Dois dos partidos burgueses mais fisiológicos da política nacional anunciaram, na última quarta-feira (06), uma fusão, que dará origem, caso confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a um novo partido político burguês: o União Brasil, que já nasce com uma das maiores bancadas do Congresso Nacional.
Os partidos em questão são o Democratas (DEM), partido herdeiro da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido oficial da ditadura militar de 1964, e o Partido Social Liberal (PSL), sigla com pela qual Jair Bolsonaro chegou ao poder, como resultado da fraude eleitoral de 2018. O União Brasil nasce como um dos principais partidos do chamado centrão, bloco político venal no Congresso brasileiro. O papel deste setor é fazer com que as disputas entre diversos setores capitalistas e também o imperialismo não alcance grau de desestabilização do regime. São representantes de quem der mais e assim se resolvem as disputas. O União Brasil será um dos principais partidos desta extirpe.
Como partido do centrão, o União Brasil nasce expressando interesses aparentemente contraditórios, isso devido à dubiedade da política da burguesia. Embora o novo partido apresente-se como ponta de lança da terceira via, ACM Neto (DEM), ex-prefeito de Salvador, que será o secretário-geral do novo partido, afirmou que o partido pretende ter um candidato próprio às eleições de 2022 para fugir a polarização, e que conta já com possíveis nomes, como José Luiz Datena (PSL), Luiz Henrique Mandetta (DEM) dentre outros, assim como também pode abrir mão da candidatura e fechar questão com um nome mais competitivo.
Deixam em aberto tanto à terceira via quanto ao bolsonarismo a possibilidade de apoio, basta para isso ver quem terá mais cacife. E é preciso lembrar que esse partido já nasce como parte do governo Bolsonaro. Onyx Lorenzoni (DEM) é Ministro do Trabalho e da Previdência do governo Bolsonaro, votou contra a fusão e, ante o fato consumado, propôs que o partido já se comprometesse com o apoio a Bolsonaro nas próximas eleições, o que foi negado.
Outrossim, o novo partido, que somando as bancadas do DEM, com 28 deputados, e do PSL, com 54 deputados, totaliza 82 deputados, maior bancado do Congresso; além de 8 Senadores, 6 do DEM, incluindo o presidente da Casa, e 2 do PSL e 4 governadores, dois de cada sigla que se fundiram; se adapta à dubiedade da política da burguesia tradicional, que pretende emplacar um candidato neoliberal de sua estirpe e, em segundo plano, apoiar Bolsonaro, procurando conseguir o máximo de espaço dentro de um possível segundo mandato do atual presidente ilegítimo.
O União Brasil nasce sem nenhuma raiz, podendo pender tanto para a burguesia tradicional, quanto ao bolsonarismo e, seguindo bem a tradição do centrão, do qual se tornará o principal pilar, espera agora a oferta que definirá a ideologia que o partido professará no próximo período, mesmo que alguns que não se sentirem suficientemente contemplados ou que recebam ofertas individuais mais generosas, deixem a sigla de parte a parte, o que já é esperado.
O União Brasil é assim um golpe contra o povo para fortalecer seja a direita tradicional, seja o bolsonarismo.