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O novo “Ele não”

Atos pela “democracia”: verdadeiros comícios eleitorais da 3ª via

Os banqueiros e a Fiesp estão arrastando para a Terceira via uma parcela da esquerda que, mais uma vez, se deixa enganar por palavras de ordem abstratas.

armadilha

Antes de Bolsonaro vencer as eleições em 2018, entrou de contrabando no meio da esquerda uma campanha pelo “Ele não”. Ele, no caso, seria Bolsonaro. A ideia da direita, que queria eleger Alckmin, seria emplacar a ideia de que qualquer um seria melhor que Bolsonaro, por isso se lançou essa palavra de ordem genérica. A esquerda não se preocupou em perguntar “Ele quem?”, que seria o correto e mergulhou de cabeça na armadilha.

Desta vez, o truque é o mesmo, estão fazendo uma campanha pela ‘democracia’. Se Lula não passar para o segundo turno, a campanha já está lançada e servirá para o candidato da ‘Terceira via’. Com isso, a esquerda em peso, que adora um ‘voto útil’, votará em peso no candidato preferencial da burguesia.

Isso que estão chamando de ‘Terceira via’ é, na verdade, a via preferencial da burguesia, que está tentando a todo custo se livrar de Bolsonaro. Ele, que foi um candidato improvisado, tem sido difícil de domesticar, e o grande capital precisa de alguém na presidência que seja desprovido de base popular. As bases populares, como se sabe, são um foco de pressão permanente sobre qualquer governo.

De carona e sem identidade

A tal ‘campanha pela democracia’ tem recebido apoio efusivo de toda a esquerda pequeno-burguesa, é uma iniciativa da burguesia. O evento tem sido destacado por toda a grande imprensa, o que já era de se esperar, pois é patrocinada pela Fiesp e pela Febraban. Os principais golpistas que ajudaram a derrubar o governo de Dilma Rousseff.

Quando a esquerda perde a iniciativa política, fica totalmente a mercê da burguesia e com ela se confunde. Um dos efeitos indesejáveis dessa conduta, é que uma parte da população não consegue distinguir esses dois espectros políticos. Com a crescente deterioração das condições de vida, esses setores populares acabam sendo atraídos pela extrema-direita que se apresenta como sendo antissistema.

A campanha do ‘Ele não’ ocupou boa parte das energias da esquerda que poderia ter feito campanha para Lula. Desta vez não está sendo diferente. Poderiam estar sendo feitos diversos eventos para eleição de Lula, mas o que está em campanha é uma coisa abstrata a ‘democracia’. O próprio Lula parece ter se dado conta da armadilha e disse que sua campanha terá como foco a economia.

Uma campanha pela ‘democracia’ não tem apelo popular. Faria muito mais sentido se estivéssemos no meio de uma ditadura militar, não é o caso, ainda que, tecnicamente, o regime esteja se fechando rapidamente em função da conjuntura internacional. A maior preocupação da classe trabalhadora é com a carestia, com o desemprego. Os pequeno-burgueses, que ainda encontram meios de subsistência, são os setores mais aderentes a esse tipo de campanha.

Ao contrário da pequena-burguesia, Bolsonaro entendeu muito bem o que está acontecendo, e por isso tratou de despejar dinheiro para comprar votos. Apesar de a Constituição proibir, a esquerda ajudou-o a aprovar um pacote de benefícios, que acaba no final do ano, e tem claramente o intuito de conseguir votos. O Supremo Tribunal Federal, que a esquerda trata como a última linha de defesa da democracia, não fez nada para barrar essas medidas anticonstitucionais.

A cooptação da esquerda

A direita parece ter bem claro o quanto um amplo setor da esquerda, majoritariamente de classe média, é sensível a esse tipo de campanha que tem um ar esquerdista e ao mesmo tempo não se compromete com a esquerda. ‘Democracia’ é uma palavra bonita, quem não quer democracia? É por esse motivo que uma campanha com esse teor vem a calhar.

A esquerda deveria ter um pouco de bom senso para não cair de novo nesse truque. Bastaria olhar para quem está nessa campanha. Ninguém, em sã consciência, assinaria um mesmo documento com a Fiesp e muito menos com os banqueiros. Todo mundo sabe que onde essa gente pisa não nasce nem capim. Porém, com a massiva cobertura dos grandes jornais e das grandes emissoras, a pequena-burguesia não resiste.

Sem perceber, eis que os incautos despejam comentários e postagens nas redes sociais defendendo o “manifesto pela democracia”, pois morrem de medo que Bolsonaro tente um golpe nas eleições. Movidos pelo medo, os desavisados vão para o Largo São Francisco, para a frente da tradicional Faculdade de Direito, e num ato solene abençoam a carta dirigida ao povo e à liberdade…

Alguém deveria se perguntar: Por que a Rede Globo apoia essa carta? E o Estadão, apoia por quê? A Febraban? A Fiesp?… Porque esse manifesto serve à Terceira Via. A fantasia de ‘democrata’ vestirá bem em qualquer direitista, golpista, que se apresente como oposição a Bolsonaro.

No entanto, o que o imperialismo e o grande capital nacional querem é alguém ainda pior que Jair Bolsonaro. Querem um fascista com ares civilizados. Alguém como FHC, que destruiu a economia brasileira em favor dos interesses estrangeiros, mas é ligado à USP e fala o francês fluentemente. Querem fazer aqui algo semelhante ao que foi feito nos EUA. Elegeram um sociopata, Joe Biden, que está colocando o mundo à beira da catástrofe, com amplo apoio da esquerda que temia Trump.

Se as coisas continuarem como estão, e a direita conseguir neutralizar Lula, a esquerda vai votar em peso na Terceira via e, ninguém duvide, irá hostilizar, chamar de fascistas, de bolsonaristas, àqueles que tentarem alertar que se trata de um velho truque. Irá para a fogueira do cancelamento quem tentar mostrar que a Terceira via é o objeto de desejo da burguesia.

Reverter o quadro

Neste curtíssimo espaço de tempo que se tem para fazer campanha eleitoral, é preciso jogar peso nas manifestações de rua. O apoio popular, as propostas concretas, que dizem respeito às condições de vida dos trabalhadores é que devem ser destacadas.

É preciso lutar pelo aumento dos salários, pela criação de empregos, pela defesa da Amazônia e de nossa soberania, pela reestatização da Eletrobrás, pegar de volta o que nos roubaram da Petrobrás. Nada de campanhas abstratas, demagógicas, nada de se aliar aos principais inimigos da classe trabalhadora. Nada de Terceira via, é preciso Lula para que se abra uma perspectiva de mudança no cenário político que até agora tem sido bastante desfavorável para os trabalhadores.

Temos que denunciar essa falsa campanha, mostrar que da Fiesp e dos banqueiros não podemos esperar nada de bom. A nossa tarefa principal é derrotá-los

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