As classes sociais, naturalmente, encontram a sua expressão política na forma dos partidos e movimentos que a representam, a medida que a luta social permita. A pequeno-burguesia (a classe média) é uma camada oscilante entre as duas classes fundamentais. Nela, você encontrará desde o bolsonarista conservador até o esquerdista maconheiro do Leblon. Neste artigo, vamos tratar da diferença entre o esquerdista-psolista de faculdade fã do Felipe Neto e o comunista, verdadeiramente operário.
O pequeno-burguês tende a tratar as questões por um viés moralista. O pequeno-burguês de esquerda, em especial, é notório por se achar acima do conjunto do povo: porque tem uma boa formação acadêmica, tem uma posição social mais elevada ou algo do gênero. Desse ponto de vista, surge uma das ideias mais clássicas da esquerda pequeno-burguesa: a ideia em favor do desarmamento.
Eles defendem o desarmamento do povo (ou seja, na realidade, que o aparato repressivo do Estado monopolize a força) e, entre outros argumentos (que poderiam, muito bem, serem chamados de “arjumentos”), expõe a tese de que o povo não estaria preparado para se defender. Pois é! Alguns desses chegam a se considerar marxistas, mas, na hora de defender que o povo tenha os meios de enfrentar a burguesia e seu aparato repressivo, pulam para o lado da Rede Globo! O povo não poderia se armar, pois, para o pequeno-burguês, “ainda precisa estudar mais” e outros absurdos de mesma linha.
Mas não é somente na questão do armamento do povo que essa camada social fica do lado da Rede Globo, do imperialismo e dos inimigos da classe operária. É muito comum, dentre a classe média, a defesa das ideias identitárias, mesmo as mais absurdas. “Racismo estrutural”, “Racismo recreativo”, “Mansplaining”, etc. No fim, todas elas levam à necessidade de censurar quem der tal ou qual opinião… – quem irá censurar? – , pergunta-se o leitor. Obviamente, o censor será… o Estado burguês! Mais especificamente, inclusive, até o STF, a corte mais antidemocrática do país, deveria ter esse direito!
A pequeno-burguesia, evidentemente, expressa seu modo de ver as coisas, seus interesses em particular. Enquanto a classe operária tem reivindicações concretas (aumento de salário, diminuição da jornada de trabalho, fim das demissões durante a pandemia), e um partido operário como o nosso, necessariamente, as expressa; a pequeno-burguesia tem seus próprios interesses, e eles, em geral, são promovidos pelo imperialismo para cooptar a esquerda (“banheiros trans”, uso de “pronomes neutros”, “bundaço antifascista” e toda ideia de DCE possível e imaginável).
Inclusive, isso explica que boa parte dessa esquerda esteja ligada a institutos financiados ou promovidos pelo imperialismo. É o caso de Guilherme Boulos, funcionário do IREE, instituto que estabelece relações com a Global Americans. E seria longa a lista se fôssemos tratar um a um os casos desses “esquerdistas” que são financiados por George Soros, por ONGs, etc.
Aliás, uma característica da esquerda pequeno-burguesa, justamente por esse caráter de ligação com os órgãos do imperialismo, é a sua postura antinacional. No caso da Amazônia, eles chegam a dizer o absurdo de que “A Amazônia não é do Brasil, mas sim do Mundo” (isto é, querem entregar nossas riquezas minerais e pô-las sob a custódia dos Estados Unidos e da Europa; pô-las sob a tutela de Joe Biden). A defesa da Amazônia contra as investidas do imperialismo eles chamam de “bolsonarista”, de “negacionista”. E são os mesmos que atacaram Dilma por construir Belo Monte e por lutar pela soberania energética brasileira!
No fim, fica óbvio e evidente que não passam de lacaios dos Estados Unidos e do Capital internacional. Um comunista de verdade, um trotskista, muito pelo contrário, jamais poderia defender qualquer um desses absurdos. Nosso partido ganhou muita notoriedade recentemente por defender o armamento irrestrito do povo, o direito à liberdade de expressão (real, sem barreiras), a dissolução do STF (e sua substituição por um tribunal eleito via sufrágio universal), o futebol brasileiro (e apontar os ataques feitos contra o Neymar, melhor jogador do mundo, e contra outros brasileiros); também por nos opormos à vacinação obrigatória, ao “lockdown”, às leis repressivas como um todo, tal qual a criminalização da homofobia, etc. Os pequeno-burgueses acusam-nos de bolsonarismo, veem bolsonarismo em tudo que não seja o seu mundo cor-de-rosa em que todos usam “elu/delu”, são veganos e abraçam árvores; na realidade, o pequeno-burguês só está vendo a situação por sua ótica e, coitado, não é sua culpa: o seu desenvolvimento social, de fato, o condicionou a isso. No entanto, não há nada de bolsonarismo nisso: são as características de uma esquerda operária, que defenda os interesses concretos dos trabalhadores – naturalmente, um revolucionário é obrigado a se opor ao fortalecimento do Estado, da repressão contra o povo por parte da burguesia, e, de todo modo, ao imperialismo de conjunto, que é o maior inimigo dos trabalhadores. Os posicionamentos do PCO são nessa linha, no sentido de defender um programa revolucionário e verdadeiramente dos trabalhadores – os pequeno-burgueses, naturalmente, não entendem; mas, pobres coitados, não é culpa deles, nem do efeito da maconha em seus cérebros, é resultado direto da sua situação de classe, dos seus posicionamentos moralistas e identitários.