Em seus discursos na protocolização do “superpedido” de impeachment de Jair Bolsonaro, os membros da direita mostraram que não estão fazendo nenhuma concessão à esquerda.
“Jamais estaria no mesmo fórum de debate da esquerda”, afirmou Kim Kataguiri (MBL). Joice Hasselmann (PSL) declarou que concorda em “meia coisa” com a esquerda.
Por que, mesmo dentro da frente ampla, esses setores marginais da direita insistem em dizer que não têm nada a ver com a esquerda? Porque estão em uma posição extremamente defensiva, sabem que estão sendo “fritados” por Bolsonaro e o serão ainda mais daqui para frente, ao peitarem, ainda que apenas publicamente, o presidente ilegítimo que ajudaram a eleger.
Em meio à briga interna dos golpistas – de um lado, a direita tradicional, de outro o bolsonarismo -, os bolsonaristas supostamente arrependidos são os que mais estão perdendo. Foram jogados para escanteio tanto por Bolsonaro como pela direita tradicional. Isso fica evidente se percebermos que os presidentes e os líderes de seus partidos (o PSL de Hasselmann, o DEM de Kataguiri e o PSDB de Alexandre Frota) não assinaram o “superpedido” de impeachment.
Esses setores estão acuados, foram arruinados politicamente por Bolsonaro. Se, por um lado, filho feio não tem pai, por outro ninguém quer ser filho de prostitutas políticas. Por isso deixam muito claro que, embora estejam atacando Bolsonaro, não têm nada a ver com a esquerda.
Por sua vez, a esquerda insiste em se vincular com tais criminosos fisiológicos, bolsonaristas de primeira hora, mas que, dependendo da conjuntura, poderão voltar humilhados para a proteção de Bolsonaro, traindo as ilusões da esquerda.
A esquerda está se aliando com espantalhos. Com lúmpens da direita, com marginais que ninguém quer. Muito menos o povo. O que os trabalhadores devem estar pensando ao lerem as notícias sobre a frente daqueles que dizem ser seus representantes (como PT, PSOL, PCdoB, PCB, PSTU, UP) com direitistas que derrubaram o governo da esquerda, ajudaram a prender Lula e elegeram Bolsonaro?
Os trabalhadores, que estão nas ruas, querendo a cabeça de Bolsonaro e de toda a direita, buscando derrubar Bolsonaro e o regime golpista através da mobilização popular de massas, nas ruas.
Tudo o que a esquerda conseguirá fazer com essa aliança obscena é desmoralizar o próprio movimento pelo Fora Bolsonaro. As direções pequeno-burguesas e frente-amplistas da esquerda podem até gostar de se abraçar com Alexandre Frota e Joice Hasselmann, mas o trabalhador quer distância dessa escória.
São altamente impopulares. Sempre quando o MBL aparece em alguma manifestação dos trabalhadores, ele é prontamente escorraçado. Ninguém quer o MBL junto consigo.
A esquerda não precisa da direita, ainda mais da direita marginalizada pela própria direita. A esquerda já tem o povo, melhor aliado do que esse não existe. É preciso abandonar qualquer crença em uma aliança com a direita falida para formar uma frente única com os trabalhadores e demais setores oprimidos. Uma frente que luta para derrubar Bolsonaro e toda a direita golpista. Que derrube o governo, os militares, a Globo, o PSDB, o MBL, Alexandre Frota, Joice Hasselmann e todos os ratos fascistas e golpistas.
