falarmos dos setores da sociedade que caem ingenuamente na armadilha da “nova esquerda”, autoritária contra os direitos democráticos da população. À frente dos iludidos, no entanto, temos a parte mais poderosa da burguesia mundial, que não brinca em serviço e que aprofunda o autoritarismo estatal a cada nova oportunidade.

Muito mais lúcido do que a esquerda que adora dançar conforme a música tocada pelo imperialismo, temos o jornalista Glenn Greenwald. Por experiência própria, o norte-americano acumulou informações sobre o funcionamento da máquina imperialista e sofreu perseguição por expor crimes dos donos do mundo. O tema da liberdade de expressão é então bastante caro ao jornalista, que não se confunde diante dos ilusionismos utilizados para censurar opiniões consideradas inconvenientes.

O jornalista verificou que a deportação do tenista não foi embasada em nenhuma ameaça à saúde pública. O governo australiano havia reconhecido que Djokovic fazia jus a uma isenção legal por apresentar altos níveis de imunidade natural, constatada por uma testagem positiva no meio de dezembro e outra negativa na semana seguinte. Por conta dessa situação, o sérvio já havia sido autorizado a entrar no país e estava treinamento para a competição.

Nove vezes vencedor do Aberto da Austrália e atual tricampeão da competição, o sérvio Novak Djokovic disputava ainda o recorde de troféus de Grand Slams contra o espanhol Rafael Nadal e o suíço Roger Federer. Os três detém 20 deles e com a expulsão do sérvio, o caminho do espanhol para o 21º troféu fica facilitado sem o número 1 do ranking.

O que chamou a atenção de Greenwald foi que a decisão da deportação não cita o risco de transmissão da covid, mas da transmissão de ideias céticas em relação às vacinas. A decisão cita declarações dadas pelo tenista em abril de 2020, quase dois anos atrás, onde o sérvio expressava suas opiniões pessoais sobre o problema, afirmando ser contra a vacinação. Ou seja, não se tratou de uma punição baseada num fato concreto, por exemplo negar-se a tomar uma vacina, mas em algo abstrato, uma opinião. Na ocasião dessa declaração, nem havia vacinas disponíveis contra a doença.

O caso lembra muito o método identitário de perseguição, onde os alvos escolhidos têm sua vida devassada em busca de alguma declaração que embase seu linchamento nas redes sociais e na justiça burguesa. Djokovic nunca se apresentou como um militante dos movimentos antivacina, apenas expressou sua desconfiança, certa ou errada, e afirmou que queria poder escolher o que achasse melhor para si mesmo. Porém, diante das arbitrariedades sofridas, se tornou um mártir para esses grupos. E não era pra menos, como alguns deles ressaltam, se algo desse tipo acontece a uma figura pública de destaque mundial, como fica o cidadão comum? E pior, como ficam aqueles que vivem à margem da cidadania, como os pobres imigrantes que fogem da fome ao redor do planeta.

Vale lembrar para os bem intencionados apologistas da censura que o tenista sérvio também recebeu apoio de atletas que haviam se vacinado, porém se manifestaram contrariamente à deportação de Djokovic. Foi o caso dos também sérvios Miomir Kecmanovic e Dusan Lajovic, que dedicaram suas vitórias na primeira rodada da competição ao compatriota.

O critério adotado pelo governo australiano abre um perigoso precedente: o fechamento de fronteiras baseado em critérios ideológicos. Quem considera hoje a medida justificável por conta de algum suposto “bem maior” não percebe que está cavando a cova da sua própria liberdade de expressão. Ajudando a consolidar esses métodos persecutórios, como farão quando a ideia proibida for “revolução”, “comunismo”, “fim da polícia”, “reforma agrária” ou qualquer posicionamento pessoal que incomode o governo de plantão ou o governo dos governos, o imperialismo.

A defesa apaixonada das vacinas por parte do maior inimigo dos povos do mundo deveria suscitar, no mínimo, alguma desconfiança por parte da esquerda. Enquanto aparecem mais casos de falecidos por conta da covid que já haviam recebido as duas doses do ciclo vacinal original e mais a terceira dose, chamada de reforço, o imperialismo deixa claro que sua preocupação central é vender suas vacinas, em especial a da norte-americana Pfizer.

Nada, absolutamente nada, justifica a defesa da condenação por crime de opinião. A defesa dos direitos democráticos da população é o mínimo que se espera da esquerda.

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