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Oportunismo eleitoral

De candidato latifundiário a alianças com bolsonaristas

A esquerda faz de tudo para obter ganhos nas eleições, desde alianças com partidos golpistas até inserir em suas fileiras elementos abertamente bolsonaristas

As eleições de 2020 estão mostrando os verdadeiros interesses da esquerda pequeno-burguesa brasileira. Após o golpe de Estado em 2016, a perseguição ao Partido dos Trabalhadores, a prisão de Lula, o impedimento de se lançar como candidato nas eleições de 2018 pela direita que levou a ascensão do fascista Jair Bolsonaro à presidência, a esquerda eleitoreira não entendeu até hoje o que ocorreu nesse período e que a luta contra a direita não passa de mera formalidade porque se aliam com os piores elementos da política brasileira.

O principal partido da esquerda brasileira, o PT, está em centenas de municípios aliado com partidos que não somente apoiaram o golpe e são a base de apoio do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro, mas são diretamente ligados ao presidente ilegítimo e foram articuladores do golpe. O PT fez alianças com os setores da base bolsonarista como o PSL, DEM, PP, PSDB, PP, PRTB, PSD, além de Rede, PV, PDT. Com o DEM e o PSL, o PT se coligou em 302 e 140 municípios, respectivamente.

O PSOL que sempre “denunciou” as alianças com a direita, o apoio da burguesia e os acordos realizados pelo PT segue a mesma cartilha da ala direita do PT e chega a ter em suas fileiras elementos declaradamente bolsonaristas. Nestas eleições os psolistas estão em alianças com partidos como o PSDB, DEM, PSC e MDB.

Mas o pior ainda não está nas alianças, e sim em apoiar elementos da extrema direita e contra os trabalhadores dentro do PSOL, não tendo sido tomada nenhuma medida. Um dos casos mais esdrúxulos é da cidade de Várzea Grande, no Estado do Mato Grosso, em que o partido tem Flexa como candidato a vereador. Flexa é apelido do PM aposentado Edésio Francisco de Paula, 56, e o que chama ainda mais atenção é que ele está tentando pela segunda vez se eleger vereador em Várzea Grande e está desde 2016 nas fileiras do PSOL sem nenhum incômodo.

“Sou do PSOL e sou Bolsonaro. Apoiei o presidente porque o meu partido é Brasil, não é partido vermelho. E o meu partido agora é Várzea Grande. Acima de tudo Brasil e Deus acima de todos e família”, disse o bolsonarista Flexa do PSOL.

Outro caso é do candidato latifundiário e contra a luta pela terra e o MST no Mato Grosso do Sul. João Alfredo, como candidato a prefeito pelo PSOL no município de Ribas do Rio Pardo, possui latifúndio e terras que estão dentro de assentamentos da reforma agrária e é declaradamente contra as “invasões de terra”.

No Rio de Janeiro, no município de Duque de Caxias, o candidato a vereador do PSOL Wesley Teixeira recebeu financiamento do ex-presidente do Banco Central e elaborador dos programas econômicos do PSDB, Armínio Fraga. E além do silêncio dentro do partido sobre a burguesia financiando o PSOL, houve ainda declarações do candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos, “passando o pano” para tal feito.

O PCdoB está abertamente atuando nas eleições contra o PT. Em diversos municípios, o PCdoB (aliado histórico do Partido dos Trabalhadores), deixou as alianças com o PT para formar chapa com partidos golpistas contra o PT. O caso mais evidente é em Campo Grande (MS), onde o PCdoB desistiu de lançar sua candidatura para apoiar o latifundiário e atual prefeito Marquinhos Trad (PSD), juntamente com PATRIOTA, DEM, REPUBLICANOS e partidos menores. Em Salvador, a candidata do PCdoB, Olivia Santana, está em aliança com o golpista PP, que está como vice na sua chapa e claramente nas eleições para tirar votos da candidata petista na cidade.

Esses são poucos exemplos de uma política que está sendo colocada em prática em larga escala pela esquerda pequeno-burguesa nessas eleições.

Alianças revelam a farsa da luta contra os golpistas e o fascismo

Como vimos, a esquerda caiu de cabeça nas alianças com a direita “civilizada” que é a principal responsável por Jair Bolsonaro estar na presidência. Essa quantidade de apoios, alianças, recursos recebidos da burguesia, elementos bolsonaristas nos quadros partidários, deixa claro porque a esquerda não luta contra os golpistas e o governo Bolsonaro.

A dificuldade e a recusa da esquerda pequeno-burguesa em sair às ruas e mobilizar os trabalhadores para derrotar os ataques da direita e derrubar Jair Bolsonaro é que a esquerda possui acordos com essa mesma direita em milhares de municípios e estados do país, que impedem uma luta real contra Bolsonaro e os ataques que estão sendo realizados contra os trabalhadores.

Em primeiro lugar essas alianças são uma desmoralização para os trabalhadores e para os setores que lutam contra o governo de Bolsonaro e da direita golpista. A luta travada pelo menos desde 2016 até os ataques do governo Bolsonaro contra os trabalhadores, através de atos, manifestações, caravanas e denúncias, fica esquecida durante a campanha e a aliança com essa direita golpista causa uma enorme confusão entre a população. Num momento acusam de golpistas, fascistas e de retirarem direitos, mas nas eleições é ombro a ombro na luta por votos com a direita. Qual é a política apresentada para os trabalhadores? Apenas essa desmoralização.

Essa é a política da frente ampla na prática

Com o argumento de “derrotar” o bolsonarismo, a esquerda pequeno-burguesa está realizando essa monstruosidade de alianças e “abraçando o capeta”. Setores da direita golpista que não estão satisfeitos com a distribuição de cargos e orçamentos do governo Bolsonaro aparecem como “oposição” e contrários a Bolsonaro.

Essa direita “civilizada” que faz oposição a Jair Bolsonaro está sendo colocada entre os trabalhadores através da esquerda que defende a frente ampla e tendo sua ficha limpa por esses setores da esquerda que estão em busca de ganhos pessoais e troca de favores. É uma política mesquinha da esquerda pequeno-burguesa que está em busca de votos e de eleger parlamentares a qualquer custo e passando por cima da luta contra o golpe e a direita.

A frente ampla significa a esquerda colocar os trabalhadores e a luta contra o golpe à reboque da direita que possui divergências pontuais com o governo Bolsonaro. Isso fica evidente porque essa direita “civilizada” vota em unanimidade com o governo Bolsonaro nas medidas de ataques aos trabalhadores.

A frente ampla é base fiel do governo Bolsonaro

Dados do Congresso em Foco sobre projetos apresentados pelo governo e o número de votos para aprovação e os partidos dos parlamentares revelaram que os partidos que compõem a frente ampla são na verdade fiéis ao governo Bolsonaro quando o assunto é ataques à população e aos trabalhadores. Os partidos PSL, Patriota, DEM, PSC, Novo, PSDB, MDB, PP, Republicanos, PL, PSD e PTB votaram em pelo menos 90% de todos os projetos apresentados para atacar os trabalhadores. Outros como Solidariedade, Cidadania, Podemos, Pros, Avante e PV votaram entre 50% e 90% dos casos com o governo.

A esquerda pequeno-burguesa está colocando em prática uma política extremamente direitista nessas eleições. Apesar de sempre fazer esses acordos, a burguesia caminha cada vez mais para um recrudescimento do regime e essa política de aliança com a direita golpista através da frente ampla irá fortalecer ainda mais o bolsonarismo ao invés de enfraquecê-lo, quem dirá derrotá-lo.

É um vale-tudo eleitoral que vai trazer apenas benefícios para a direita golpista, pois não serão denunciados como golpistas e bolsonaristas, e de interesses individuais para alguns parlamentares que não contribuirão em nada na melhoria das condições de vida dos trabalhadores e nem da luta contra o golpe.

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