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Para acabar com a fome

Caridade não substitui política de Estado

Diante da disparada da fome no Brasil, a solução proposta por alguns setores e estimulada pela burguesia é doar alimentos. Mas essa medida é extremamente limitada

São 117 milhões de brasileiros passando fome em algum grau, sendo 19 milhões em situação grave. Os dados são de pesquisa divulgada recentemente pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan).

É uma situação de calamidade, que se aprofundou com a pandemia. Isso significa que mais da metade da população, cerca de 55%, não tem alimento suficiente, nem segurança de que vai se alimentar no dia seguinte, sendo que parte desses está passando fome efetivamente. Menos da metade da população brasileira (45%) tem sua alimentação assegurada. Essa situação exige medidas urgentes e enérgicas. Acontece que ela foi criada pela política dos golpistas que estão atualmente no poder: desde o golpe vimos que nenhuma medida real foi tomada durante a pandemia para assegurar a subsistência da população. 

Muitas ONGs, setores de esquerda, associações e movimentos populares, como a Central Única das Favelas e o próprio PT, têm se organizado para arrecadar e distribuir alimentos. Diversas campanhas estão sendo realizadas com esse objetivo. Algumas dessas iniciativas podem ser bem intencionadas, ajudando muitas famílias e é natural que as pessoas procurem agir diante de um cenário tão extremo. No entanto, é uma solução fictícia para o problema.

É preciso uma solução de conjunto e ela só pode vir de uma ação estatal.

Uma conta que não fecha

Uma rápida análise dos números mostra que é inviável resolver o problema simplesmente por meio de doações. Preliminarmente é preciso considerar que a situação tende a se agravar com o prolongamento da pandemia e que não vai se recuperar automaticamente com o fim dela. Quer dizer, não se trata de uma questão transitória, que se possa resolver com uma ação pontual.

Diante disso, seria necessário alimentar em algum grau e de modo contínuo mais da metade da população. Ou seja, os 45% que se alimentam com segurança teriam que alimentar a sua própria família e pelo menos mais outra continuamente por um longo período de tempo.

Não há doação que chegue. Em primeiro lugar porque aqueles que doam são uma ínfima parcela desses 45% e, em segundo, porque parte desses simplesmente não têm condições de doar a quantidade que seria necessária.

Os capitalistas aplaudem

É preciso uma ação do Estado. Mas uma ação do Estado significaria alocar uma grande quantidade de recursos para combater a fome, um “super bolsa família”, e além disso, ações complementares que permitam que grande parte dessas pessoas possa se emancipar da ajuda estatal em determinado prazo.

O dinheiro existe. O problema é a luta para definir sua destinação. Os governos se recusam a investir em saúde, em hospitais, vacinas e outros diante de uma pandemia que já contaminou 13 milhões de pessoas e está alcançando a cifra de 400 mil mortos. O auxílio emergencial foi baixo, durou pouco e deixou boa parte dos necessitados de fora. No final do ano o valor caiu pela metade e agora para um quarto do que era inicialmente, ficando em míseros R$ 150,00.

O dinheiro arrecadado às custas do suor de 200 milhões de brasileiros vai todo para os banqueiros e para os grandes capitalistas. Se o governo não age diante de centenas de milhares de mortos, que faz parte de uma crise mundial, nada podemos esperar em relação à fome que está tomando conta do país.

A burguesia aplaude e incentiva ações de caridade porque não quer gastar um centavo com a população miserável cujos números ela faz crescer dia a dia. Um dos representantes da burguesia que está aplaudindo é a Rede Globo, que fez uma reportagem sobre a pesquisa da Rede Penssan. Na reportagem, destacam a importância da solidariedade, o que significa isentar os governos de resolver o problema e transferir a responsabilidade para a população em geral.

A burguesia não é solidária. Não se compadece do sofrimento de dezenas de milhões. Não pretende socorrer ninguém da situação que ela mesma criou, mas apenas encobrir um fato: para manter seus lucros, banqueiros e grandes empresários estão está deixando milhões de pessoas na miséria, passando fome e morrendo.

Qual a solução?

É preciso exigir uma solução que parta dos governos, do Estado, um plano nacional de combate à fome. Sabemos que os golpistas justamente tomaram o poder para dominar o orçamento do Estado brasileiro deixando a população à míngua.

Só uma ampla mobilização popular pode impor uma política como essa. 

Mas mesmo nos governos de esquerda, como os do PT –  que elaboraram planos de combate à fome e diversos outros programas sociais, como o bolsa família – essas políticas encontravam limites visíveis. Mesmo esses programas, que significaram um investimento muitas vezes superior ao que os governos neoliberais realizaram, que embora não tenham modificado significativamente o quadro de pobreza no País, melhoraram a vida da população relativamente ao estado de miséria em que foi deixada pelos anos de governos neoliberais. Todo o trabalho realizado em 12 anos de governo foi desfeito em menos de cinco porque mesmo os governos de esquerda não deixam de ser governos que administram os negócios da burguesia, que inevitavelmente fica com a parte do leão.

Acabar com a fome, com o analfabetismo, com a miséria, dar moradia para todos, educação, saúde, emprego, ou seja, dar o primeiro passo para melhorar de fato, significativamente, a vida da população, só é possível com uma mudança  radical. Para essa transformação é necessário arrancar o poder dos capitalistas e banqueiros que sugam a população e passar o poder para os trabalhadores, únicos capazes de emancipar toda a sociedade.

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