Um partido revolucionário, marxista, se diferencia de todos os outros por ser coerente na defesa de seus princípios. Isso significa defender um programa político que esteja de acordo com os interesses da maioria da população, que no caso são os trabalhadores.
A falta de princípios está justamente na política oportunista em que cada caso é um caso, ou seja, apenas se defende determinada coisa se essa coisa favorece aos seus próprios interesses mais imediatos.
Um exemplo bastante atual é a discussão sobre o problema da liberdade de expressão. A posição de um revolucionário é de defesa incondicional desse direito. Isso implica que, não importa quem está falando, o que está sendo dito nem qual a ideia que está sendo defendida, é preciso garantir de maneira irrestrita a liberdade de cada um se expressar.
A esquerda pequeno-burguesa abandonou esse princípio. Ela diz defender a liberdade de expressão, mas diante de qualquer problema que a desagrade, essa defesa se torna limitada. Para a esquerda, só se pode ter liberdade se for para quem pensa de acordo com suas próprias ideias. Essa política está imitando a direita tradicional, que não quer a liberdade de expressão justamente porque ela conta com o repúdio da maior parte da população. Tanto a direita como a esquerda pequeno-burguesa defendem a liberdade de expressão apenas para seus amigos.
A liberdade de expressão é um direito fundamental, ela é na realidade a liberdade do pensamento. Quem defende limites para esse direito esta defendendo a ditadura, ou seja, a repressão do Estado burguês contra os trabalhadores e suas organizações. pic.twitter.com/9rcJDZ5WpI
— PCO – Partido da Causa Operária (@PCO29) December 2, 2021
A extrema-direita atual, em conflito com a direita tradicional, faz demagogia, afirmando defender a liberdade de expressão. Isso não passa de discurso vazio. Na realidade, a extrema-direita, justamente por seu caráter fascista, é inimiga de qualquer liberdade. No final das contas, ela também defende a liberdade apenas para os amigos.
A esquerda revolucionária, como é o PCO, defende a liberdade de expressão justamente porque a censura vai necessariamente se voltar contra os setores mais fracos da população, não o contrário. Se permitimos que o Estado cale alguém, mesmo que seja nossos inimigos, isso abre o precedente para que ele cale os trabalhadores.
O problema de princípios, como se vê, não é um problema moral. Os princípios são guiados pelos interesses materiais da classe operária, ou seja, eles devem fazer evoluir a política no sentido da libertação dos explorados e oprimidos.
É isso o que faz um partido revolucionário ser coerente. É a defesa desses princípios e dos reais interesses do povo. A política oportunista, a ausência de princípios, só podem servir à manutenção do regime tal como ele se constitui agora.