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Ideologia importada

A linha ideológica da esquerda brasileira vem do Tio Sam

Comoção geral da esquerda pequeno-burguesa brasileira com o caso Dom Phillips-Bruno Pereira mostra de onde vêm os seus princípios políticos

Volta e meia, o imperialismo escolhe determinado acontecimento – ou, até mesmo, fabrica determinado acontecimento – para propagandear a sua política. Normalmente, é algum ato que, se não fosse a cobertura maçante, passaria despercebido pela maioria das pessoas justamente por, no fundo, não representar nada digno de nota.

Dentro disso, seguindo o seu papel político na sociedade capitalista, a esquerda pequeno-burguesa serve de apêndice a essas campanhas e joga-se de cabeça na ideologia imperialista. Fazendo, portanto, coro com a imprensa capitalista na cruzada em questão.

É o que ocorreu, por exemplo, com o caso Marielle Franco aqui no Brasil. Decerto que se tratou de um fato marcante, digno de nota. Entretanto, acima disso, a esquerda brasileira tomou o acontecimento como uma bíblia, envolvendo, de alguma maneira, toda a sua atividade política em torno disso. Tanto é que, mesmo hoje, quatro anos depois da morte da vereadora, volta e meia escuta-se falar de seu caso, mesmo que nada tenha a ver com o cenário político atual.

Agora, vemos a história se repetir ainda mais uma vez. O caso eleito da vez foi o assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira. O primeiro, jornalista do The Guardian, e o segundo, indigenista.

Prontamente, a esquerda caiu feito pato na história contada pela imprensa burguesa acerca do desaparecimento dos dois homens. Partidos como o PT, o PSOL, o PCB, o PCdoB e outros paralisaram todas as suas campanhas (já em coma) para clamar por “justiça” no caso em questão.

Antes de qualquer coisa, é preciso ficar claro que, de fato, se trata de um caso escabroso. Afinal, duas pessoas desapareceram na Amazônia sob o mando de, ao que tudo indica, latifundiários da região. Entretanto, não é algo raro. Muito pelo contrário, é corriqueiro que, no Brasil, já conta com dezenas de corpos de pessoas que, em sua maioria, tinham ligações diretas com movimentos de ocupação no campo.

Qual é a diferença, então, do caso de Phillips e Bruno e de outros casos recentes? Praticamente nenhuma. A comoção da esquerda pequeno-burguesa vem de um, e apenas um local: a imprensa capitalista, mais precisamente, a imprensa imperialista. Afinal, a esmagadora maioria daqueles que vieram a público se indignar com o caso não mexeram sequer um dedo para comentar acerca dos dezenas de outros casos que aconteceram somente neste ano no Brasil.

Uma campanha imperialista pelo controle da Amazônia

O ponto é que o imperialismo está em crise. Portanto, precisa colocar ordem no que considera como seu quintal e estabelecer o máximo de dominação possível para que não desmorone por completo. Logo, todo e qualquer recurso que possa espoliar lhe é extremamente valioso. E é aí que entra a Amazônia.

Finalmente, a floresta amazônica é a mais rica de todo o mundo. Sua biodiversidade e disponibilidade de recursos naturais é valiosa a qualquer nação. Sem contar em sua área territorial que representa 59% do território brasileiro. Ou seja, é um atrativo ao imperialismo que precisa de tudo que puder obter para sobreviver.

Por isso o caso em questão vem sendo tão veiculado. O imperialismo quer dominar a Amazônia, portanto, vê uma oportunidade de envolver as forças políticas nacionais em uma campanha por sua entrega ao estrangeiro. Acima desta análise, é um caso que demonstra bem o tamanho do “vira-latismo” da esquerda pequeno-burguesa brasileira.

O pai tem nome: a imprensa imperialista

De maneira geral, é raríssimo, senão impossível, encontrar um artigo na imprensa imperialista que reproduza ou denuncie algum assassinato no campo no Brasil. Afinal, dezenas de pessoas já foram assassinadas ou pela PM, ou por seus jagunços, e pouco foi dito acerca destes casos.

Entretanto, no caso de Dom Phillips e Bruno Pereira, foi diferente. O Washington Post, por exemplo, publicou um artigo noticiando, de maneira extensa, o que havia ocorrido. Em meio ao texto, inclusive, encaixou algumas críticas ao governo Bolsonaro típicas da propaganda em prol da terceira via.

O Le Monde fez o mesmo, bem como a CNN e o The New York Times que, além de noticiar o ocorrido, publicou um artigo de opinião sobre o assunto. Todos, é claro, seguindo a mesma linha editorial: um ataque a Bolsonaro no que diz respeito à sua administração do território da Amazônia.

Ao mesmo tempo, toda a imprensa golpista brasileira também seguiu a mesma campanha, com artigos na Veja, no Globo, na Folha de S. Paulo e em outros veículos, infestando as páginas dos jornais. Chegou ao ponto de a Folha publicar uma série de artigos em inglês em sua capa principal. Não se deram o trabalho nem de utilizar os serviços do IREE de Boulos para traduzir os textos enviados da Casa Branca.

O caso limite do MRT

Vejamos um caso particular.

O Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), publicou, por meio de seu jornal Esquerda Diário, uma reprodução da fala de um dos seus dirigentes acerca do caso.

Pablito afirmou que “As centrais sindicais devem parar o país para arrancar justiça por Dom e Bruno”. Por si só, já é uma frase escandalosa que escancara até que ponto estaria a esquerda disposta a lutar para levar adiante uma reivindicação que vem diretamente das salas de redação de grandes jornais imperialistas. Todavia, o mais interessante, talvez, no caso do MRT, é a sua política de conjunto.

Nos últimos anos, o movimento tem levado adiante uma política ultra-secretária – ultra-esquerdista – em relação a Lula e ao PT, como um todo. Afirmam se tratar de um candidato da burguesia em decorrência de seu histórico de conciliador de classes, afirmando que os trabalhadores precisam de uma saída revolucionária para a crise. Um exemplo que Lênin teria, definitivamente, usado como chacota em sua obra sobre o que ele denominou de esquerdismo.

Nesse sentido, por um lado, cospem em Lula, o principal alvo do imperialismo no Brasil. Por outro, afirmam que as centrais sindicais devem parar o País inteiro em decorrência da morte de duas pessoas. Algo que se mostra ainda mais absurdo quando levamos em consideração o histórico de Dom Phillips.

No The Guardian, por exemplo, Dom comemorou a decisão do STF de jogar Lula e demais petistas na cadeia. Bem como foi um porta-voz rígido do golpe na Venezuela, atacando o governo de Maduro.

Ou seja, o fato de Lula, como todo político representante da burguesia nacionalista, ser um conciliador de classes já o coloca fora do apoio do MRT. Ao mesmo tempo, apoiam de maneira agressiva um jornalista que, no Brasil, defendeu uma política golpista durante todos os anos em que trabalhou como um correspondente. O que chama a atenção nesse caso não é tanto a defesa do jornalista estrangeiro, mas a desproporção no tratamento dado a cada um dos casos, o que só pode ser explicado pela influência da propaganda imperialista sobre a organização.

A polarização mundial desmascara o oportunismo

Enfim, à medida que a luta de classes em todo o mundo chega a proporções críticas, separa-se claramente quem é quem na luta política. Aqueles que defendem o imperialismo e a sua política, de maneira consciente ou não, já não podem mais se esconder, ao menos não de maneira efetiva, por trás de reivindicações supostamente progressistas.

Fica claro que a ideologia da esquerda pequeno-burguesa brasileira é, em sua esmagadora maioria, vindoura do Tio Sam. Se é que existe um esforço, é apenas transvestida de esquerda, tendo um papel que serve para atacar os trabalhadores e as suas organizações de vanguarda.

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