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Histeria autoritária

A esquerda está transformando Bolsonaro em Lênin

Uma das bandeiras mais tradicionais da esquerda está sendo entregue de bandeja para a extrema-direita: a defesa dos direitos democráticos da população

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O seguidismo à política da burguesia em diversas questões, aliado à falta de um programa político claro, faz com que a esquerda se comporte como um braço auxiliar da classe social contra a qual deveria organizar o povo.

A falida cruzada moral

Impor, ou tentar impor, uma determinada moral sempre foi uma atividade associada a grupos conservadores, como os religiosos. Essa “cruzada moral” parte do princípio de que existem comportamentos “bons” e “maus”, cabendo aos “cruzados” da vez disciplinar a sociedade toda. Desde que começou a se estruturar na sociedade, a esquerda assumiu o papel natural de confrontar esses esforços antidemocráticos. A liberdade de pensamento, expressão e costumes, por exemplo, sempre esteve associada aos que defendem os interesses populares.

A confusão da esquerda pequeno-burguesa diante da crise histórica do capitalismo a tem jogado no colo da burguesia. É cada vez mais comum no Brasil ver esquerdistas defendendo as instituições burguesas e sua “democracia”, ao mesmo tempo em que apoiam todo o tipo de arbitrariedade contra a população, como aumento de penas, criação de novos crimes, censura nas redes sociais e agora até mesmo a demissão de trabalhadores.

No outro polo político, a extrema-direita tem feito o que faz de melhor, explorar a crise do regime político à base de demagogia. Diante das restrições excessivas colocadas pelos governos com a desculpa do combate à covid, esses setores aparecem em muitos países como os únicos defensores da “liberdade”. O mesmo ocorre em relação à liberdade de expressão, mas nesse caso também por uma questão de reação mesmo, pois muitos deles têm sido censurados pelos monopólios da internet. Contra a extrema-direita e os direitos democráticos, a população identifica em primeiro lugar a direita tradicional e, em seguida, a esquerda pró-sistema.

A polêmica

Em primeiro de novembro, o vereador petista Lindbergh Farias publicou a seguinte mensagem:

“Inacreditável! Portaria do Ministério do Trabalho proíbe demissão de quem não apresentar comprovante de vacinação, alegando que tal exigência seria ato discriminatório. É impressionante como esse governo faz de tudo para impedir que nos livremos dessa terrível pandemia.”

O vereador se refere à Portaria MTP nº 620, de 1º de novembro de 2021. O texto coloca sob responsabilidade das empresas a testagem periódica dos trabalhadores, sendo obrigatória a realização de testagem para os que se recusarem a apresentar o cartão de vacinação. Ainda está previsto que os empregadores podem fazer campanhas de incentivo à vacinação, porém não podem obrigar que os trabalhadores se vacinem.

Num momento político mais normal, o conteúdo da portaria viria mais provavelmente de um parlamentar da esquerda, pois defende as liberdades democráticas do trabalhador e coloca para o patrão a responsabilidade pelo controle das condições sanitárias no ambiente de trabalho. A legislação prevê até que o trabalhador desligado por esse motivo possa optar entre ser reintegrado, recebendo integralmente pelo período afastado, ou receber em dobro pelo período afastado, além do direito de reparação por danos morais. Em resumo, uma lei que protege trabalhadores e prevê punições aos patrões. Do ponto de vista do governo Bolsonaro, uma manobra demagógica, facilitada inclusive pela reação antidemocrática da esquerda.

As “centrais” sindicais emitiram nota conjunta intitulada “a vida é um direito acima de todos”. Da parte da CUT, a única central sindical real, é um grave erro. No caso das centrais patronais, como a Força Sindical, é até normal, pois a entidade zela pelo interesse dos patrões e um novo mecanismo para demitir é sempre bem-vindo para os capitalistas.

Esse tipo de sindicalista é o mesmo que até ontem pregava o “fique em casa” junto com os monopólios da comunicação. Uma política que deixou os trabalhadores sem qualquer apoio dos sindicatos, em meio a uma dura crise econômica, e ainda ajudou a “passar um pano” para a direita tradicional, que não agiu para combater a pandemia, apenas transferiu essa responsabilidade para a população. Enquanto isso, a grande maioria dos trabalhadores seguiu se aglomerando nos transportes públicos por mais de um ano e ainda foi criticado até pela esquerda quando procurou por opções de lazer, como as praias.

O papel da esquerda

Não deveria ser necessário explicar isso, mas a esquerda tem uma tarefa histórica. Pode haver divergências nos métodos e programas, mas a defesa dos direitos democráticos é um alicerce fundamental da esquerda. Dentro desses direitos entram obviamente todos aqueles relacionados aos interesses específicos dos trabalhadores, direitos que estão sendo retirados ininterruptamente desde o golpe de 2016.

É preciso ter claro que os sindicatos e a esquerda têm o dever de assumir a defesa incondicional dos trabalhadores. E, ao contrário da extrema-direita que faz demagogia vez ou outra, essa defesa precisa ser firme e sistemática. Se a esquerda defendesse os trabalhadores, aos quais representa no parlamento burguês, com a mesma paixão com a que defende as instituições do regime capitalista, não haveria brecha para a extrema-direita crescer diante da população oprimida.

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