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Psicografando Mãe Dinah

Dessa vez, Valério Arcary está vendo o golpe

Em texto psicografado, Arcary, ex-PSTU, atual Resistência do PSOL, intui o passo a passo do golpe de Bolsonaro, mas ainda não viu golpe contra a Dilma

Valério Arcary, ex-PSTU e militante do agrupamento anti-petista “Resistência” do PSOL, escreveu o artigo “Bolsonaro não vai aceitar uma derrota eleitoral. O que fazer?”. Trata-se de uma síntese das mitologias esquerdistas, praticamente uma psicografia com a Mãe Dináh. Durante o governo, enquanto atuava no PSTU, organizando o golpe de Estado juntamente com a extrema-direita, não se via como parte de um movimento que levou o país para a bandeja do imperialismo. Atualmente, Arcary psicografa a mitologia do golpe de Bolsonaro.

Arcary inicia com a caracterização da vitória fácil de Lula, afirmando que é preciso derrotar o Bolsonaro em primeiro turno. O membro da Resistência se apoia na alta rejeição de Bolsonaro nas pesquisas eleitorais para a caracterização de vitória fácil de Lula, por isso afirma que o presidente vai “Tocar o Terror”. De acordo com Valério Arcary “tocar o terror” é o modo que agirá Bolsonaro, com sua campanha eleitoral “assustadora, implacável, e desapiedada”. O membro da Resistência continua: “já tivemos uma boa amostra, nos últimos meses, de como os ódios sociais incendiados pelos fascistas disseminam medos políticos. Mas pode ficar muito pior”. Arcary quer contribuir com o medo, o mesmo pânico que norteou a política da esquerda, de se esconder dos bolsonaristas, evitar conflitos, temer a direita, quase suplicar.

Arcary também atribui a ‘necessidade’ do temor, o fato de haver uma campanha de desconfiança da urna que “vai tentar incendiar a fúria de sua base social com a denúncia de que foi roubado”, e portanto seria imprudente não temer esse movimento de milhões de bolsonaristas que “Demonstraram força social de choque. Subestimar a autoridade carismática de Bolsonaro e o impacto do discurso cesarista sobre as massas reacionárias que o seguem seria imperdoável”. Com medo, Arcary capitula: “sete de setembro deixou uma lição fundamental: há um movimento político de tipo fascistóide no Brasil”. É fato que não podemos desconsiderar a evolução de uma força política por trás do Bolsonaro, mas a esquerda não pode capitular como faz Arcary, pois isso não é estratégico, não é condizente com uma política que leve adiante a vitória de Lula.

Valério Arcary, também evoca a “contagem paralela de votos que as Forças Armadas”. Para o autor do texto psicografado, a contagem paralela seria uma forma de organizar um golpe, pois uma diferença entre a contagem de votos poderia exercer uma pressão aos “camisas pardas” do bolsonarismo. Neste terceiro ponto, Arcary ainda tira uma casca de Lula, em suposto tom de alerta, porém alfinetando o ex-presidente. “Se Lula vencer as eleições, é uma aposta insensata que ignora o papel do Exército nos últimos quatro anos”, afirmou.

O grand finale fica por conta da psicografia do golpe:

Se Bolsonaro não reconhecer o resultado eleitoral, como é previsível, será necessário lutar por abrir, imediatamente, um processo de impeachment relâmpago da presidência. Bolsonaro dentro do Palácio do Planalto será um fora da lei. Esta iniciativa deve partir tanto do Legislativo, quanto do Judiciário. O Tribunal Superior Eleitoral deve tomar a iniciativa de defender a lisura do processo eleitoral que ele mesmo organizou. O Congresso Nacional não pode continuar refém de um presidente que subverte o regime democrático desconhecendo a derrota eleitoral. Nestas circunstâncias, a mobilização de massas será indispensável. Em última análise será o fator decisivo. Na própria noite do domingo dia 2 de outubro será indispensável ir às ruas para celebrar a derrota do fascista e defender a vitória de Lula. O papel da esquerda neste cenário terrível, mas previsível, será vital. Oxalá fosse possível uma vitória em primeiro turno, e uma transição sem terríveis turbulências. Mas não é. Precisamos de um plano A, de um plano B e até, por segurança, de um plano C. Preparemo-nos para a pior hipótese. Não podemos deixar escapar a vitória nas urnas. Muita gente sofreu demais para que ela fosse possível. (Arcary, 2022, grifos nossos).

Em outros tempos, quando Arcary centrava suas críticas ao “reformismo” e “eleitorismo” da esquerda, especialmente do PT, especialmente mobilizando o povo em favor da direita: Dizia Arcary em 2013:

Os que nos colocamos nesta posição queremos ajudar a juventude nas ruas a continuar ocupando as avenidas com as reivindicações que ela mesma foi forjando pela sua experiência prática: conquista do passe livre, desmilitarização das PMs, mais verbas para educação e saúde, punição dos corruptos… É preciso lutar, é possível vencer. Qual estratégia é o melhor caminho para vitórias populares? Qual estratégia irá prevalecer? Qual dos dois campos tem uma melhor apreciação do que está em disputa, e a melhor orientação para transformar o Brasil? Seria estupendo, realmente, fantástico, se as mobilizações de jovens e trabalhadores fossem o bastante para exercer uma pressão de classe suficiente para impor uma frente única de toda a esquerda. (Arcary, 2013).

Todos podem mudar, podem se retratar, mas, uma caracterização à esquerda, não pode ser psicografada, tem que ter base concreta e ter a ver com a realidade. Mesmo com mobilizações abaixo do que seria necessário, com uma campanha que apelou ao medo e ode ao amor, não há condições e clima para um golpe militar bolsonarista, pois a imprensa capitalista, cada vez mais fortalecida pelos bancos e pelo imperialismo a esta altura dos acontecimentos, estão com a terceira via, mesmo que seja para levar o pleito para um segundo turno, e isso foi visto por todos, durante o debate realizado no sábado (24) pelo SBT e pool de imprensa. Tebet, além de ter recebido de presente perguntas, também foi agraciada com as “análises imparciais” de Estadão e Cia. Ltda. À esquerda não há opção, a não ser permanecer atenta, interpretar entrelinhas escritas por pseudo-marxistas, e ter como base o desenvolvimento das forças da burguesia em colisão permanente contra os trabalhadores.

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