Nesta terça, 19 de junho, a segunda turma do Supremo Tribunal Federal deu início ao julgamento da senadora e presidente do PT Gleisi Hoffmann e de seu marido, o ex-ministro dos governos de Lula e Dilma, Paulo Bernardo, acusados de corrupção na Operação Lava-Jato.
A denúncia, apoiada nas delações do ex-diretor de abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Yousseff, é de que Hoffmann e Bernardo teriam usado R$1 milhão desviado de contratos da estatal na campanha que elegeu a senadora petista. Em troca, os petistas trabalhariam para manter Costa na Petrobrás e fazer vistas grossas na fiscalização de ilícitos na administração pública, dizem os delatores.
É o segundo caso da Lava Jato a ser julgado no STF. Chegou à corte suprema em 2015 pelas mãos de Rodrigo Janot e Teori Zavascki. O primeiro caso, condenado pela mesma segunda turma do STF, foi o do deputado federal Nelson Meurer (PP-PR), recebeu pena de quase 14 anos de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mais multa de R$265 mil. Boi de piranha. Hoffmann terá que pagar R$4 milhões em danos materiais e morais e perder o mandato, segundo o pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).
E não é, certamente, por acaso que a presidenta do PT está sendo julgada a essa altura dos acontecimentos. Com Lula na cadeia, Gleisi Hoffmann tornou-se seu porta-voz oficial, liderança no PT uma vez que o ex-presidente está preso. O cronograma do golpe de Estado colocado em movimento a partir da prisão de Lula impõe que seja assim.
Com Lula na preso desde abril e as eleições se aproximando, os golpistas buscam todas as maneiras para se impor em um momento crítico do golpe de Estado. A prisão de Lula, embora tenha criado condições para conduzir um processo eleitoral fraudulento de ponta a ponta, cria um problema. A ausência de Lula nas urnas precisa ser administrada, porque deixa evidente todos os sinais de fraude. E Gleisi Hoffmann, como porta-voz do ex-presidente, precisa ser atacada para que a direita enterre não só Lula como o eco de sua voz.
Se, como pensam os juízes, é hora de julgar Gleisi, a tempo de tirá-la do centro dos acontecimentos tendo Lula sido preso, chegará o momento em que outros serão igualmente acusados para que sejam afastados da vida pública. O tempo passa e se o golpe de Estado não for derrotado, chegará a hora das outras figuras políticas de proa do PT e para as lideranças do movimento operário e popular. Ninguém está a salvo do golpe. Por isso estão todos obrigados a lutar contra ele.
