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Uma posição vergonhosa

A despolitização da esquerda pequeno-burguesa no caso Twitter

Esquerda quer dar ao imperialismo ainda mais poder para censurar e controlar a internet

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O episódio da compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk por US$44 bilhões, transformando-se em seu sócio majoritário e anunciando que irá fechar o capital da empresa, gerou um mal-estar nos setores dominantes do imperialismo. Esses capitalistas se viram confrontados pelo anúncio de Musk de que vai transformar o Twitter numa rede com total liberdade de expressão.

O acontecimento também revelou novamente a dependência política e emocional da esquerda pequeno-burguesa. Política porque a esquerda é orientada pela burguesia. Emocional porque a essa altura parece que essa esquerda está dominada espiritualmente pelo imperialismo a ponto de tomar decisões que ferem diretamente o seu próprio interesse e que vão contra a própria tradição de luta da esquerda.

O caso em questão é a liberdade de expressão. A esquerda, que lutou sempre contra a censura, que sempre defendeu a liberdade de expressão, agora faz uma frente única com os setores mais reacionários do imperialismo contra as liberdades democráticas.

É nesse espírito que setores da esquerda pequeno-burguesa reagiram com horror à compra do Twitter, apresentando os mesmos argumentos do imperialismo para justificar a sua posição.

A defesa da liberdade de expressão, por exemplo, se transformou, na mente limitada da esquerda pequeno-burguesa, em uma palavra de ordem fascista, da extrema-direita. Segundo essa lógica, de repente, o fascismo se tornou defensor das liberdades democráticas e a esquerda seria a favor da censura.

Elon Musk, um bilionário direitista, afirmou que um dos objetivos de sua compra era fazer do Twitter uma rede sem censura. A extrema-direita, incluindo os bolsonaristas no Brasil, comemorou a operação. Logo, segundo a lógica de uma esquerda com o cérebro dominado pelo imperialismo, deveríamos criticar a compra como sendo algo negativo para a maioria do povo. Será mesmo? Claro que não.

Por trás da aquisição de Musk estão sem dúvida os interesses de um setor dos capitalistas internacionais que estão lutando contra os setores dominantes do imperialismo. Trata-se, sim é claro, de uma disputa no interior da burguesia. Isso, no entanto, não deve ser analisado de maneira simplória.

O nível de despolitização da esquerda pequeno-burguesa a impede de compreender os problemas fundamentais da situação política.

A defesa da liberdade de expressão é nesse momento levantada por setores da extrema-direita por motivos bastante concretos. A política de censura e cancelamento impulsionada pelo imperialismo atinge em primeiro lugar a extrema-direita, que em geral representa setores minoritários dos capitalistas, como é o caso de Donald Trump. Como têm menor influência sobre os monopólios tradicionais dos meios de comunicação, esses setores tomaram espaço nas redes sociais, em primeiro lugar o Twittr. O setor mais poderoso do imperialismo, notando a capacidade de mobilização das redes sociais, partiu para a ofensiva, usando a ideologia identitária como justificativa para a censura. Para se contrapor à política de censura, a extrema-direita passou a defender a liberdade de expressão, uma defesa guiada por interesses específicos, mas que de fato é importante para ela nesse momento. Para isso, a extrema-direita adotou uma política demagógica de defesa das liberdades.

Essa contradição entre diferentes setores dos capitalistas deveria ser encarado pela esquerda como uma dádiva. Se não houvesse tais contradições, a esquerda há muito tempo já estaria completamente banida da internet. É justamente a luta entre esses setores dos capitalistas o que permite que o imperialismo não tenha força para fechar totalmente as redes sociais.

Mas a esquerda, dominada espiritualmente pela direita pró-imperialista, ficou horrorizada diante da compra de Elon Musk. Um artigo da revista Fórum, por exemplo, diz que o Twitter “deve se tornar paraíso de extremistas”. É vergonhoso o nível de despolitização. O que seria “extremista” para a Fórum? A palavra é usada pelo imperialismo de modo a colocar esquerda e extrema-direita no mesmo baleio, é a “terceira via” internacional, “nada de polarização, nada de extremismos”. Mas o que a Fórum quer dizer é que o Twitter ficará cheio de pessoas de extrema-direita. Mas qual a lógica disso? Se for porque Elon Musk é um bilionário golpista isso não é grande diferença com os danos anteriores, se for porque haverá mais liberdade de expressão a ideia da Fórum é ainda mais absurda, pois considera que a extrema-direita é a verdadeira defensora desse direito.

Tal ideia só pode vir da cabeça de pessoas muito despolitizadas e totalmente dominadas pela ideologia imperialista.

O jornal Brasil de Fato segue a mesma linha da Fórum, explicando que a operação de compra do Twitter por Musk é ruim, pois irá ajudar a extrema-direita. Essa, no entanto, é uma maneira muito limitada de ver o problema. Logicamente que a operação visa a beneficiar os setores da extrema-direita e minoritários dos capitalistas, mas como dissemos, se Musk cumprir mesmo que em partes a sua promessa de liberalizar o Twitter, a esquerda só tende a ganhar com isso.

Em seu jornal na internet, o Esquerda Diário, o grupo MRT limita-se a afirmar o óbvio: Musk é um “burguês reacionário que já apoiou o golpe de estado na Bolívia”.

Até aí, a maioria esmagadora da burguesia internacional apoio o golpe na Bolívia, no Brasil, na Ucrânia e poderíamos citar centenas aqui. Mas acusar alguém de burguês e reacionário não basta para analisar o que está acontecendo na política. Novamente, nos deparamos com uma posição despolitizada do problema.

Essa posição da esquerda pequeno-burguesa a leva a uma aliança informal com o setor mais importante do imperialismo e justamente por ser o mais poderoso é o mais perigoso para os trabalhadores. A esquerda, ao invés de aplaudir as contradições da burguesia, quer dar mais poder ainda ao imperialismo para censurar e controlar a internet.

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