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Empurrar para esquerda

A esquerda que chama Lula de “pelego” foge quando a direita ataca

A política da esquerda pequeno-burguesa se coloca lado a lado com a direita

Desde que começou o processo golpista, anos antes da derrubada de Dilma Rousseff, escancarou entre os setores da esquerda pequeno-burguesa uma política bastante direitista. Durante os anos de governo do PT, partidos como o PSOL, o PSTU e grupos menores ao seu redor, procuraram se apresentar como oposição à esquerda, o que poderia convencer pessoas mais inexperientes na política, embora esse esquerdismo nunca foi uma realidade.

Quando a direita iniciou suas movimentações golpistas, a esquerda passou de uma política ultra-esquerdista, que parecia estar à esquerda do PT, para uma política de aliança com a direita, se colocando objetivamente à direita do PT.

Diante da ofensiva da direita, esses esquerdistas se juntaram para reforçar todas as calúnias contra o PT, na ilusão de que ganhariam algum benefício político. Entraram de cabeça na cruzada moral contra a corrupção que só ajudou a direita. Alguns, como Guilherme Boulos, passaram a atacar o governo por sua política fiscal, como se fosse simplesmente um problema de Dilma e não de uma pressão direitista contra ela.

Em suma, ao invés de convocar o povo a lutar contra a direita, impulsionar uma reação ao golpe, inclusive empurrando o PT para enfrentar os golpistas, a esquerda pequeno-burguesa optou por atacar o PT, criticando os erros, para justificar que o governo não deveria ser defendido contra o golpe.

Muita água passou por debaixo da ponte de lá para cá, mesmo assim a política dessa esquerda continua a mesma. Ficaram a favor do golpe, depois a favor da Lava Jato, alguns ficaram abertamente a favor da prisão de Lula e outros simplesmente não quiseram lutar contra ela. A alegação foi sempre a mesma: o PT e Lula não poderiam ser defendidos por que “fazem acordos com a burguesia”, são “pró-imperialistas”, “conciliadores” etc.

Guilherme Boulos resumiu bem o que pensa essa esquerda quando foi perguntado sobre Dilma nas vésperas do golpe de Estado: “esse governo é indefensável”.

Fica claro que a política dessa esquerda nunca foi de empurrar a situação para a esquerda. Se o PT é a mesma coisa que o restante da direita, por isso não deve ser defendido, é natural que não haja preocupação em empurrar ninguém para a esquerda, que significa trabalhar para existir um avanço político concreto.

Cada erro de Lula é um pretexto para ataca-lo, mas diante de algum acerto de Lula, silêncio. Na verdade, até mesmo quando Lula acerta, ele vira alvo de ataques.

No último dia 5, Lula defendeu o direito ao aborto. A direita reacionária caiu matando, a ala mais direitista e oportunista do PT, criticou a fala porque seria uma estratégia ruim eleitoralmente. E o que fez a esquerda que faz propaganda de que está à esquerda do PT? Nada. Não falou nada e ainda apresenta Lula como um farsante.

Não é difícil que se Lula amanhã falar que vai estatizar a Petrobrás e todas as empresas privatizadas os grandes esquerdistas, ao invés de dizer que tem que fazer isso e muito mais, vão falar simplesmente que Lula só está falando isso para fazer demagogia.

Assim, essa esquerda pequeno-burguesa, que se apresenta como grande revolucionária, não está nada mais do que fazendo uma aliança com os setores mais direitistas. A direita golpista, que ataca o PT, e as alas oportunistas do PT, que querem que a campanha de Lula seja a mais direitista possível.

Atacam Lula por qualquer coisa que ele faça, boa ou ruim, e depois se escondem para não ter que apresentar uma política real, que mostra qual é de fato o caminho.

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